Capítulo 20

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Depois daquele sonho assustador, do qual eu não consegui me lembrar, eu acabei dormindo outra vez. 

Num sono profundo e durou a noite/madrugada toda sem eu me espantar ou me assustar com algum barulho, ou algo do tipo. 

A chuva continuou, e foi o barulho das gotas caindo que me fez dormir novamente. 

Eu consegui descansar. 

Quando durmo, é o único momento em que não penso em minha inútil vida. 

A única coisa boa dessa vida, é dormir. 

Não que eu seja folgada... Mas, o sono faz passar tudo de ruim que acontece durante o dia. 

(Isso quando não tenho pesadelos). 

De vez em quando acontece, e... eu fico com muito medo.

Minha mente parece se transformar em meu pior inimigo. 

Fecho os olhos e as vozes me perturbam. 

Elas me lembram que eu sou infeliz. 

Elas dizem que eu não vou conseguir. 

E eu... Eu acredito. 

Eu sei que é verdade.

Eu sei que jamais vou conseguir viver bem.

Jamais terei uma vida feliz igual a das outras pessoas. 

Jamais! 

...


Acordo com o barulho do despertador. 

Olho no relógio e são 06:30am. 

Fico deitada olhando para a janela de vidro observando as gotas de água deslizarem pela janela. 

(Suspiro). 

Sento na cama, calço minhas pantufas, vou até o espelho que tem na porta de correr do meu guarda-roupa e me olho no espelho. Fico parada por alguns minutos me analisando dos pés à cabeça. 

Fecho os olhos, suspiro, pego minha toalha e vou para o banheiro. 

Tomo um banho bem quentinho, saio do banheiro, enxugo os pés e coloco minhas pantufas de novo. 

(Amo elas).

Vou até o guarda-roupa, pego meu jeans e meu uniforme e visto. 

Coloco um moletom preto bem grande por cima do uniforme escrito "1990", amarro meu cabelo num rabo de cavalo, coloco uma bandana preta, e coloco meu óculos. 

Desço as escadas e vou até a cozinha. 

Chegando lá, vejo meu pai, minha mãe, David e Stefanny sentados já tomando café. 

Todos estão calados. Aparentam estarem um pouco triste. 

Eu deveria perguntar o que aconteceu?

Acho melhor não. 

Nunca se importam quando eu estou mal. 

Sento-me na mesa junto à eles. Todos me olham, mas não falam nada. 

Começo a comer em silêncio, olhando apenas para a minha refeição. 

Termino de comer e me levanto da mesa. 

Paulo- Filha? 

Anna- Oi - Digo me virando. 

Paulo- Bom dia. 

Assinto. 

Paulo- Já vai pra escola? 

Anna- Sim. 

Paulo- A chuva pode ficar mais forte. Quer que eu te leve? 

Eles estão estranhos.

Anna- Pode ser. - Digo e vou para a sala. 

Subo as escadas, vou até meu quarto, pego minha mochila e desço as escadas.

Quando chego no último degrau, vejo meu pai sentado na sala me esperando. 

Paulo- Vamos? - Ele diz se levantando. 

Anna- Você não vai levar a Stefanny? 

Paulo- Ela vai com o David.

Anna- Hm. - Digo me aproximando. - Então vamos. 

Ele abre a porta e vamos até a garagem. 

Ele entra no carro, destrava a porta e eu entro também. 

Saímos da garagem e ele foi em direção à escola. 

Paulo- É... Filha? 

Olho para ele. 

Paulo- Está tudo bem na escola? 

Anna- Uhum...  

Paulo- Que bom. 

Ele não disse ou perguntou mais nada. 

Chegamos na escola em 10 minutos porquê o trânsito estava um pouco ruim. 

Saio do carro sem falar com ele e ele vai embora. 

Estava chuviscando. Entrei na escola correndo. 

Passei pelo porteiro que me deu bom dia mas eu ignorei. 

Cheguei na sala de aula e vi Matheus, Nicholas, Juliana e Alice sentados um perto do outro. 

Sentei um pouco distante deles e Juliana veio falar comigo. 

Juliana- Anninha? 

Olho para ela que senta numa cadeira vazia na minha frente. 

Juliana- Tá tudo bem? 

Anna- Uhum. 

Juliana- Por que não senta perto da gente? 

Anna- Não a fim de conversar. 

Juliana- Não precisa conversar. Só queremos te fazer companhia. 

Anna- Não precisa. Eu estou bem. 

Juliana- Anna... 

Anna- Não precisa. Já falei! - Digo grosseiramente.

Juliana- Ok. - Ela sai um pouco triste. 

Não queria ser grossa com ela, mas estou sem paciência. 

O professor chega e a aula começa. 

Professor- Bom dia, turma. 

Passei a aula toda distraída. Olhando para o teto. 

Estava muito frio na sala de aula. Abaixei a cabeça e lá fiquei. Pensando. 

Bateu o horário do intervalo e quando eu estava me levantando para sair da sala, Matheus aparece. 

Matheus- Anna? 

Olho para ele. 

Matheus- Podemos conversar? 

Anna- Não tô a fim. 

Matheus- Anna, o que houve? 

Anna- Nada. Eu só quero conversar, não entende? Que saco! - Digo e saio da sala. 

Vou até o refeitório, compro duas pizzas na cantina e refrigerante. 

Sento na última mesa que só tem lugar para duas pessoas e começo a comer. 

Fico olhando para a grande parede de vidro ao meu lado, e observando as árvores, as flores, o jardim, os pássaros em seus ninhos. Todos bem juntinhos. 

Abaixo a cabeça e alguém pega em meu ombro. 

Xxx- Anna? 

Ah, que saco! Não posso mais ficar sozinha não? 

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