Larguei o telefone me virando para Maurício e Luiza, ao mesmo tempo em que terminei de ler o papel... Ela está me ouvindo, eu sei que está... Provavelmente está no telefone da sala de estar, ou no escritório do meu pai, ela sabe que ele não gosta que alguém entre lá. Mas o que importa agora é que ela está ouvindo toda a conversa. Não posso falar nada, se falar algo que comprometa ela, Celina pagará por isso, e agora sei do que minha mãe é capaz. Posei minhas mãos no rosto e comecei a chorar, soluçando, como dói essa sensação de poder falar, mas ao mesmo tempo não posso. Eu poderia acabar com esse inferno agora mesmo... Mas não posso.
Logo Maurício, com um olhar triste, veio ao meu encontro e me abraçou, e isso foi tudo para me reconfortar, Luiza pegou o telefone e começou a falar com meu pai, mas logo passou o telefone para mim.
– Ele quer falar contigo... – Falou Luiza me entregado o telefone.
– Minha filha... Por que estás chorando? – Perguntou meu pai do outro lado da linha com a voz tristonha e chorei ainda mais – Filha? Está com dor?! – Insistiu meu pai, sem entender.
– Estou bem... Estou com saudades... – Simplesmente falei, não é uma mentira, pois estou com muita saudade dele.
– Hannah... Desculpa por não estar aí... – Falou meu pai e chorei ainda mais lembrando-me do que aconteceu ainda há pouco. Ele não pode se sentir culpado, tenho que desligar o telefone – Então minha filha, liguei agora, pois tenho que te falar, que não vou voltar hoje para casa, tenho uma cirurgia de urgência para fazer no exterior, e eu sou obrigado a ir, voltarei amanhã a tarde, ok? – O que? Não. Pensei entrando em pânico. Comecei a ter dificuldade para respirar, meu coração começou a bater rápido demais. Pelo visto esse inferno não vai acabar. E se eu falar tudo agora? Mas Celina está lá com a minha mãe... A que ponto chegamos.
– Ok – Simplesmente falei. Não posso obriga-lo a desistir da cirurgia. Não vou fazer isso.
– Então tá, muito obrigado Hannah. Muito obrigado por me entender. Te amo filha... E que bom que está melhor. Te levarei algum presente.
– Ok... – Falei e desliguei o telefone para ele não perceber o medo que estou, posei o telefone calmamente na mesa, olhei para o teto e logo depois olhei para a mesa. E comecei a expor a minha raiva, gritando, batendo na mesa com a minha própria mão, chutando a mesa com toda a força, jogando o telefone e tudo o que está em cima da mesa contra a parede. Maurício me abraçou me segurando.
– Me larga – Pedi chorando e parando de resistir.
– O que aconteceu? – Perguntou Mau curioso. Ainda me segurando.
– Meu pai... Não vai voltar para casa. – Falei com raiva, não dele, mas sim do destino maldito. Maurício me soltou. – Ele tem uma cirurgia para fazer.
– Sinto muito... – Falou Maurício com a cabeça baixa.
Respirei fundo. Fui em direção à cadeira que eu estava sentada antes, e me sentei, jogando minha cabeça para frente. Coloquei minhas mãos na cabeça e novamente comecei a chorar. Senti as mãos de Maurício massagear as minhas costas.
Minha mãe deve estar se divertindo com isso. Ela terá muito tempo para poder me matar. E agora? O que irei fazer? Ela vai me matar.
– Você tem a gente Hannah! Nunca te abandonaremos... – Luiza falou, com sua doce voz de sempre.
Levantei a cabeça olhando para os dois.
– Obrigada! – Agradeci, respirei fundo – O que vamos fazer? – Perguntei sem ideia alguma.
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A vida de Hannah
Novela JuvenilUma adolescente que sabe o que quer, mas não sabe o que a família é. Uma mãe maldosa, uma irmã que odeia a outra. Um novo colégio, um novo amor, mas como sempre o bullyng com a Hannah nada de novo... Mas o final do livro será tudo novo e misterioso...