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- Miami PD. - grito apontando a arma ao suspeito, que se encontrava prestes a saltar de uma janela. Os meus colegas fizeram o mesmo- O edifício está cercado, não tem por onde escapar. - grito. - Desça, agora!
Os seus olhos vermelhos encontraram os meus. Colocou as mãos na nuca e acabou por descer. Fred, um dos melhores agentes que temos e também dos mais experientes, avançou e algemou-o, levando-o para o carro. Caminhei de volta para o mesmo e voltámos ao departamento. Christian desceu, e encontrou-me perto da sala de interrogatório.
- Já? - olhou-me e de seguida o suspeito pelo vidro. O mesmo esperava, impaciente, nervoso, olhando em redor em cada 3 segundos.
- Eu já sabia os locais que ele frequentava, este não é o primeiro caso de que é acusado, mas desta vez existem provas que o podem incriminar. Não há quaisquer dúvidas de que ele é o homicida.
- Bom trabalho. - sorriu levemente e apertou a minha mão, entrando na sala. Deixei-o tratar do assunto e regressei ao meu gabinete escrevendo o relatório da perseguição.

Em público, uma das regras do Christian é que não há demonstração de afetos. Muito menos no nosso local de trabalho. Ninguém faz a mínima ideia de que ele é, de facto, o meu marido.
Quando nos aproximamos, e descobrimos que havia mais que uma amizade foi deveras difícil controlar os sentimentos, todas as emoções. Ao encerrar um caso, tudo o que mais queria era poder saltar para os seus braços e podermos celebrar, juntos. Mas isso nunca aconteceu. Com o passar do tempo eu fui começando a habituar-me a esta situação. Hoje, 5 anos depois, é uma coisa banal. Um aperto de mão é o suficiente.
Christian é bastante neutro. Pode ser a pessoa mais feliz do mundo, mas a sua expressão não o mostra. Mantém-se firme, especialmente das portas da sede para dentro. Se à coisa que ele adora fazer é trabalhar. Adora manter-se ocupado, resolver casos, fazer interrogatórios. Mas em casa, eu tenho um homem espetacular. Prestável, brincalhão, bastante romântico quando tem de o ser. Um ser humano deveras interessante. O meu ser humano.
O facto de trabalharmos juntos, no mesmo ramo, dificulta um pouco as coisas, pois se à coisa que o Christian odeia é que eu vá para o perímetro. "E se te acontece alguma coisa?! E se te magoas? E se eu te perco Olivia?" são perguntas já habituais quando a minha equipa é chamada a resolver casos. Trabalhei duro para chegar onde cheguei, e já fui proibida de ir mais de três vezes. Daí existirem tantos conflitos parvos entre nós. Discussões que acabam sempre no mesmo, mas que me mostram o quão importante ele me faz perante a situação. E isso não tem preço.

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