O Castelo de Cristal parecia ser uma continuação da montanha. Não como o Castelo de Pedra, que consistia em uma rede de cavernas esculpidas à mão, mas como se a estrutura fosse uma magnífica obra arquitetônica natural. Polido, simétrico, excepcional. Todas as suas torres erm cilíndricas com telhados cônicos e janelas arredondadas. O caminho para a entrada era de tão difícil acesso quanto os trajetos até a montanha de cristal. Ele subia em zigue-zague e simplesmente acabava em um precipício poucos metros antes da porta de madeira. A ponte levadiça estava fechada quando os dois chegaram ali, e Alfos teve que levar Alícia até o topo do portão de entrada para que ela abrisse a passagem.
Os dois estavam muito acostumados com as estruturas simples e facilmente compreenssíveis dos castelos de Vidro e de Marfim. O Castelo de Cristal tinha escadas, níveis diferentes e salas vazias por toda a parte. Eles perdiam-se um do outro a todo momento. O salão principal era tão belo quanto a estrutura por fora. Tudo era azulado ali dentro, diferente do amarelado do lado de fora. O salão era circular, com paredes altas e passagens à esqueda e à direita. Uma escada subia para a direita, e outra em espiral desaparecia atrás da parede do fundo. O lustre tinha dez camadas de cortinas de cristais. A maior das camadas tinha um metro de diâmetro. A última das camadas ficava ha menos de quatro metros do encosto do trono. Este era uma simples cadeira de encosto alto esculpida e polida em mais cristal. Dave tinha quase certeza de que Argia não gostaria daquilo.
A escada em espiral no fundo, que desaparecia atrás da parede, levava até um quarto extenso iluminado por uma grande janela. Era o único cômodo com móveis. Havia um berço cor-se-rosa, um armário cheio de roupas de bebê e uma cadeira de balanço.
-Éres era realmente dedicado –Alícia comentou quando viu aquilo tudo pela primeira vez.
-Argia vai odiar isso aqui também –Dave concluiu.
Daquela janela eles conseguiam ver o mar. A cadeia de montanhas acabava em uma praia de pedra, gelo e neve; o limite de terra da província da vida. Havia um pqueno barco encalhado ali, sendo molhado pelas águas frias trazidas pelas ondas nervosas. Ele conseguia ver barbatanas negras e focas agitadas nadando por ali.
Em toda a extensão do castelo, não havia uma teia de aranha sequer, nem um grão de poeira, nem uma mancha de mofo. Eles procuraram por um dia inteiro e não encontraram nada que pudesse ajudar com a cidade congelada e a reconquista da província. Passaram horas sozinhos, Dave nas torres e Alícia nas masmorras, sem saber como voltar para o quarto de Argia. Ao final do primeiro dia, Alfos trouxe um pedaço de carne chamuscada para os dois jantarem. Dave mal havia percebido como estava famino, e teria devorado o pedaço inteiro se Alícia não estivesse ali. Ele tinha uma garrafa d'água com ele, mas a neve, quando derretida, não era assim tão mal. Eles resolveram jantar na torre mais alta da ala oeste para observar o por do sol. Alfos estava na ponta cônica do telhado, mastigando um osso e cuspindo fogo para cima por diversão. Alícia estava absorta em seus pensamentos, apoiada na janela com o rosto iluminado pela luz alaranjada do sol poente e o castanho dos olhos refletindo a beleza da cadeia de montanhas.
Dave queria poder ler os pensametos dela naquele momento. Tinha certeza de que eram perturbadores, como todas as memórias que ele já explorara. O professor de seu legado dizia que ele era ótimo no que fazia, só precisava ser menos óbvio. O homem conseguia manipular o que Dave via muito facilmente. Sua tarefa era sempre acessar a memória completa de uma conversa que o homem tivera com a rainha ou com o diretor DiPrata. Eles tinham mensagens ou instruções para Dave; Thaila sempre dizia algo divertido no fim da memória. Contudo, ele constantemente acabava em memórias do homem lendo revistas no banheiro ou assistindo à programas de esportes no sofá de sua casa. Ele estava curioso por algo longe dos extremos na vida de Alícia; algo que não envolvesse Riley e nem Isabelle.
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Érestha -Castelo de Cristal [LIVRO 4]
FantasíaA verdadeira guerra iniciou-se após a morte do rei. As coisas não parecem estar andando para frente. Thaila está mais preocupada em divertir-se e deixar os irmãos felizes do que ajudar Dave a descobrir do que se trata o enigma da rainha. Riley cons...