A vida de Hannah

Capítulo I - A Casa

Olá papai! - Falei descendo a escada de casa, tropeçando duas vezes no meu próprio pé, como sempre. Sorte que segurei o corrimão, mas já estou acostumada.

Assim que desci as escadas dei um beijo e abraço de bom dia nele.

-Olá minha filha! - respondeu o pai mais amoroso que existe no mundo inteiro... Eu o amo mais que tudo! Notei que ele está falando com alguém no telefone de um jeito descontraído, então deve ser algum colega... Algum colega de trabalho, pois ele está falando sobre medicina. Ha ainda não contei? Meu pai é médico, cirurgião plástico, e cardíaco, e eu o admiro muito, muito mesmo!

Fui para a sala de jantar, notei que a mesa já está posta, e então fui para a mesa e me sentei, logo depois de me sentar, vi minha mãe se sentando, e logo depois a minha irmã também se sentou ao lado da minha mãe do outro lado da mesa à minha frente.

Às vezes me vem uns pensamentos tão estranhos, penso que não tem como eu ter saído de uma mãe tão diferente de mim, mas claro que vim dela... Só penso que sou tão diferente dela... Não só da minha mãe, mas da minha irmã também, ela é tão diferente de mim fisicamente... E comportamentalmente também... Ela é loira e linda, e líder de torcida e popular, e eu... Uma nerd... Ninguém sabe que existo... E olhe para mim... Com 14 anos no ensino médio... Sim... Sou uma aluna prodígio... E isso ao contrário do que acham... Não é uma coisa bizarra... Ainda mais porque quero ser neurocirurgia... Já li tudo sobre...

E inclusive vou trabalhar no hospital do meu pai... Sim... É isso mesmo, meu pai tem um hospital no centro da cidade, o hospital Evans... Um hospital de renome... Os melhores médicos e cirurgiões trabalham lá, e um dia trabalharei lá também...

-Bom dia Hannah! - Falou a Celina, minha ex-babá e agora governanta da casa... E praticamente minha mãe de criação... Já que a minha mãe biológica só tinha tempo para duas coisas:

Um: Fazer cirurgias plásticas... Deve ser por isso que se casou com meu pai... Assim faria quantas plásticas quisesse sem precisar pagar nada...

Dois: Mimar minha irmã... E se esquecendo de que também sou filha dela...

-Bom dia Celina! - falei abraçando-a forte... Ela como foi a minha babá por tantos anos... Conhece-me como ninguém... Eu a amo tanto... E ela confessou o mesmo para mim... Sempre falou que me considerava como se fosse à filha dela que perdeu no parto.
Às vezes dá para perceber que a minha mãe e minha irmã a odeiam... Não entendo por que... E meu pai também não entende... Pois já perguntei a ele e ele sempre diz que não entende, e muda de assunto logo.

- Celina... Hoje chegarei mais tarde em casa ok? - Avisei a ela, me lembrando dos meus afazeres de hoje... Tenho tantas coisas para fazer hoje...

- Ok... Mas por que!? - perguntou Celina curiosa com a expressão serena. Olhei para minha mãe e para a minha irmã... Não ligaram para o que eu falei... Acho que nunca me acostumarei com essa arrogância delas e falta de interesse em mim. Elas estão falando sobre o trabalho de modelo da Isabella, minha irmã... E sim... Isabella é modelo também... E infelizmente minha irmã.

- Vou comprar mais livros de medicina - Falei sorrindo para a Celina...

- Já terminou de ler aqueles três livros que te dei de presente de aniversário?! - perguntou Celina incrédula, com os olhos arregalados...

- Bom... Já... E amei o Livro Das Especialidades Médicas e

- Bom... Espero que Celina não tenha mudado a sua ideia de ser uma Neurocirurgia... - Meu pai falou me interrompendo e chegando de fininho na sala de jantar com um sorriso...

- Não pai! Não mudei de ideia... - Falei e ri... Dando um beijinho em meu pai.

Peguei o cereal e coloquei na tigela, joguei um pouco de leite e peguei uma colher, comecei a comer... Olhei para o relógio de pulso e ainda falta meia hora para eu pegar o carro e ir para a escola. Já estou arrumada, coloquei uma calça jeans e uma blusa branca, só falta buscar a minha mochila.