P.O.V Lucas
Seria errado se eu estivesse cansado? Cansado de sofrer, de ver ela desacordada a tanto tempo, sem saber quando irá acordar. Seria errado se eu quisesse desistir de tudo, desse mundo, das pessoas, dela... Para assim acalmar meu coração?
Hoje não irei trabalhar, preciso de um tempo para mim. Pretendo ir dá uma volta de skate - na verdade várias - depois almoçar e por último ir passar a noite com a minha princesa.
Me levantei e fui logo tomar meu banho quente; assim que sai do banheiro vesti uma cueca box preta, uma das minhas inúmeras calças pretas e meu suéter preto, já que o vinho eu coloquei para lavar, peguei meu all star também preto e fui procurar meu querido skate.
Não o encontrei em lugar algum, a não ser que a Lih o tenha pegado. Dito e feito, o Carlos estava debaixo da cama dela - Carlos é o nome carinhoso que a Lih deu ao meu skate em homenagem a um amigo boliviano dela e da Alasca - Estou com tanta saudade daquela danada, da risada dela, do cheiro de seus cabelos, do corpinho frágil e pequeno que ela tanto escondia de mim.
Hoje entendo o motivo dela sempre vestir calças e blusas de manga comprida após noites chorando no cantinho do quarto. Lhe peguei uma vez se cortando, ela ficou em choque quando me viu e claro que eu também fiquei, depois daquele dia ela se cortou mais umas três vezes nos braços e pernas, na quarta vez eu a encontrei caida no banheiro e agora estou aqui sofrendo com tudo o que aconteceu.
Não suportarei mais uma perda...
Peguei o Carlos e fui andar pelas várias ruas do bairro. Almocei em um restaurante perto do hospital e logo depois segui para ver meu anjo.
Ela estava da mesma maneira que a deixei ontem, quietinha, segundo as enfermeiras ela só "saiu" da cama para ser banhada - como todos os dias - me sinto acabado por não poder fazer nada para ajuda-lá. Por que não sou eu no lugar da Lih?
***
Passei o restante da noite e o início da madrugada no hospital, avisei a equipe que estava cuidando da Lilith que eu iria em casa descansar um pouco e depois retornaria para fazer companhia a ela.
Chorei como nunca havia chorado antes, nem mesmo na época da minha internação eu fiquei tão destruído. Junto com a saúde da minha pequena se foi a minha sanidade, estou me perdendo dentro do meu próprio corpo, mas estou tentando lutar por nós dois, só não sei por quanto tempo conseguirei suportar essa dor.
***
Assim que entrei em casa fui tomar um banho quente e demorado, saindo do banheiro somente no momento em que meus dedos começaram a se enrugar.
Coloquei apenas uma cueca cinza da Calvin Klein que a Lih me deu - segundo ela homens que usam cuecas desta marca ficam mais atraentes - além de que ela tem um fetiche safado de retirar uma Calvin com os dentes do homem com quem ela perderá a virgindade. Meu Deus essa garota/mulher me deixa louco até em pensamentos.
Entrei no quarto dela, foi como um choque contra o tempo, assim que passei pela porta o cheiro do perfume dela se tornou presente, era como se eu a tivesse nos meus longos braços, toquei a sua roupa de cama - toda preta - minha Lih adora a cor preta, já eu prefiro o azul. Algumas lágrimas se tornaram presentes, deixei as lembranças de Lih invadirem os meus pensamentos, ela correndo de mim, a deliciosa risada que somente ela tem, a cinturinha dela, até mesmo de como ela se contorcia toda quando eu pegava na sua cintura, a maciez e o cheiro do cabelo dela, ela por inteira faz uma tremenda falta nesta casa, na minha vida.
Fui buscar uma bermuda no meu quarto e logo meu celular começou a tocar. Quem poderia ser a esta hora da madrugada?
• Ligação on •
- Alô!?
- Sr. Lucas? - uma voz masculina respondeu com outra pergunta.
- Sim, sou eu. Quem está falando?
- Eu sou Brian, enfermeiro chefe do hospital.
- Oh! Sim. Aconteceu alguma coisa com a Lih? - perguntei já preocupado.
- Acho melhor você voltar para o hospital agora mesmo e tirar suas próprias conclusões sobre ela, mas não demore. - este não demore me deixou com o coração na mão.
- Estou indo neste momento. - respondi encerrando a ligação logo em seguida.
• Ligação off •
O desespero se tornou presente, corri, me troquei e segui para o hospital. Assim que cheguei dei de cara com a equipe médica que estava cuidando de Lilith.
- Lucas, venha conosco! - estas foram as únicas palavras ditas por Brian.
Chegamos no quarto de Lih, a porta estava fechada, o silêncio presente era assustador, meu coração estava descontrolado, meu corpo tremia e o medo me corrompeu, as lágrimas desceram pelos meus olhos ferozmente.
- Abra a porta Senhor! - disse uma enfermeira se referindo a mim.
- Eu não consigo. Não sei se estou pronto para perdê-lá. - percebi que todos ali se entreolharam e fizeram uma cara de pena misturada com tristeza.
- Abra a porta, Lucas. - Brian falou com um tom de voz baixo, porém, bem firme.
Tomei coragem e toquei a maçaneta da porta entre soluços. Quando consegui ver Lilith naquela cama, não fui capaz de me controlar. Meu corpo desabou na frente de todos, deixei tudo o que tentei guardar durante todo esse tempo que ela permaneceu neste hospital sair de dentro de mim.
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Dinder: The other side of life
Ficção Adolescente"Me desculpa por ter ficado tanto tempo longe, durante esse período aconteceram muitas coisas na minha vida - se é que posso chamar isso de vida. Mas agora estou de volta e pretendo contar tudo o que está ocorrendo com o máximo de frequência possíve...