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Ester

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Ester

Algumas amizades são como um achado raro da natureza, um diamante bruto que nos permite sentir todo o prazer de lapidá-lo, dia após dia, na medida em que convivemos com uma determinada pessoa. Assim foi com a Heloísa.

Encontrei a Helô em uma fase crítica de sua vida. Ao fechar os meus olhos, ainda posso ver a imagem da garota magra, assustada e molhada pela chuva fina que caía naquela noite. Em um canto escuro, ela tentava se esconder. Me encantei com sua beleza, que só não era maior que a tristeza contida em seu olhar. Não pensei duas vezes, fechei o guarda-chuva e me aproximei devagar para não a assustar ainda mais, estendi a minha mão em sua direção e só recebi um olhar desconfiado.

- Oi! Meu nome é Ester. - Ela continuava lá, parada me olhando.

- Eu posso te ajudar, só precisa me dar a sua mão e vir comigo.

- Foi ele quem te mandou aqui, você trabalha para ele, não é? Por favor, não me entregue. Não quero voltar. Prefiro a morte a ter que voltar para aquela casa. Não quero voltar para as mãos do Antônio.

- Não querida, quem é Antônio? - Ela me olhava desconfiada e se encolhia cada vez mais. - Seja quem for esse homem, eu não o conheço e nem estou a mando de ninguém. Olha só, eu moro a um quarteirão daqui, bem ali naquele prédio. Por que não vamos até lá, eu faço um chá bem quente para espantarmos toda essa friagem enquanto você me conta um pouquinho do que aconteceu, hein? O que me diz?

Ela estava relutante, mas acabou aceitando.

- Heloísa. Meu nome é Heloísa. - Ela finalmente pegou a mão que eu estendia para ela novamente e levantou-se para me acompanhar e seguimos juntas para o meu apartamento, o mesmo que moramos até hoje.

Minha amiga estava totalmente quebrada, fiz tudo o que foi preciso para ajudá-la a se reerguer. Desde acompanhá-la ás consultas médicas, a psicoterapia e principalmente nas crises de pânico que sempre apareciam durante a noite. Eu sempre estava lá. Nunca fui capaz de deixá-la sozinha, sua fragilidade durante as crises me despertava aquele lado maternal que toda mulher diz ter. Mesmo sendo mais nova que ela. Heloísa reagiu muito bem ao tratamento. Nos tornamos não só amigas, mas verdadeiras irmãs.

A empresa para a qual eu prestava serviços estava com uma vaga de recepcionista em aberto, como a Heloísa tinha uma ótima aparência e ainda falava muito bem, indiquei ela diretamente para o diretor com quem eu tinha uma certa amizade. Em menos de uma semana ela foi contratada e em quatro meses promovida a secretária executiva dele. Isso me deixou muito orgulhosa, pois ela fez por merecer o cargo.

Heloísa não se relacionou com nenhum outro homem depois que fugiu da casa de Antônio, o louco que a ameaçou e fez com que ela se casasse com ele contra a sua vontade. Antônio a escravizou sexualmente, fez dela uma submissa sem nenhuma opção de escolha, e a expôs a tudo o que ele gostava. Seus atos, segundo os relatos da Helô, eram extremamente violentos. Ela passou por toda essa situação sozinha, sem ter para quem e nem para onde correr pois, seu único parente vivo é um irmão mais velho que desapareceu anos antes sem deixar rastro.

Naquela noite em que a encontrei, ela havia chegado ao seu limite. Antônio tinha pegado pesado demais ao colocá-la de joelhos sobre uma cadeira deixando seu corpo suspenso por uma corda amarrada ás suas mãos. Ele a surrou e a violentou várias vezes alternando essas duas ações. Seus atos foram demais para a pobre da Heloísa. Nem tanto pela violência física, pois a esta seu corpo já estava começando a se acostumar, mas pela psicológica. Sem falar na humilhação á que ela foi exposta. Isso a deixou destruída, e serviu de incentivo para encorajá-la a deixar aquele lugar, aquela vida e aquele monstro para trás.

Ao saber com detalhes de tudo o que ela passou nas mãos dele, jurei defendê-la para sempre. E se algum engraçadinho se metesse a machão e tentasse machucá-la novamente, eu estaria pronta para entrar na briga por ela. Agora, depois de muito tempo fechada para relacionamentos, minha amiga/irmã finalmente tomou coragem e aventurou-se em um encontro ás escuras, e para piorar tudo, eu fui a pessoa a encoraja-la a aceitar. Já me arrependi e não me perdoo por isso. Fui dez vezes a lua e voltei quando recebi aquela ligação do tal Bernardo me informando que ela está no hospital, ferida de alguma forma. Mas ele que se prepare, pois se tocou um só dedo nela com violência, vai se arrepender de ter pisado em solo brasileiro. Eu vou acabar com a raça dele, por mais bonito, sexy e extremamente gostoso ele me pareça. Minha amiga não merece sofrer por mais nada e nem por ninguém, e eu estou aqui para garantir que isso não aconteça.

*************

Bom dia meus amores!

E aí, gostaram da Ester? Ela promete infernizar muito a vida do nosso Bernardo caso ele tenha sido mal com a Heloísa. O que será que vai rolar nesse encontro, hein?

Bom, até sexta feira.

Beijos devassos.

Um devasso nos meus sonhos ( REPOSTANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora