Miami Safe

10.

- Desculpa. - ele sussurra.
Ergui levemente a minha face, encarando-o.
- Desculpa. Eu agi mal, não queria que o fim-de-semana fosse assim, mas eu estava nervoso e tu não ajudaste.
- O que se passa? - alcancei a sua mão, segurando-a na minha.
- É o trabalho, muitos casos ao mesmo tempo, e depois isto da Jessica.
- Christian...
- Eu sei. Eu sei Olivia, desculpa. Não queria agir assim contigo, mas tu desobedeceste-me. Eu sou teu patrão, e aquilo que tu fizeste estava no campo profissional e não pessoal. E se eu te disse que não, então era não.
- Quando é que tu vais perceber que eu sou formada nisto? Que eu sou das melhores agentes daqui? Eu não tenho medo. Eu sou investigadora e eu quero trabalhar!
- Tu és minha mulher e se eu te disse que não, então não.
- Não Christian. - olho-o. - Eu sou tua mulher fora daqui. Aqui, eu sou responsável por uma equipa. Tu és simplesmente o director deste departamento. Mas eu sou uma agente ativa, e se eu estou neste cargo, por alguma razão é. Eu estudei, eu treinei, eu fiz tudo e consegui chegar onde cheguei por mérito meu, por querer conquistar o meu sonho, o meu objetivo! Tu nunca me apoias em nada! Nada!
- O quê?! - olhou-me. - Nunca te apoio em nada?
- Não! Nunca estás do meu lado. Eu é que tenho de estar sempre lá para ti, mas tu nunca retribuis. Nunca.
- Como te atreves Olivia?!
- Como me atrevo?! Estás a brincar comigo?!
- Eu chamei-te aqui para resolvermos as coisas, mas parece que só vai fazer pior. Podes ir. - olhou-me imperativo. Senti os meus olhos ficarem humedecidos. Levantei-me e sai do escritório, fechando a porta.
Caminhei para o meu gabinete e mandei com a porta, fechando-a brutalmente. Sentei-me na cadeira da minha secretária de madeira e apoiei a minha face contra as minhas mãos.
Deixei as lágrimas caírem silenciosamente pela minha face. Não posso acreditar no que acabou de acontecer. Parece um pesadelo.
Porquê? Porque é que ele me faz isto, vezes e mais vezes sem conta? Parece que me junta, confortável e amorosamente, para depois me deixar cair no chão, de forma lenta e dolorosa.