FELIPPA ACORDOU COM os raios de sol passando pela janela alta. O sino para que os órfãos acordassem tocou e todas as garotas levantaram-se das camas. Ela, no entanto, despertou com lábios formigados. Com a higiene matinal feita, vestiu-se e desceu as escadas com Eulalia e Clarissa.
- Parece que alguém está com a cabeça nas nuvens. – Provocou Eulalia, com um sorriso irônico no rosto. Felippa virou em sua direção.
- Não estou com a cabeça nas nuvens. Estou perfeitamente bem.
- Não é o que parece. – Insistiu Clarissa.
- Estou dizendo, estou bem.
- Mas você está corada. Conhecemos você muito bem. Diga que se lembra do beijo e que isso a faz enrubescer. – Pediu.
- É verdade. Fiquei com esse beijo na cabeça.
- Se eu tivesse no seu lugar, pediria o telefone daquele gato! – Clarissa riu, jogando os cabelos ruivos para o lado.
- Ele era muito bonito. Talvez o homem mais bonito daquele lugar.
- Tem razão. Ele não parece ser da cidade. Ele disse de onde era? – Clarissa perguntou.
- Milão. Veio à cidade a negócios. Nunca mais vou vê-lo. Melhor esquecê-lo logo.
As duas amigas entenderam que o assunto estava encerrado e seguiram para o refeitório, onde as outras garotas serviam do café da manhã. Sentou-se com as amigas e tomaram café tranquilamente, conversando sobre as atividades do dia. Elnora Mancini as observava com uma expressão nada amigável. Isso significava que Elnora sabia da fuga das três na noite anterior. Felippa sabia que estavam encrencadas e isso não passaria limpo por Elnora.
Após observar que eles tinham tomado o café da manhã, Elnora se aproximou de Felippa perto do corredor principal.
- Na minha sala, em quinze minutos. – A voz era austera.
- Sim, senhora.
Elnora saiu e Eulalia sussurrou para Felippa:
- O que foi?
- Acho que fomos descobertas. Estamos enrascadas.
- Ela chamou apenas você? Ou a mim e Clarissa também?
- Apenas eu.
- Boa sorte. – Foi tudo que Eulalia pôde dizer.
Quinze minutos depois, Felippa seguiu para a coordenação da instituição. A passagem escura era ladeada por paredes de pedra, iluminadas por apenas duas janelas. Felippa nunca se metia em encrencas. Agora, tudo aquilo por insistência de Clarissa. A sala de Elnora era ali perto e Felippa bateu na pesada porta de madeira. Elnora abriu a porta e o rotineiro ar de austeridade a circundava.
- Entre e sente-se. – Elnora Mancini falou enquanto entrava no recinto e dava a volta em sua mesa. A sua sala era repleta de livros, inclusive atrás de onde ela se sentava.
Felippa nada disso e fez o que ela pediu. Suas mãos estavam trêmulas e o estômago se revirava.
- Vou ser direta, Felippa. Sabe como funcionam as regras aqui. Você já é maior de idade e deveria entender isso. Parece que não sabe que recentemente instalamos câmeras de segurança mais modernas aqui no orfanato, que têm sensores de calor. Instalamos principalmente na área externa.
- Não sei aonde quer chegar, coordenadora. – Na verdade, ela sabia. Mas queria que Elnora seguisse.
- Acontece que todos os dias observamos as filmagens e verificamos movimentações nos fundos da instituição ontem à noite. Já sabemos que você, Eulalia e Clarissa escaparam ontem à noite. Sabiam que a saída da instituição de noite é proibida. Como puderam fazer uma coisa dessas?
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A Amante Inocente - Série Apaixonados e Poderosos - Livro 1 (COMPLETO)
RomanceAtenção: livro não está revisado! Futuramente, passará por uma nova revisão e edição! "Homens poderosos, afetados por paixões arrebatadoras." Felippa Ventimiglia, criada em um orfanato italiano, sempre se questionou sobre suas origens. Com o apoio d...