11 - Londres tem as respostas - PARTE 1

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 A cada vez que você me magoa, menos eu choro

A cada vez que você me deixa

Mais rápido essas lágrimas secam

E a cada vez que você sai andando, menos eu te amo

Querida, não temos a menor chance, é triste, mas é verdade

Jupp Heynckes estava olhando o jogador sentado à sua frente, em um silêncio mortal.

Joshua estava com os olhos fechados, mas podia apostar que aquela era a posição do técnico: mãos na cintura, olhos exprimidos, a testa franzida e os cabelos brancos para cima. No entanto, não podia encarar o técnico e deixar com que visse em seus olhos a verdade, que sua cabeça estava em qualquer lugar, menos no jogo.

Havia muitas coisas que ele não podia fazer naquele momento, como por exemplo, abandonar um jogo, porque a dor dentro de si, fazia com que respirar fosse mais difícil que qualquer outra coisa.

Dramático, mas sincero.

— Como você está? — o ex-jogador perguntou, a voz impassível.

Joshua não tinha aberto os olhos, e sabia que não era apenas o treinador que o olhava no entanto, mas também os outros jogadores.

Durante o primeiro tempo contra o Hannover, havia sido quase um massacre para cima dele. Tinha perdido a conta de quantas entradas havia sofrido ou de como o juiz só podia ser louco. E tudo o que Kimmich queria era alguém que pudesse ajuda-lo com aquele dor profundamente enraizada no peito.

— Bem — respondeu para o treinador, e a mentira saiu fácil, deslizando entre os lábios.

Alguém bufou ao seu lado e ele abriu os olhos, a cabeça pesando.

— Você acha que nós somos idiotas, huh? — Thomas perguntou, quase com raiva. — Você mal falou com a gente nesses dois dias, não atende as ligações e sua cabeça parece estar em qualquer lugar do espaço, menos aqui. O que está acontecendo, Joshua?

Ele levantou do banco, e vestiu a camiseta novamente.

— Você tem certeza que quer casar, Thomas? Tem certeza que Dalla ama você e não esconde nada? Quer mesmo passar o resto da sua vida com alguém que pode te machucar, te decepcionar e mentir com um sorriso no rosto ou lágrimas falsas?

O vestiário inteiro estava em silêncio.

Joshua nem piscou os olhos quando terminou de falar, mas se arrependeu rapidamente das palavras.

— Cara... — Mats falou, se aproximando, encarando ele e o outro jogador, um olhar meio assustado com as suas palavras.

Thomas o olhou confuso, não entendendo nada.

— Você não é assim. Você não quis dizer isso. O que aconteceu?

Ele suspirou, abrindo a boca para falar, mas não precisou.

— Eu preciso saber se você pode jogar o próximo tempo? — Heynckes perguntou, colocando a mão no seu ombro, sério. — Se você não puder, me diga agora, porque eu preciso de todos os meus jogadores focados na vitória. Seja o que estiver acontecendo, esqueça por agora, Kimmich.

Balançando a cabeça, ele olhou para o treinador, juntando força dentro de si.

— Eu posso jogar — falou, decidido, sentindo o olhar de todo mundo, mas ignorou.

E por mais 45 minutos, esqueceu.

Mas no momento que o apito soou, tudo voltou a doer.

***

Dreimal in MünchenOnde histórias criam vida. Descubra agora