Seis meses depois...
COMO DE COSTUME, Felippa Ventimiglia arrumou sua cama, como fazia todas as manhãs. Após, olhou as amigas, Eulalia e Clarissa. As três meninas viviam em um orfanato, no vilarejo italiano de Volterra. Suas amigas a encaravam com entusiasmo. Em poucos dias, ela completaria 18 anos e muitos tempo de amizade com elas, as quais considerava como irmãs.
- O que foi, meninas? - Felipa não entendia a expressão delas.
- Nós temos um presente para você! - Anunciou Eulalia, jogando os cabelos castanhos para trás.
- O que é? Estou muito curiosa! - Felippa endireitou-se ao lado delas, esperando que revelassem o que era a surpresa.
- Seu aniversário é em poucos dias e como sabemos que você terá que deixar o orfanato, queremos dar-lhe este presente para que você nunca nos esqueça. - Respondeu Clarissa, enquanto entregava uma pequena caixa vermelha para Felippa.
- Obrigada, garotas. Eu as amo tanto! Vocês não têm noção de quanto são importantes para mim. Obrigada por esses anos de companheirismo e parceria.
As três se abraçaram e Felippa abriu a caixa de presente e ficou emocionada ao ver o que tinha dentro. Ela abriu e viu um lindo colar dourado por dentro. O pingente tinha forma de coração e dentro dele, havia uma fotografia delas de quando eram crianças. A pequena fotografia foi tirada num dia em que brincavam no parquinho do orfanato, junto com outras crianças. Felippa começou a chorar, já que aquela fotografia significava muito para ela. Eulalia e Clarissa sempre foram suas melhores amigas.
- Muito obrigada. Eu amei o presente. Não poderia ter recebido algo mais especial. – Respondeu, emocionada.
Felippa tinha quase 18 anos e era a mais velha das três. Eulalia Allard tinha dezessete e Clarissa Acconci dezesseis. Elas chegaram àquele lugar há muitos anos, quando eram muito pequenas. Elnora Mancini, a diretora do orfanato, era uma mulher dura e rígida com as crianças que lá viviam. Ela administrava o local e pelo que se sabia, não era casada. Mas isso as crianças e adolescentes não se atreviam a pergunta. Através dela, Felippa soube como foi parar no orfanato, ou melhor, como foi abandonada lá.
Pelo seu relato, ela havia sido deixada por uma pessoa em uma noite chuvosa e muito escura, em meio a uma grande tempestade. Naquele dia, a campainha foi tocada e num cesto de palha, um bebê chorava alto envolta em muitos cobertores. Funcionários do orfanato contaram ter visto uma pessoa com uma capa escura, fugindo em meio às árvores e que desapareceu na escuridão. Com o bebê, havia sido deixado apenas um papel com o nome e sobrenome da menina.
Na cidade e na região, não havia pessoas com aquele sobrenome, o que fazia questionar-se quem seria aquela pessoa e qual o motivo para tal. Um de seus maiores desejos era descobrir pistas sobre seus pais ou sua família, se ainda estavam vivos ou mortos. Ter respostas sobre seu passado, o qual ela pensava diariamente. Completamente absorta em seus pensamentos, ela não percebeu quando Clarissa havia a chamado.
- Será que podemos descer e tomar nosso café da manhã, Felippa? - Clarissa a perguntou, com um sorriso.
- Sim, claro. Desculpem-me, eu estava pensando.
- Você sempre sonhando acordada! - Brincou Eulalia.
Elas desceram a escadaria do orfanato e chegaram ao refeitório do grande casarão, que foi construído há mais de cinquenta anos. As mesas estavam cheias de outros adolescentes, sendo que havia alas separadas para crianças e adolescentes no orfanato.
Como costumava fazer, Elnora chamava a atenção de todos a cada manhã e anunciava os que deveriam deixar o local em pouco tempo. Felippa sabia que estava quase chegando o dia em que teria de ir embora e isso a entristecia, por saber que ficaria longe de Clarissa e Eulalia. Mesmo assim, após se sentar com elas, escutou o que a diretora tinha a dizer.
- Buongiorno a todos. Esperam que todos estejam tendo uma boa semana. As adolescentes que têm que deixar o orfanato são Felippa, Damiana e Florabella. Você tem três semana para se ajustar e deixarem o espaço. Gostaria de dizer que foi ótimo cuidar de vocês todos esses anos e desejo todo o sucesso a vocês. Desejo a todos um bom café da manhã.
Felippa olhou para Eulalia e Clarissa. Um calafrio percorreu sua espinha, sabendo que tinha conversar com elas. Combinaram que conversariam mais tarde e tomaram calmamente o café da manhã. Cerca de vinte minutos depois, após saírem para o jardim, elas fizeram uma rodinha e iniciam a conversa.
- E então, o que fará após deixar o orfanato? - Perguntou Eulalia, preocupada com a amiga.
- Vocês sabem que eu tenho sonhos e aqui na cidade dificilmente conseguirei conquistá-los. - Explicava, enquanto sentavam em um banco. - Eu quero cursar Design de Moda e trabalhar em uma grande empresa em que eu possa desenvolver meu talento e paixão, que são as roupas.
- Você vai embora da cidade? - Clarissa a questionou.
- Sim. Eu pensei em ir a Milão. Fiz algumas pesquisas e lá há muitas oportunidades. Quero ser uma grande profissional.
- Vamos sentir sua falta. - Eulalia era sincera.
- Eu sei, mas vamos combinar, meninas. Eu não tenho futuro aqui. Também quero descobrir sobre meu passado, sobre meus pais. Vocês sabem como eu desejo isso.
- Nós a apoiaremos em qualquer coisa que decidir. Como vai se deslocar a Milão?
- Eu tenho uma reserva guardada, estou guardando há mais de oito meses com o que ganho da loja. Também pesquisei sobre apartamentos em Milão, eu posso alugar algo simples e assim que me ajeitar e arrumar um emprego, vou para um bairro melhor. Eu pesquisei tudo para eu poder ir para lá, transporte e sobre a universidade. Além disso, já reservei os bilhetes de trem até Bologna e em breve reservarei um hotel para que ficar assim que eu chegar lá.
- Você conseguirá tudo o que deseja. Sempre foi determinada e muito focada no que quis. - Encorajou Clarissa.
- Obrigada. O apoio de vocês é muito importante para essa nova fase da minha vida.
- Antes que você vá, o que acha de sairmos para comemorar seu aniversário naquele pub no centro? - Sugeriu Eulalia.
- Mas, como vamos fazer para deixarmos este lugar, se as regras não permitem? - Felippa perguntou, pensando na possibilidade.
Ela sempre fora a mais certinha das três, nunca fazia nada de errado. Se fugisse de lá, seria expulsa no outro dia! Felippa olhou para Clarissa, não acreditando no que a amiga havia proposto.
- Nós não podemos fazer isso! Elnora vai nos matar! Sabem como ela é rígida com todos nós.
- Obviamente, não iríamos de dia. Iríamos à noite, quando todos já estivessem recolhidos. Além disso, nós poderíamos usar aqueles vestidos que você nos presenteou, os quais colocou em prático seu talento com moda.
- Não sei é uma boa ideia, Clarissa. - Advertiu Eulalia.
- É claro que é, Eulalia! Precisamos apenas ser discretas. Ainda por cima, será a última vez em que faremos algo juntas.
Mesmo que estivessem correndo riscos, Felippa aceitou a loucura da amiga, que já havia ido duas ou três vezes no mesmo pub para dançar e se divertir. Se Felippa fosse expulsa, não haveria diferença, pois de qualquer forma, teria de ir embora. Queria realizar seus sonhos e deixaria Volterra para trás, seu emprego de meio período e suas amigas, mesmo que com elas, sentiria muita dor no peito.
- Tudo bem. Nós podemos ir, no entanto, teremos que ser cuidadosas para ninguém suspeitar. - Felippa advertiu em voz baixa.
- Nós seremos. - Garantiu Clarissa, feliz por ter convencido Felippa e Eulalia.
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A Amante Inocente - Série Apaixonados e Poderosos - Livro 1 (COMPLETO)
RomanceAtenção: livro não está revisado! Futuramente, passará por uma nova revisão e edição! "Homens poderosos, afetados por paixões arrebatadoras." Felippa Ventimiglia, criada em um orfanato italiano, sempre se questionou sobre suas origens. Com o apoio d...