Prólogo

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30 de Novembro de 2016

Narrado por Clara

– Benito, o que se passa? – questiono preocupada ao ver o meu marido branco como a neve e com o olhar vazio. Aproximo-me da sua cadeira de baloiço em madeira clara. – Benito, estás a ouvir-me? – o olhar envidraçado, fixo num só ponto coloca-me de imediato em pânico, o seu peito não sobe e desce ao respirar, vários pensamentos passam pela minha mente e o pior de todos eles faz-se ouvir com mais intensidade.

O meu marido está morto?!

Corro para o telefone fixo que se encontra por cima do móvel de madeira, centralizado na parede azul escura da sala de estar, os meus dedos tremem a marcar o numero de emergência, as lágrimas que prendia deslizam pelo rosto como os pingos de chuva que caem pela janela.

– 112, qual a emergência? – pergunta a senhora com voz calma.

– O meu marido... - uma onda de soluços seguida por lágrimas atinge-me. – eu... acho que está morto. Preciso...de uma... ambulância. A morada é Via Dicovolo 280.

– Aguarde um pouco, a ambulância já vai a caminho.

– Obrigada. – desligo o telefone e caminho novamente para perto do Benito.

A expressão é a mesma de há pouco, o olhar continua vazio, o braça direito tombado do baloiço e o livro que lia continua no chão.

O tempo demora a passar e o que foram dez minutos pareceu uma hora. Os médicos declararam às 21h43m o óbito do meu marido. E foi a essa hora que o meu mundo desmoronou por completo, fiquei sem chão, parecia que algo imaginário me puxava com força para um buraco sem fim.

O meu marido morreu no chuvoso dia trinta do mês de Novembro e eu morri junto com ele – literalmente -, com oitenta e quatro anos, vitima de ataque cardíaco.

Sento-me no sofá em frente à lareira acesa, observo o fogo que consome a madeira que à horas atrás Benito colocou a arder.

Os dias, meses e anos seguintes não vão ser fáceis, a solidão apodera-se de mim quando me dou conta que estou realmente sozinha.

O Benito partiu, o meu primeiro e único amor, o meu primeiro e único homem durante os meus oitenta e quatro anos.

Ele morreu, mas o meu amor por ele vai viver para sempre!

"Morrer é um fenómeno natural, é parte intrínseca do nosso existir. O que dói mesmo é a ausência" – André William Segalla


N/A: 

Bem-vindos meus amores, voltei com uma nova história. O enredo é diferente de Fuga para a Felicidade, porém prometo que O Despertar do Passado irá sem duvida prender-vos tal como Fuga para a Felicidade prendeu. 

Espero que gostem e que acompanhem a história de Clara, Benito e Eleonora. 

Não se esqueçam da estrelinha e dos comentários. 

Beijos no coração.


O Despertar do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora