Capítulo 35 - Final

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Capítulo Final

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– Acredita em fantasmas, Xerife? – O policial mais velho perguntou dentro da viatura enquanto os dois seguiam para a delegacia logo após ter deixado o hospital.

O xerife apenas riu e meneou a cabeça sem dar qualquer resposta, analisando as anotações que Susan lhe dera enquanto o outro mantinha as mãos no volante e os olhos na estrada.

– Aquelas crianças estão mentindo – o mais velho voltou a falar e Adams pareceu finalmente dar alguma bola para a conversa do parceiro.

– Sim Joe, isto é óbvio, mas a história deles não deixa de ser possível e convincente – ele respondeu suspirando e o carro parou. – Por que está parando?

– Tem algo... alguma coisa estranha naquela casa – Joe disse torcendo para que Adams não desse risada da sua cara e, felizmente, não foi o caso. – Eu fui transferido para cá bem no meio de um caso, em 1963.

– O Caso Eveline Dunhill? – O Xerife lembrou visto que era o único caso marcante da época, pois fora as tragédias ocorridas na famosa casa de número 33 da Rua Sanchez, nada de muito grave acontecia na cidade. – Não tem nada demais, só o fato de que foi mais um dos vários casos naquela casa, só coincidência. A mulher foi a culpada pelo assassinato do marido.

– Não, não foi. Eu estava lá, eu fiz parte da equipe investigativa – Joe retrucou sentindo seu rosto suar, as gotas escorrendo pela sua barba grisalha. – E posso te dizer com certeza que a polícia às vezes pode ser podre, Xerife, podre a ponto de implantar provas contra uma inocente somente para ver a população calada e satisfeita.

– O que quer dizer?

– Nunca achamos prova alguma contra Eveline, mas as pessoas continuavam perguntando, levantando questões, a mídia estava em cima e a casa começou a chamar mais atenção do que deveria, mais do que o prefeito estava acostumado para gostar da situação.

– E você acha que tem fantasmas na casa que causaram tudo isso? – Adams indagou com deboche em sua voz, claramente descrente sobre as afirmações de Joe.

– Os casos são muitos parecidos, todos eles – Joe insistiu e bufou. – Uma família, geralmente com crianças, se muda para a casa, se passam algumas semanas e tudo sempre acaba da mesma forma: uma criança desaparecida ou um bebê abortado, alguém assassinado e alguém louco insistindo em falar das malditas bonecas.

– Que bonecas? – O Xerife perguntou parecendo finalmente se interessar por tudo, as sobrancelhas grossas franzidas denunciando a confusão e as dúvidas em sua mente.

– Eu sempre me pergunto como caralhos deixaram um desinformado como você tomar o cargo de Xerife – Joe zombou e o outro o xingou. – De qualquer forma, o primeiro proprietário da casa era um fabricante de bonecas, e por algum motivo todos que foram morar lá depois encontraram dezenas de bonecas estranhas no sótão, e sempre, em todos os casos, mencionaram essas bonecas de alguma forma.

– Você está delirando – Adams disse com convicção, perdendo todo o interesse que havia desenvolvido pela história. – E mesmo se estiver certo, toda a residência foi reduzida a cinzas Joe, não acho que isso vá ser de importância agora.

– Mortos não podem morrer – o mais velho murmurou, girando a chave na ignição e ligando mais uma vez o carro para voltarem à estrada.

– O que disse?

– Deixa pra lá, espero que você não precise descobrir da pior forma que eu na verdade não estou delirando nem um pouco.

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