Camélias deixavam a elfa calma. A textura macia e escorregadia de suas pételas era hipinotizante para os dedos dela. As flores sorriam sempre que as tocava, e não queria deixar nenhuma sem seu carinho. O campo de flores invernais extendia-se por uma centena de metros até ser substituído pelos pomares; levaria alguns dias para acariaciar todas. Ela mesma quem havia plantado aquelas variedades na área disponível. O frio havia entristecido as zíneas, azaléas e margaridas amarelas, então a elfa colheu-as para os cozinheiros, os alquimistas e suas misturas. Substituiu-as por tantos tipos de flores de inverno que quase ficou sem opções. Raposas de pelo vermelho perseguiam borboletas amarelas na área das gipsofilas, enquanto micos-leão-dourados divertiam-se nas samambaias de metro. As tulipas e os cristâneos haviam sido plantadas nas cores do arco-íris. As mais belas, porém, sempre seriam as orquídeas. Ainda haviam gardênias, campainhas e quaresmeiras. Nos pomares, os elfos cultivavam laranjas, limas, maçãs, graviolas e morangos. Todos os pratos daquela estação tinham como base almeirão, cebolinha, brócolis e repolho. Ellie adorava essa época.
A elfa passou a tarde inteira com sua bela natureza, aproveitando seu dia de folga ao máximo. Quando o sol se pôs, ela foi andar pelas ruas da cidade. O pequeno reino élfico sempre tivera legados dos principes de Érestha como habitantes. Eles nem sempre respeitavam as ideias dos elfos ou seguiam à risca sua cultura, e Ellie, assim como os outros, estava acostumada. Porém, desde o tratado com Tamires, a situação estava procupante. Não havia casas para todos e eles reclamavam bastante das regras sobre não comer carne todos os dias. Aquele povo não estava feliz; estava aterrorizado.
A pedido do rei élfico, Ellie havia andado quilômetros pelas ruas das pequenas cidades, procurando aqueles que se quixavam e tentando encontrar soluções. Antes, o elfo não se importava com os legados. Deixava que eles adaptassem-se sozinhos ou não se adaptassem de modo nenhum. Ele importava-se mais em manter as coisas em ordem para ele do que para o povo.
-Temos que ser bons com a princesa Tamires –ele explicou quando Ellie questionou as ordens. –É parte do acordo.
Ela se esforçou bastante para anotar todas as reclamações e pedidos. Átila Markova fazia seu melhor para atender à todos de maneiras aceitáveis. Os legados do céu eram bem exigentes e tomavam todo o tempo da elfa dos olhos coloridos. O que a maioria das pessoas queria era uma garantia de que estavam seguros. Contudo, nem Ellie saberia dizer. O reino élfico nunca participara de guerra nenhuma. Eram um povo pacífico, quieto e auto-suficiente. Ninguém nunca tivera motivos para ataca-los. Eles com certeza não eram o alvo principal e nem a maior preocupação de Tabata, mas ela queria o reino todo para si. Eventualmente, eles entrariam em guerra, e pereceriam. Elfos não lutavam, não terinavam com espadas e não tinham "poderes" como os outros. Sempre que mencionavam a princesa das trevas Ellie estremecia. Ter finalmente tirado um dia para apreciar suas flores era um alívio.
Ela passou algumas horas no campo, cumprimentando as plantas. Elas pareciam sorrir para ela sempre que as acariciava. Ellie era a pessoa favorita das flores até uma mulher bem vestida de cabelos verdes aparecer. Como se todas fossem girassóis e ela fosse fogo, as plantas virarm-se para ela e cresceram, mais belas, mais brilhantes, mais vivas. Ellie levantou-se também, apenas para curvar-se. Seguindo de perto a princesa da terra estava a dos céus, com o ombro enfaixado e um olhar preocupado nas belas feições. Ellie curvou-se uma segunda vez.
-Onde está Átila? –Tâmara perguntou, agarrando o braço da elfa com as unhas cumpridas e mais força do que ela julgava necessário.
-No castelo da árvore, como sempre –ela respondeu. –Deseja falar com ele?
-Não desejo, eu exijo.
-Como queira –ela curvou-se mais uma vez.
O passo da princesa estava apressado, e Ellie lutava para manter-se à frente. Aquele campo era um jardim atrás da árvore que abrigava o castelo, e elas não demoraram para chegar ao salão principal. Átila estava em pé, olhando alguns documentos nas mãos de um outro elfo. Sua túnica tinha manchas amareladas na barra, e seus cabelos curtos estavam sujos com galhos e terra. Ele percebeu a aproximação das mulheres e virou-se com um sorriso. Ellie ainda tentava superar os passos da princesa da terra para poder anuncia-la, mas não conseguiu.
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Érestha -Castelo de Cristal [LIVRO 4]
FantasyA verdadeira guerra iniciou-se após a morte do rei. As coisas não parecem estar andando para frente. Thaila está mais preocupada em divertir-se e deixar os irmãos felizes do que ajudar Dave a descobrir do que se trata o enigma da rainha. Riley cons...