Capítulo 22

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Heloísa

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Heloísa

— Nossa Ester, como você demorou!

— Me desculpa Helô, um dos computadores da central resolveu parar do nada. Tive que resolver o problema antes de sair.

— Sei. Quem mandou ser tão boa no que faz, sempre chamam você. Mas me conte, como está hoje, hein? Estou me sentindo culpada por não ter voltado ontem para te fazer companhia.

— Haaa, não esquenta. Você me conhece, nunca me apeguei a homem nenhum a ponto de ficar chorando em casa por eles. O Jorge ligou umas vinte vezes e foi ignorado com sucesso em todas elas. Por fim mandou uma mensagem informando que estava no aeroporto, à espera de um voo para Atenas.

— Sério? Eles já foram? Então Bernardo falou a verdade.

— Não sei o que o deus grego te falou irmã, mas a essa hora o cachorrinho já está bem longe daqui. E tomara que só volte aqui quando estiver com a vida dele resolvida.

— Mas me conta, o que aquela perdição aprontou para mantê-la por lá até agora? Estava tão determinada a ficar um pouco longe dele, pelo visto sua raiva passou rapidinho, não é? Pelo menos ele te fez entender toda a bagunça que os envolvem?

— Sim, ele me explicou sim. Parece que a louca da ex atira para todos os lados, nem o Carson escapou de suas investidas.

— Mais gente, Carson não é tão amigo dele quanto o traste do meu namorado? — Ester referiu-se ao Jorge como "MEU NAMORADO" e nem percebeu, o que me faz acreditar que o lance entre eles está longe de acabar.

— É sim, e acredite se quiser, ao contrário do seu " NAMORADO" — Falei enfatizando a palavra e fazendo aspas com os dedos. — Carson se manteve fiel ao amigo que estava ausente. Aquela mulher é perigosa, Ester. Tomara que suma e nunca mais dê as caras por aqui.

— Deus te ouça, Helô. Quero distância daqueles dois. E o namorado saiu por força do hábito, sinto tanta raiva daquele Grego neste momento, que poderia dar-lhe uma surra de olhos fechados. — Sorrio com vontade ao ver o tamanho do bico que ela faz ao falar, Ester estava com raiva, mas não havia mágoa em seus olhos.

— Se você está dizendo...vamos esperar até que ele volte, para ver se sua raiva permanecerá.

— Bernardo disse que ele vai voltar? — Perguntou-me antes mesmo que eu acabasse de fechar a minha boca.

— Não, ele não disse. Mas Jorge está envolvido com a unidade do Arcádia em Hollywood, lembra? Em breve será inaugurada, e com certeza o Bernardo vai querer ele por lá.

— Huuum, sei. E você vai com o grego gostosão? — Neste momento estou gargalhando. — Por que está rindo, Heloísa? Não falei nada engraçado, você deveria ficar brava por me ouvir chamar teu homem de gostosão, isso sim.

— Ai Ester, me perdoe, mas está escrito na sua cara que você não vê a hora de ter o seu próprio grego gostosão outra vez em sua cama. E eu jamais vou ficar brava com você, Bernardo é mesmo uma delícia de homem e é só meu, irmã. Pode olhar à vontade. — Ela sorri também, toca minha mão que está sobre a mesa e me encara.

— Não sabe o quanto estou feliz por vê-la assim tão bem, Helô. Acho que enfim, as sombras que nos atormentavam estão sendo dispersadas pelo vento que trouxe o Bernardo para a sua vida.

— Obrigada irmãzinha, estou muito bem sim. Mas devo muito a você, que esteve sempre ao meu lado me apoiando e me ajudando a caminhar. Passamos por maus bocados, não é?

— Sim, passamos, mas agora estamos em paz.

— Será? Sabe aquele carro que você viu rondando próximo ao condomínio?

— Sim, o que tem ele?

— Não sei se é paranoia da minha cabeça, mas acho que o vi também. Pode não ser o mesmo carro, e pode ser um outro carro qualquer, mas senti um frio na espinha quando o avistei lá parado. Ele tinha os vidros todos escuros, o que me impossibilitou de ver a cara do motorista.

— Heloísa, me diz que anotou a placa do tal carro. Quando o vi, além de estar em movimento, já virava a esquina. Não consegui ver os números e anotá-los.

— Não, não anotei. Fiquei tão apreensiva que entrei o mais rápido possível e não me lembrei desse detalhe. Por favor, não comente nada com o Bernardo. Ele queria me levar para o seu apartamento antes, imagina agora, se ficar sabendo disto. E nós nem sabemos realmente se é o que estamos pensando.

— Eu não vou falar nada, mas hoje mesmo vou providenciar um sistema de segurança com câmeras para monitorarmos o movimento daquela rua. Farei tudo por minha conta, o síndico só vai ficar sabendo depois que estiver tudo pronto. Não temos tempo para toda aquela burocracia de votação e consulta aos moradores.

— Obrigada, Ester, tomara que estejamos erradas. Sinto calafrios só de pensar em...

— Shiiii...Não ouse terminar essa frase, porque não vai acontecer. Tomaremos cuidado, vai ficar tudo bem.

— Tomara que sim.

A hora passou voando. É impressionante como o tempo é pouco quando se está com pessoas que amamos. A companhia de Ester me faz muito bem, amo conversar com ela. Mesmo ela estando chateada com tudo o que aconteceu durante a passagem do furacarão chamado Tamisa por aqui, tem palavras que me tranquilizam e me acalmam. Nossa conecção é muito boa, e eu sei que podemos contar uma com a outra sempre.

Almoçamos em um clima muito bom, deixamos de lado nossos temores e não falamos mais em nossos gregos também. Pedimos suco de maracujá para nós duas e estava uma delícia. Não porque precisávamos nos acalmar, mas porque temos o gosto em comum pela fruta. Adoramos maracujá.

Um par de horas depois, Ester atravessou a rua entrando no prédio da BK, e eu, retirei o celular da bolsa para chamar um Uber. Tenho o aplicativo instalado a um bom tempo e acho bem mais seguro que andar de táxi. Uma brisa fria soprou meus cabelos, senti o corpo arrepiar. O sinal do meu quatro G não estava colaborando, e a conexão caía a todo momento. Enfim, um carro parou próximo a mim. Olhei para o aplicativo na tentativa de ver os dados do carro que eu havia pedido, e mais uma vez a mensagem " buscando sinal" aparecia na tela.

— Boa tarde, senhora.

— Boa tarde, e....

— Valter.

O motorista identificou-se como Valter já abrindo a porta do carona para mim, como não tinha conecção naquele momento, não dava para conferir. Entrei. Mais uma vez aquela sensação estranha me dominou, pensei em descer e esperar um pouco mais. Mas o carro colocou-se em movimento, guardei o celular na bolsa e falei ao Valter.

— Eu vou para...

— Sei para onde vai, senhora.

Naquele momento estávamos parados em um semáforo, a porta ao meu lado abriu-se de repente e um homem pulou para dentro. Gritei com o susto.

— Ei, quem é você? Isso não é um táxi, sou a passageira aqui e não pretendo dividir a viagem. Valter, faça alguma coisa. — Tentava agir normalmente, mas o sorriso sarcástico no rosto do homem me dizia que minha intuição estava certa. Havia algo de muito errado. Olhei para o retrovisor e o mesmo sorriso no rosto do Valter. Eu definitivamente caí em mãos erradas, logo pensei em Antônio.

— Quem são vocês? O que querem comigo?

— Nós? Não queremos nada boneca. — Falou o sujeito ao meu lado.

— Apague-a! —Desespero me dominou e tentei abrir a porta ao meu lado mesmo com o carro em movimento. Mas estava trancada. Um pano foi pressionado em minhas narinas,enquanto uma mão grande e robusta forçava minha cabeça contra ele. Apaguei .   

Um devasso nos meus sonhos ( REPOSTANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora