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eu pesquisei seu nome no google. com o sobrenome que você herdou dos seus pais. com a letra trocada que colocaram quando foi registrada. com o excesso de enes. mas nenhuma pontinha de você. nenhum olho pequeno com a parte externa caída como se o mundo soubesse que você encontraria prazer na dor. nenhum sorriso amarelo de nicotina. nada. nada sobre quando você contrariou a física me puxando pra cima mesmo estando sem chão. ou sobre quando me atravessou com a sua luz sem me queimar. não havia nada explicando as vezes que você enxergou tudo à sua frente. menos eu. ou sobre as vezes que eu esqueci meu próprio nome mas ainda te reconhecia de longe pelo jeito de andar. você não era o rosto de nenhuma escritora. não havia a sua teoria de que casais que dormem de costas não estão implicitamente distantes. eles apenas não se sentem confortáveis respirando um no rosto do outro, você dizia (ainda quetenha deixado de dormir inspirando a minha expiração pouco antes de eu te ver partindo). o mais comum que eu pude encontrar entre você e aquelas pessoas foi que eu as desconhecia. acho que tampouco te reconheceria. eu nunca mais te vi depois que você virou aquela esquina dizendo que o amor deveria ser fácil. nem sempre ele seria, eu quis te dizer. mas você devia saber. não te pedir pra ficar foi a coisa mais difícil que eu já fiz. olha. você me reconheceria. a ferida ainda está inflamada. eu nunca tive coragem de colocar o dedo para limpar. e o tempo é cruel como um espinho debaixo da unha. eu espero você voltar. mesmo sabendo que não há caminho de volta. eu pesquisei seu nome no google e procurei seu sorriso amarelo. mas eu nem sei se você ainda fuma.

-Textos cruéis demais para serem lidos rapidamente

Entre Linhas E Reticências (...)Onde histórias criam vida. Descubra agora