Domingo chegou. Finalmente!
Acordei cedo (milagrosamente), mas fico deitada na cama, olhando para o teto.
Pego o celular, vejo a hora e ainda são 06:35am. Olho para a mesinha que fica ao lado da minha cama e vejo meu fone de ouvido. Pego ele e começo a escutar músicas aleatórias.
Fechei meus olhos e comecei a imaginar em um mundo totalmente diferente do que vivemos. Um mundo onde todos eram felizes. Onde qualquer lugar que você fosse, existisse paz, pessoas que amam de verdade, sorrisos verdadeiro que expressam felicidade. Felicidade... Nunca senti isso de verdade. Ou pelo menos, se senti, já faz muito tempo. Talvez quando eu era criança. Sim... Quando eu era criança, tudo era diferente. Pelo menos na minha cabeça. Eu não precisava me preocupar com muitas coisas. Apenas em ser criança. Brincar, correr, pular, cair e me levantar, aprender a andar de bicicleta (era meu maior sonho), comer, ir pra escola desenhar e dormir. Essa era minha vida. E tudo para mim, naquele tempo, era perfeito!
Eu não era igual às outras crianças. Não gostava de tudo que uma criança normal, costumava gostar. Mas para mim, ser quem eu era, fazia toda a diferença. Enquanto todas as meninas sonhavam em ter uma "barbie", meu sonho era ganhar uma bicicleta (ou pelo menos aprender a andar em uma). Eu achava lindo quem sabia andar de bicicleta. Era a coisa mais irada pra mim, andar de bicicleta. Para as outras pessoas (crianças) isso era só uma bobagem, principalmente para a minha idade (6 anos). Eu ouvi várias vezes pessoas dizerem que eu não iria conseguir, mas eu não me importava. Eu só queria aprender a andar de bicicleta, e eu não ia desistir do que eu mais queria. Mas meus pais naquele tempo não tinham condições de comprar uma bicicleta para mim, mas eu não desanimei. Minha vizinha tinha uma, e eu sempre chamava ela pra brincar de "motociclista". Mas a minha intenção mesmo era aprender a andar na bicicleta dela (haha).Passou-se algum tempo, e eu continuei a querer andar de bicicleta, até que eu parei e disse: eu vou andar nessa bicicleta, e não vai demorar.
Foi então que eu subi na bicicleta e comecei a tentar pedalar sem perder o equilíbrio. No começo pareceu algo impossível, mas eu não queria desistir. Caí na primeira vez, na segunda, na terceira, na quarta, na quinta,... Passei a tarde inteira tentando aprender a andar naquela bicicleta, e nada. Minha mãe me chamou, e então, eu fui. Meus joelhos, braços, pernas, estavam todos ralados, mas eu sabia que fazia parte do processo, e que eu não podia desistir.
Passou-se alguns dias e eu continuei a tentar, até que certo dia, eu consegui manter o equilíbrio por mais tempo, e dá algumas pedalas sem cair. Minha felicidade foi tanta, que acabei caindo. Mas eu não estava nem aí. Eu tinha conseguido! Eu fiquei tão feliz... Queria contar para todos que tinha "aprendido" a andar de bicicleta. Fui correndo para casa pra contar para minha mãe. Ela sorriu, e mandou eu ir tomar banho.Nesse tempo, eu e minha irmã éramos unidas. Tínhamos nossas diferenças, ela gostava de coisas que eu não gostava, mas mesmo assim, brincávamos juntas. Dormíamos juntas, cantávamos juntas, corríamos juntas,... Éramos inseparáveis. Como nascemos na mesma data, só que em anos diferentes, fazíamos também nossos aniversários juntas. Até de gêmeas nos chamávamos. Mas aí, como ela é mais velha, as coisas para ela começaram a mudar. Fomos nos afastando aos poucos, até que chegou um dia, que ela não queria mais minha presença perto dela. Ela já era "mocinha" e eu ainda era criança. Mas para mim, aquilo não importava. Eu queria continuar a brincar com ela, correr, cair de bicicleta. Mas ela não podia mais. Sua mente começou a mudar, e eu comecei a me tornar alguém irritante. Ela não me queria mais por perto, então, eu resolvi me afastar de vez. Muito triste, mas me afastei.
Eu fui crescendo e percebendo que já não éramos mais as mesmas. Não éramos mais unidas. Mal nos falávamos. Nos separamos completamente, e hoje, somos o que somos. Irmãs de sangue, porém...
Minha mãe também mudou muito. Quando eu era criança, eu recebia muito carinho dela e de meu pai. Mas o tempo foi passando, e, as coisas mudaram. Ela não tinha mais paciência para falar comigo, não me dava mais carinho, nada. Eu queria ter ela como minha melhor amiga. Contar todos os meus sonhos, planos. Contar o que aconteceu na escola. Aprender com ela tudo o que eu queria saber. Mas nada foi assim. E eu, fui só guardando as coisas para mim. Me sufocando com meus próprios pensamentos.
Quando me "apaixonei" pela primeira vez por um garotinho da minha escola, eu não tinha para quem contar (na verdade, tinha a Bianca. Mas ela não era boa com essas coisas), eu queria saber o que era aquele "sentimento", e eu queria que minha mãe me ajudasse, mas, isso não aconteceu. Eu me machuquei, e a cada dia que passava, as coisas só pioravam.
Senti uma lágrima caindo dos meus olhos, e quando percebi, eu já estava chorando há muito tempo. Fechei meus olhos por alguns segundos, respirei fundo, e acabei dormindo novamente.
...
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O verdadeiro Amor
Não FicçãoVocê conhece o verdadeiro amor? Então venha saber o que Anna teve que passar para encontrar o verdadeiro amor.