06 - Nós somos o que somos

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  Você não sabe o que te espera

Mas você sabe para que está aqui

Feche seus olhos, deite-se ao meu lado

Segure firme para esse passeio 

06 - Nós somos o que somos

Quando as portas do elevador se abriram, tudo o que Rowan queria era uma banho quente e tentar tirar o sorriso idiota que parecia ter petrificado no seu rosto.

Ninguém lhe avisou que beijos na chuva tinham esse efeito, como se tivesse flutuando para longe da sua forma física, para um lugar apenas de sensações.

No entanto, não fora a ideia do banho e roupas quentes que conseguiram arrancar seu sorriso, e sim o volume alto de música que vinha do seu apartamento, sobrepondo até mesmo o barulho de chuva forte e o som de raios partindo o céu ao meio.

Por um momento em pânico, ela achou que Cece e Rami tivessem dando uma festa, mas então ouviu gargalhadas e a voz desafinada da amiga, cantando I Want To Break Free.

Girando a chave na fechadura, e parando na soleira, a cena que se seguiu, foi uma das coisas mais engraças que já havia visto.

Rami usava uma peruca preta velha e camiseta em um tom de rosa pálido; Cece estava com uma calça de couro apertada e um sutiã bege, o cabelo escuro penteado para trás, parecia ter colocado um pote inteiro de gel ali. Ela segurava uma espátula de bolo na mão, e ele, o controle da tv.

Os dois estavam em pé em cima da mesa da cozinha, as luzes todas apagadas, exceto as das lanternas dos celulares.

Eles moviam-se em passos lentos, de um lado para outro, ao ritmo da música. De repente, eles ergueram as mãos com os celulares para o alto, e trouxeram a espátula e o controle para perto da boca, bem na parte que Freedie Mercury cantava:

It's strange but it's true. I can't get over the way you love me like you do, but I have to be sure. When I walk out that door, oh, how I want to be free, baby, oh, how I want to be free. — Cece e Rami acompanhavam, desafinando em cada linha da letra. Os olhos estavam fechados em pura concentração, enquanto esperavam o próximo trecho. — But life still goes on. I can't get used to, living without, living without. Living without you by my side. (...) So baby can't you see, I've got to break free. I've got to break free. I want to break free, yeah. I want, I want, I want, I want to break free.

Quando a música acabou, Rowan jogou a chave no aparador e começou a bater palmas, chamando a atenção dois.

— Bem, pelo menos vocês não quebraram nada. — Ela enrolou o cabelo molhado em um coque, a roupa grudada no corpo. — Que tal nós voltarmos mais um pouquinho no tempo e vocês cantam Summer Nights. Odessa iria adorar isso. Aliás — apontou para as roupas de Rami e Cece —, a festa de Halloween é só no mês que vem.

A mexicana e o grego estavam em choque, estáticos em cima da mesa, olhos esbugalhados, um rubor espalhando-se por ambas as faces.

Cece foi a primeira a se recuperar, jogando os cabelos escuros para trás, a coluna ereta.

— Não conte para a O que estávamos ouvindo a playlist "Queen 80". Ela vai ficar se gabando disso por semanas.

A morena desceu da mesa, buscando a sua blusa que estava jogada no chão.

Rowan tirou os sapatos, e colocou a bolsa na extremidade do sofá, nada de jogada no chão ou no meio do apartamento.

Sabia que tinha o olhar de Cece em seu rosto, e o de Rami também, embora ele ainda estive em cima da mesa, a peruca quase caindo, mostrando seu cabelo loiro.

Dreimal in MünchenOnde histórias criam vida. Descubra agora