Capítulo 23.2

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Ester

Meu telefone esteve à tarde toda em minha mesa, várias ligações e mensagens do Jorge que ignorei como tenho feito todos os dias. Por muitas vezes fiquei tentada a atender, confesso. Mas ainda estou muito magoada com tudo o que aconteceu. Não só por aquela mulher ter aparecido, mas por ele ter omitido um fato tão importante. Eu entenderia que seu caso estava inacabado, só não me entregaria entrando de cabeça em uma relação depois de tanto tempo sozinha. Meu coração me traiu, e acabei apaixonada pelo Deus lindo Grego dois.

Sim, tão lindo quanto o Bernardo, Heloísa é uma mulher de sorte. Acho que ele é a recompensa que o destino enviou por todo o mal que ela sofreu como escrava sexual daquele filho da Put* do ex dela. Só de pensar naquele traste, sinto calafrios por todo o meu corpo.

A tela acende mais uma vez e é o Bernardo. Atendo no mesmo instante, pois, ele nunca me liga. Sempre nos falamos pessoalmente no apartamento e assim é melhor para eu poder provocá-lo. Aprendi a gostar dele, mas o convencido não precisa saber disso. Ao ouvi-lo perguntar por Helô, uma pulguinha começa a me incomodar. Lembro-me brevemente do comentário que ela fez sobre o tal carro preto e fico ainda mais preocupada. Não quero acreditar que algum mal tenha lhe acontecido, e muito menos que Antônio possa estar envolvido. Tento ligar para ela várias vezes, não tenho sucesso em nenhuma delas. Pego o elevador e subo até o andar da diretoria, talvez ela tenha passado por lá para ver as meninas e tratar sobre seu retorno ao trabalho. Sei que ela só tem mais algumas semanas de licença.

— Oi Brenda, boa tarde!

— Olá Ester, ótima tarde para você também. Estava com saudades, você só vem até aqui se alguma máquina dá problema, caso contrário, nunca aparece.

— Eu também sinto vontade de conversar mais com vocês aqui de cima, mas tenho andado bem sobrecarregada. Na verdade, eu já estou indo para casa, só passei para saber se a Heloísa esteve por aqui hoje. Não estou conseguindo falar com ela.

— Não Ester, estou mesmo precisando vê-la. Mas por aqui ela não apareceu.

— Ok Brenda, grata.

— Não fique preocupada, querida. O celular deve ter ficado sem bateria e ela não percebeu. Acontece sempre comigo, quando vejo, tem váaaaarias ligações e mensagens. - Rimos juntas, eu, sem humor algum.

— É verdade, os aparelhos evoluíram muito, mas nada é perfeito. Um dos principais problemas que não conseguiram resolver na maioria deles, é uma bateria com capacidade suficiente que suporte todos os inúmeros aplicativos que ficam logados vinte e quatro horas na internet.

— Nem me fale, as vezes quero jogar o meu contra a parede. — Rimos mais com seu comentário.

— Brenda, foi bom te ver, mas eu preciso ir. Venho qualquer dia desses no horário de nosso intervalo para tomarmos um café juntas e colocarmos o papo em dia.

— Vou esperar, fale com a Helô que mandei um beijo, e que estou ansiosa por sua volta. Estou ralando muito aqui sem ela para ajudar.

— Eu falo sim. Tchau Brenda!

— Tchau Ester.

Me despedi e saí de lá com o coração apertado, não queria acreditar, mas pressentia que tinha alguma coisa errada. Nós duas nunca ficamos incomunicáveis, sempre cuidamos uma da outra e é por isso que vou direto para casa.

Junto minhas coisas jogando a mochila nas costas e saio sem sequer me despedir de ninguém do meu setor. Quando subo em minha Suzuki e viro a chave, o ronco do motor soa forte acelerando meu coração. Tenho pressa de chegar, portanto, acelero o mais rápido que posso saindo do estacionamento.

Um devasso nos meus sonhos ( REPOSTANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora