Voltei à duas semanas da Colômbia, durante este tempo já fui uns dias para o Algarve com a minha família, como é habitual todos os anos e tenho estado com as minhas amigas. Desde que voltei a Portugal, não me enrolei com nenhum rapaz. As minhas babys dizem que vim traumatizada daquele episódio em Barranquilla, que estou com medo que volte acontecer e acho que em parte têm razão. Hoje vamos para casa da Cristiana em Mindelo, vamos passar lá o fim-de-semana.
- Benedita, quem vai lá estar? – perguntei enquanto íamos de viagem no meu carro
- O pessoal do costume
- Isso inclui o outro?
- O João? Ele vai
- Dammit
- Ainda em guerra com ele?
- Não é isso
- Então?
- Nada, esquece
- Agora vais contar, Maria Francisca – olhei de lado para ela e revirei os olhos – escusas de bufar
- Eu conto, mas promete que não te ris
- Vou tentar
- Promete senão contínuo calada
- Prometo que não me rio – contei tudo e ela começou as gargalhadas
- Benedita!!!! – bufei
- Desculpa amiga, mas teve a sua piada. Primeiro odiavas, depois torna-se o teu salvador e acabam na mesma cama
- Vai ser super constrangedor
- Só é se tu não agires normalmente
- Eu ajo como se nada passasse, mas aposto que ele vai cobrar por eu nunca lhe ter mandado uma mensagem, nunca mais lhe ter dito nada
- Se ele te respeitar não vai fazer isso, não sofras por antecipação
- Vou tentar – continuamos a conversar durante o resto da viagem.
Estacionei o carro mesmo em frente a casa da Cris, tiramos as malas, tocamos à campainha e rapidamente nos abriram a porta. Como já era perto da hora de jantar, as ladies foram para a cozinha preparar tudo enquanto que os rapazes ficaram na sala a jogar PlayStation. Jantamos, conversamos com muita palhaçada à mistura, bebemos uns copitos, arrumamos tudo e fizemos uns jogos.
- Fiquei à espera de uma mensagem tua – sussurrou o João ao meu ouvido, sentando-se ao meu lado o que me fez pegar no copo e bebi de penalti
- Sabes que não sou de fazer isso
- Então deixa-me fazer eu esse papel – piscou o olho
- João, eu não sou boa em manter relações. Já devias ter reparado que o meu círculo de amigos é muito pequeno – apontei para o pessoal à volta da mesa
- Eu quero pertencer a esse círculo – corei – escusas de corar, o que te disse naquele quarto foi verdadeiro. Não quero ser como os outros
- Não sei se vais gostar, eu tenho um feitio difícil - olhei-o nos olhos - Sou impulsiva, digo o que penso sem filtros, sou crazy, sou muito fria, odeio tudo o que seja cliché, não sei expressar o que sinto verdadeiramente.
- Também não sou perfeito – soltei uma gargalhada
- Ninguém o é
- Então podemos tentar ser amigos? – estendeu a mão
- Podemos – apertei a mão dele
Passamos mais um bocado a conversar, o Bruno teve mais uma ideia para uns jogos onde envolvia o álcool, jogamos cartas e ainda pensamos ir ver um filme, mas já estávamos todos cansados. O João levou-me até ao quarto e quando ia embora deu-me um beijo.