* Capítulo 12 *

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Após o almoço, decidimos ir todos para a praia que ficava a cinco minutos a pé da casa da Cris. Apesar de ela ter piscina em casa, a praia tem mais espaço e os rapazes podiam jogar à bola em paz, primeira coisa que fizeram quando chegamos ao areal. Eu, Benedita e Cristiana deitámo-nos para aproveitar os últimos raios de sol pois o verão está a ir embora. Os rapazes decidiram fazer um pequeno jogo de futebol entre eles, dois contra dois, João e Filipe contra Bruno e Pedro – este ultimo veio ter connosco à praia – e nós meninas estávamos a apreciar o jogo.

- Então como ficaram as coisas entre ti e o Salazar? – perguntou a Beni

- Somos amigos, já disse – o Graça marca golo e aponta para mim fazendo-me sorrir

- São tão amigos que te dedica golos – comentou a Cris dando-me uma cotovelada

- Porque é que vocês não aceitam que nós somos só amigos? – questionei bufando

- Porque somos tuas amigas, queremos que sejas feliz e vemos que ele do teu lado te faz bem – respondeu a Benedita – revirei os olhos, levantei-me

- Vamos dar um mergulho?

- És péssima a mudar de assunto, sabias? – a Beni estende a mão para a ajudar a levantar, depois foi a vez da Cristiana

- Meninos, vamos à água querem vir? – perguntou a Cris

- Sim – responderam em coro, pegaram na bola, deixaram as coisas em cima das nossas toalhas e fomos os sete para a água.

Passamos bastante tempo dentro do mar entre guerras, brincadeiras, saltos acrobáticos por parte dos rapazes, conversas e risadas, voltamos para as toalhas. O Filipe e Benedita deitaram-se bem agarrados e a Cristiana e o Bruno também. Eu e o João ainda olhamos um para o outro com intenção de fazer o mesmo, mas depois lembramo-nos que o Pedro não ia a ficar a fazer de vela então sentamo-nos os três a conversar.

- Já sabes se continuas no Porto? – questionou o Pedro

- Ainda não, sabes que já tenho idade para jogar na LigaNos – respondeu o Salazar

- Podes ficar mais um ano na B não podes?

- Sim, depende das necessidades da equipa

- E tu o que queres? – perguntei

- Eu quero continuar no meu porto como é óbvio, mas também quero dar o salto

- Então é isso que tens que dizer ao teu clubeco

- Clubeco? Estou a sentir moura na área? – interrogou o outro moreno

- No, o meu coração é do Barcelona apesar de eu não ligar nada a futebol

- Porque Barcelona?

- Os meus avós paternos são de lá, cresci a ouvi-lo falar tão bem daquele clube e até sou sócia

- Então temos que ir ver um jogo ao CampNou – sugeriu o João

- Isso seria fantástico, ia voltar a ver os meus avós, a minha família – sorri – não os vejo há mais de três anos

- A sério? Então tens que lá ir – disse o Pedro

- Vamos todos, tenho quartos para todos

- Vamos a onde? – perguntou o Bruno

- Tu tens ouvidos de tísico

- Estão bem limpinhos, mas vamos onde mesmo?

- Barcelona – respondeu o Graça

- Para tua casa? – questionou a Cris, acenei que sim – adoro, sabes que adoro os cozinhados da tua avó.

- Aquela paella, só de pensar dá água na boca – respondi

- Em falar em água, vamos a mais um mergulho? – perguntou o Pipo enquanto se levantava

Fomos todos novamente para o mar e foi mais um momento de muita diversão. Quando voltamos para a toalha, o João deu-me sinal que queria falar comigo e sentamo-nos lado a lado na areia junto ao mar

- Não vês os teus avós desde aquele episódio? – perguntou ele

- Sim, costumava lá ir todos os verões com os meus irmãos e nesse ano recusei-me a ir. Ainda inventei uma desculpa, mas eles conhecem-me demasiado bem e não acreditaram

- Como reagiram?

- Nada bem, o meu avô só sabia dizer que ia matar aquele gajo com as próprias mãos e isso deixou-me de rastos. Não queria o meu abuelo morto por causa de um palhaço daqueles. O meu pai lá os convenceu a não virem – ele colocou o braço direito à volta dos meus ombros, empurrando o meu corpo contra o dele, deu-me um beijo na nuca, fazendo-me sorrir

- E porque não foste lá nos outros anos?

- Vergonha de os encarar – senti a lágrima a escorrer pelo rosto

- Sabes que não devias, não sabes? – acenei que sim – aposto que eles te adoram, que te iam tratar da melhor forma e devem estar a morrer de saudades tuas

- Eu estou a morrer de saudades deles – as lágrimas começaram a intensificar, ele abraçou-me com força enquanto tentava com a mão esquerda limpar a minha cara

- Não gosto nada de te ver assim

- Desculpa

- Desculpa de quê? És tão totó – começou a fazer-me cocegas, eu repostei, mas em vão.

Acabamos deitamos na areia, um por cima do outro, ficamos alguns minutos só a olhar um para o outro sem dizer nada, sorri, ele preparava-se para me dar um beijo mas fui mais rápida a dar-lhe um beijo na bochecha e empurrei-o para a areia.

- Vamos dar um mergulho? – acenou que sim

Os nossos amigos vieram ter connosco, voltamos para a toalha e ficamos até à hora do jantar na praia. 

Perdidos no MomentoOnde histórias criam vida. Descubra agora