Capítulo 14

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05 de Dezembro de 2017

Narrado por Clara

    Mila permanece aninhada nos meus braços quando ouço a porta da entrada ser novamente fechada. Os únicos ruídos em casa são as fungadelas da minha filha e os passos apressados de Eleonora a subir as escadas.

   Talvez Mila se tenha apercebido que à poucos instantes a sua filha irá entrar de repente pela porta de madeira clara a questionar o motivo de a mãe estar naquele estado lastimável.

   – Vais contar-lhe? – questiono antes de Eleonora abrir a porta e encarar-nos cheia de confusão no olhar. Mila anui silenciosamente antes de puxar a filha para um abraço apertado.

   – O que se passa, mãe? Estás doente? Aconteceu alguma coisa? – Eleonora enche Mila de perguntas.

   Perguntas essas às quais a mesma é incapaz de responder limitando-se a chorar.

   – Minha neta, - chamo Eleonora, pego na sua mão e indico-lhe que se sente a meu lado na cama. – a tua mãe tem um assunto sério para falar contigo. – inicio aquela que talvez seja uma longa conversa cheia de recordações, revelações e emoções. – Mas ela tem medo da tua reção.

   – Sabes que me podes contar tudo, mãe. – Eleonora tenta tranquilizar a minha filha que lhe lança um sorriso fraco.

   – Espero... - Mila tenta falar mas para ao ver Ronny entrar pelo quarto causando mais lágrimas derramadas no seu rosto.

   O antigo amor da minha filha observa-a com compaixão no olhar, percebo que o que quer que ele lhe tenha dito na conversa anterior foi tudo da boca para fora e de cabeça quente.

   É evidente que ainda existe amor entre eles os dois!

   – Como entraste, Ronny? – pergunto voltando a atenção para o único homem presente no quarto.

   – O Marco emprestou-me a chave donha Clara. – esclarece. – Já soube? – questiona referindo-se ao facto de Mila ter revelado a verdadeira paternidade de Eleonora. Assinto em silencio.

   – Eleonora, o assunto é sério. Espero que não fiques zangada com nenhum de nós. – Mila começa agora menos nervosa e com as lágrimas controladas. – Quando eu era nova e pertencia também à tribo, eu e o Ronny apaixonamo-nos, nós eramos o casal mediático daquela comunidade. – a minha filha diz enquanto anda pelo quarto, Ronny senta-se no cadeirão azul que está perto do guarda-roupa atento ao que Mila diz. – Antes de iniciar-mos qualquer relação amorosa eramos melhores amigos e sempre valorizamos bastante a nossa amizade. As coisas corriam lindamente, mas eu queria mais. Queria deixar de viver em qualquel canto do mundo, queria ter uma casa numa única localidade, queria ter a minha família, o meu emprego... - Mila continua melancólica.

   – Mas eu não queria isso! – Ronny intervém na conversa pela primeira vez atraindo a atenção da minha neta para si. – No dia do vigésimo primeiro aniversário da tua mãe, ela disse-me durante todo o dia que tinha uma noticia maravilhosa que iria mudar o nosso futuro. Foi de noite quando a bomba estourou, literalmente. Nós estávamos a jantar apenas os dois, quando a Mila me informou que estava grávida. – o homem revela.

   – Eu descobri que estava grávida, tu estavas na minha barriga e eu não te queria tirar. Eu já te amava assim que soube da minha gravidez. – Mila esclarece e observa a minha neta com atenção.

   Eleonora sorri fracamente.

   – Isso significa que o Sr. Charmoso ali sentado é meu pai? – Eleonora questiona e o casal assente em silencio.

   – Não estás chateada? – Mila indaga quando sente os braços da minha neta ao redor da sua cintura.

   – Chateada não, confusa sim. . Eleonora admite.

   – Então está na hora das explicações?! – Ronny brinca arrancando gargalhadas no quarto.

   – Vamos para baixo, beber um chá, acalmar e começar as explicações? – convido.

   Pai e filha saem rapidamente do meu quarto enquanto eu e a Mila permanecemos no mesmo.

   – Obrigada por não me julgares, mãe. – Mila abraça-me fortemente mostrando assim a sua verdadeira gratidão.

   – Eu já desconfiava que a Eleonora não era filha de um dos teus maridos. – revelo as minhas antigas suspeitas. – Sempre suspeitei qua minha neta fosse realmente filha do teu antigo amor. Agora vamos beber o chá, tu ainda estás nervosa.



O Despertar do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora