Capítulo 17

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24 de Dezembro de 2017

Narrado por Clara

Se a ideia de Joseph ao contactar Eleonora era assustá-la, a tentativa resultou na perfeição.

Quando a minha neta me entregou o seu telemóvel para que eu pudesse ver o que tanto a amedrontou, o seu corpo cai sem sentidos no chão levando consigo o copo de vidro que continha agua. O copo ao cair desfez-se todo provocando uma serie de ferimentos no seu braço e mão direita.

Ao ouvir todo aquele aparato, Ronny colocou a filha nos bancos traseiros do carro de Mila e seguimos todos para o Ospedale Civile Sant'Adrea que fica a dezoito quilómetros de distancia de Manarola.

Ficámos na sala de espera durante uma hora e meia a duas horas, enquanto isso Eleonora recuperava os sentidos e era-lhe retirado os vidros que tinha nos cortes do braço para que fossem feitos os curativos.

No caminho de volta para casa, Ronny quis saber o motivo para Eleonora ter uma crise de nervos e de ansiedade que resultara na sua perda de sentidos. Todas as questões que Ronny colocava, Eleonora explicava com calma a parte menos feliz da sua vida de casada. Porém calma era o que o meu ex genro não tinha e isso era bem visível pelos dedos brancos que apertavam com força o volante.

Assim que chegamos a casa, cada uma de nós foi para o seu quarto e Ronny seguiu para junto da comunidade no carro de Mila pois já era muito tarde para que o mesmo vagueasse pela vila sozinho e a pé. Após tudo mais calmo adormeci e só acordei hoje às onze horas.

Quando acordei a primeira coisa que consegui sentir foi o maravilhoso cheiro de croissants italianos, mais conhecidos por cornettos e capuchino. Essa bela refeição confecionada pela minha filha foi devorada por mim num ápice por estar deliciosa.

Ao fim da manhã pude contar com a presença de Ronny e Marco que vieram visitar Eleonora.

Neste momento estou sentada na cadeira de baloiço a usufruir do calor da lareira enquanto observo a rua coberta de neve e as luzes da árvore de Natal que piscam rapidamente. O sol já se pôs, o céu agora está a ficar coberto de nuvens brancas e os flocos de neve começam a cair.

Há muita conversa dentro de casa, amigos próximos a chegar para a ceia de Natal, muitas gargalhadas quando erram os cânticos desta época festiva.

Eu amo o Natal! Mas o mesmo tambem me faz recordar a alegria de Benito. O meu marido adorava encher a casa de familiares e amigos para passar um bom serão com conversa, história, gargalhadas, musica e claro, o tradicional peru assado para o jantar.

Por isso, para mim o dia hoje é nostálgico, tudo me faz lembrar o meu eterno amor, Benito.

Enquanto permaneço nos meus pensamentos e recordações sinto Eleonora sentar-se a meu lado afastando-se da algazarra que continua na cozinha, trazendo consigo as suas coisas para escrever.

Mesmo com o braço enfaixado, Eleonora não abandona o seu trabalho que tem de ser apresentado antes de Março do próximo ano.

- Avó, podemos continuar? - questiona com voz fraca.

Assinto e acomodo-me melhor na cadeira. Já que hoje é dia para relembrar acontecimentos do passado, nada melhor do que voltar a estar um pouco com Benito, nem que seja na minha mente.

Mila ao perceber o que e Eleonora vamos iniciar, caminha até à sala e senta-se ao lao da filha sendo seguida por Ronny e Marco.

Em poucos minutos a sala está cheia de pessoas amigas da tribo espalhadas pelo chão e pelos sofás para ouvirem um pouco da minha história.

O Despertar do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora