Cap. 11

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E enquanto o mundo chega ao fim
Eu estarei aqui para segurar sua mão
Porque você é meu rei e eu sou o seu coração de leão

Of Monsters and Men – King and Lionheart

◈◇◈

Meu corpo parecia estar em chamas, tudo doía, ardia ou queimava. Grunhi com a dor e tentei me mexer mas uma mão me empurrou de volta.

Eu parecia estar em um sofá mas não sabia como havia ido parar ali. Não me lembrava de nada desde a maldita casa de espelhos. E aquela garotinha... Era a mesma com quem eu havia sonhado uns dias atrás, ela quem devia ser Abelle.

Estremeci com a lembrança daquelas crianças idênticas a bonecas me encarando como se fosse divertido me ver assustada, como se eu fosse um brinquedo.

Irônico, não? Eu teria rido se não estivesse morrendo com aquela dor infernal.

Droga, sempre comigo que essas coisas aconteciam. Eu devia ter sido muito horrível mesmo na minha vida passada.

Uma agitação percorreu meu corpo como um alarme, me lembrando do que eu tinha ido fazer naquele inferno dos reflexos. E pelo menos eu estava bem e viva mas... E quanto a Eliel?

– Meu irmão... – Murmurei e ouvi um suspiro aliviado.

– Eu tô aqui, Lis – Eliel respondeu e dei um sorriso sarcástico de quem tá bem puta da vida.

– Eu... Vou te matar, seu idiota.

– Você não tá em condições de matar nem à si mesma – meu irmão zombou e respirei fundo.

Eu realmente ia matar ele.

– O que aconteceu? Por que eu tô toda ferrada? – Perguntei e reconheci a risada exasperada de Henri.

– Eu acho que nós é quem deveríamos fazer as interrogações por aqui – ele disse e franzi as sobrancelhas.

Que merda era aquela? Aquelas duas pestes desapareciam do nada e eu é quem deveria ser interrogada? Ah, tá bom.

– Não. Não e não. Você e Eliel sumiram do nada e então quando resolvo ir atrás do animal que chamo de irmão sou atacada por um bando de crianças loucas e ainda sou obrigada a ser interrogada depois? Parem de ser problemáticos! Meu Deus, eu...

– Você disse que foi atacada por o quê? – Henri perguntou desconfiado e engoli em seco.

Parabéns, Marliss. Agora explique as merdas sem sentido que anda falando.

– Não é nada, eu só... Só trombei com um bando de crianças sem mãe que ficaram me perturbando.

– Lis, não mente sobre uma coisa dessas, pelo amor – Henri retrucou e respirei fundo, me esforçando para conseguir sentar.

Meu cotovelo direito ardeu e cerrei os olhos de dor, dando um gritinho em seguida quando tentei usar as mãos como apoio, elas pareciam dez vezes piores que todo o resto do corpo.

– Eu me machuquei, né? – Perguntei assim que consegui levantar e apoiar as costas no sofá, ainda tentando forçar meus olhos inchados a se abrirem.

– Muito – Henri respondeu como se fosse óbvio e xinguei baixinho.

– Querido, não quer ir brincar? Henri ainda tem alguns brinquedinhos que você poderia gostar – Dona Emy disse de seu jeitinho gentil ao mesmo tempo em que o cheiro de chocolate invadiu a sala e ouvi meu irmão suspirar.

– Entendi, conversa de gente grande – ele disse e eu ri.

– Não é não, não precisa ficar triste, eu tenho quase o seu tamanho e vou ficar aqui – zombei e Eliel deu uma risadinha falsa.

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