Érestha -Castelo de Cristal [LIVRO 4]

XXIV -Dave

Um ou dois dias de descanço já seriam suficientes, mas nem isso ele conseguia ter. Deitar-se no sofá, jogar video-games com Nicolle e Rick ou até lavar as louças da mãe era o bastante para relaxar a mente do menino. Porém, parecia que Dave nunca teria essa paz enquanto Thaila fosse rainha. Nicolle e Argia pioravam a cada minuto que passavam fora de Érestha, e Rick ficava desesperado, pedindo ajuda ao irmão sempre que elas tossiam ou sentiam-se cansadas. As poucas horas que passou na casa de tia Madalena com a família poderiam ter durado para sempre, mas o comunicador de vidro piscou sua luz roxa para chama-lo bem na hora da sobremesa. Ele já estaria curioso se Thaila aparecesse para conversar com ele na projeção do pequeno objeto de cristal. Mas não fora o rosto da rainha que ele vira quando atendeu à chamada. Era Riley Weis e o enorme Livro da Rainha.

-Eu consegui, Dave –o menino falou, balançando o livro na projeção.

Essas palavras bastaram. Um arrepio percorreu a espnha de Dave e uma gota de suor nervosa escorreu por sua testa. Os sons ao seu redor diminuiram de frequência e os olhos de seu melhor amigo projetados a sua frente era tudo o que Dave era capaz de assimilar. Os olhos verdes de Argia piscaram, agitados, e a menina pôs-se de pé. Rick coçou as palmas da mão e Lorena e Madalena trocaram olhares de curiosidade. Até Maria agitou-se, esfregando a pedra vermelha em seu colar inconscientemente. Riley desligou assim que viu Dave se levantando. O representante da rainha olhou para a mãe e abraçou-a.

-Volto logo –ele disse.

-Por que não vem com a gente? –Rick sugeriu.

Dave tinha esquecido de que o irmão também era uma pessoa importante no reino agora, e que a presença de Argia seria altamente requisitada. Estava preparando-se para despedir-se do menino e calar sua boca quando começasse a fazer perguntas. Maria beijou a testa dos filhos e sorriu, ainda sem soltar seu colar. Mata-Touro estava no bolso de trás do menino dos olhos azuis, onde sempre ficava. Os Weis achavam loucura ele carregar a espada por todos os lados, mas assim sentia-se preparado, seguro. Ele alcançou a outra metade da pedra e esperou sentir as carícias de sua mãe. Não sentiu nada mais do que um rubi gelado e desapontou-se.

-Não tenho o que fazer no castelo de sua rainha –Maria falou. –Eu espero por vocês, meus filhos. Sempre.

O sorriso dela aqueceu o coração de Dave, e ele e o irmão ganharam mais um beijo. Madalena, Lorena e a pequena Mariana despediram-se e disseram que queriam saber de tudo o mais rápido possível. Dave tentou ignorar esse comentário e foi o primeiro a sair do apartamento. O coração dele estava acelerando-se a cada segundo que estava longe de sua rainha. Ele usou a passagem para a província de Elói e seguiu até a província da rainha por lá. Rick caminhava na mesma velocidade em que as perguntas jorravam de sua boca. O menino perguntava sobre passado, presente e futuro, e Dave não podia acreditar em sua criatividade. Queria saber sobre Reginald, sobre Thaís, sobre Thaila e sobre o próprio irmão mais velho. Em contraste, Argia estava quieta, respirando forte e caminhando a passos largos para acompanhar os meninos. Os minutos que levaram para atingir seu destino final pareceram horas. O livro da rainha devia estar pesando nas mãos de Riley naquele momento.

Aos portões, dois guardas de armadura esperavam por eles. Deram uma olhada rápida nos adolescentes e puxaram o ferro o suficiente para que eles passassem. Uma vez pisando sob a grama de sua rainha, Dave correu. Argia não pareceu feliz e ter que acompanha-lo, enquanto Rick usou o rítmo dos pés de metronomo para suas perguntas infinitas. As portas de vidro esperavam abertas pelos três. O menino Gabriel, fiel ajudante da rainha quando Dave não estava presente, e fiel ajudante de Dave quando este estava muito ocupado, apontou para a esquerda e disse um simples "biblioteca" para os que corriam. Dave jogou-se contra as portas da última sala daquele andar e tropeçou ao descobrir que já estavam abertas. Thaila fechou e trancou-os ali dentro imediatamente.