* Capítulo 8 *

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Acordei com o sol a bater-me na cara, porque raio não fechei as cortinas? Abri um olho para ver se havia movimento no quarto, mas tudo parecia sossegado. Sentei-me, enrolada no lençol e nem sinal do outro. Será que já foi embora? Levantei-me e fui tomar um duche. Aproveitei e coloquei a música bem alta no meu telemóvel para relaxar um pouco. Após vinte minutos debaixo de água, enrolei-me na toalha e sai da casa de banho.
- O que é que ainda fazes aqui? – voltei rapidamente para o wc e fechei a porta
- Estás com vergonha? Já te vi sem essa toalha, Kika – respondeu o João e não evitei soltar um sorriso
- São situações diferentes
- São? Não vejo a onde, mas ok – abri um pouco a porta, colocando a cabeça de fora e lá estava aquele moreno deitado na cama
- Podes-me chegar a roupa, por favor?
- Tens a certeza?
- Sim, fico mais confortável com ela – levantou-se, chegou-me a roupa e eu vesti-me rapidamente, não se vá ele lembrar de entrar aqui – pronto assim já estou melhor – sai do wc
- Preferia como te vi nesta cama esta noite – piscou-me o olho
- Estúpido – atirei-lhe a toalha que lhe acertou em cheio na cara
- Essa doeu
- Temos pena – sentei-me no cadeirão para calçar as sandálias
- Trouxe o pequeno-almoço para os dois – apontando para o tabuleiro recheado de coisas boas que estava pousado em cima da cama
- Não devias ter feito isso
- Porque? Não gostas?
- Não é isso, simplesmente isto é tudo muito estranho para mim
- O que?
- Tu e eu aqui, com este pequeno-almoço que tem ótimo aspeto – virei costas e olhei pela janela – isto não devia ter acontecido
- Juro que não estou a entender, Francisca – tocou-me de forma a que eu me virasse para ele – estás arrependida de teres ido para a cama comigo? Sou assim tão mau naquilo que faço?
- Não é nada disso, até te safas – rimo-nos – só que – afastei-me e sentei-me na cama – eu nunca tomo o pequeno-almoço com os rapazes com que durmo, eles nunca me viram de toalha, eles nunca me fizeram rir na manhã seguinte – baixei a cabeça
- Isso significa que eu não sou com os outros, é bom sinal – olhei para ele, sorri de imediato, ele aproximou-se de mim, baixando-se ficando ao nível dos meus olhos – eu sou o João Pedro Salazar da Graça, não sou melhor nem pior que os outros, mas uma coisa sei não quero ser igual a eles, entendes? – definitivamente isto estava a ser estranho para mim
- Acho que entendo o que queres dizer – olhei para o tabuleiro e voltei a olhar para ele – vamos comer? – acenou que sim, deitamo-nos na cama lado a lado e comemos.
Quando terminamos, fomos dar um passeio pela ilha, almoçamos no hotel e depois apanhos a lança de regresso à cidade para irmos ter com os nossos amigos. Ele levou-me ao hotel onde estava hospedada.
- Estás entregue – disse ele
- Obrigada por teres alinhado comigo – dei-lhe um beijo na bochecha
- Voltava a faze-lo – deu-me um beijo na bochecha, sorri e virei costas – Kika, espera – olhei para ele – empresta-me o teu telemóvel
- Para que?
- Emprestas ou não? – tirei-o da carteira, dei-lhe – agora já me podes contactar – devolveu-me o telefone
- Quem te disse que eu queria? – fiz-lhe careta, virei costas e entrei no hotel

Perdidos no MomentoOnde histórias criam vida. Descubra agora