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Olivia
Eram 10:23 quando o corpo da Jessica entrou na sala de autópsia. Estava na entrada, à sua espera, mesmo que não tivesse coragem para entrar, eu sentia a obrigação de aqui estar. Algo em mim o exigia.
- Bom dia Olivia. - Tyler, o médico legista aproxima-se abraçando-me reconfortante.
- Bom dia. - sussurro.
- Lamento imenso. - olhou-me.
- Obrigada. - assinto.
- Queres entrar? - ele murmura e eu acabo por voltar a quebrar, sentindo o seu reconforto.
- Desculpa Liv.
- Não tem mal. - limpo as lágrimas. - É melhor eu não entrar.
Ele assente. - Eu vou tratar dela então e quando acabar, mando-te os resultados.
- Muito obrigado. - fungo e abraço o meu corpo, saindo dali. Caminhei para o meu gabinete e fechei a porta. Sentei-me à secretária passando as mãos pela cara e deixando um suspiro sair. Cada vez que pensava estar mais calma, os meus olhos enchiam-se de lágrimas.
Quem cometeria uma monstruosidade destas? E porquê? O que os levou a isto? Será que a Jessica fez alguma coisa? Não, não é possível...
Ouviram-se duas leves batidas na porta.
- Entre. - digo mas a minha voz quebra a meio.
Richard abre a porta e fecha-a de seguida, caminhando até mim. Sentou-se na cadeira à minha frente e entregou-me uma chávena de chá de jasmim.
- Obrigada. - sussurro bebendo um pouco.
- Não agradeças. Estás a precisar de algo quentinho. Como te sentes?
- Péssima. O que vai ser disto sem ela?
- Eu compreendo-te Olivia. Mas temos de ser fortes. Muito fortes.
- Eu sei... vou andando. Avisas-me quando estiver?
- Sim, claro.
- Obrigada. - murmuro e caminho para o elevador. Subi para o meu gabinete. Os meus olhos não paravam de se encher de lágrimas. Sai do elevador vendo o Christian ao fundo, junto da minha porta.
- Hey. - murmuro baixo olhando-o.
- Hey. Onde estavas?
- Fui ter com o Tyler. O corpo já chegou. - murmuro mas a minha voz quebrou. Ele aconchega-me nos seus braços.
- É melhor ires para casa.
- Estar parada sozinha só vai fazer pior. - sussurro entre lágrimas.
- Eu vou contigo. - beijou-me levemente. - Precisas de descansar.
- Mas Christian, e o teu trabalho?
- Eu estou preocupado contigo. O trabalho agora não importa.
Passo a mão pela sua face. - Obrigada. - sussurro.
- Nada a agradecer, meu amor. Agora vá, vamos lá. Vou fazer-te um chá e vais descansar um bocadinho.

Levantamos-nos e ele passou-me o casaco e a mala. Sai primeiro, como habitual, e entrei no carro, arrancando para casa. Estacionei e esperei por ele à porta do prédio. Não passaram nem 5 minutos até o seu carro estacionar e ele vir para junto de mim. Subimos então para casa. Fui por-me minimamente à vontade enquanto o Christian preparava o chá. Quando ele regressou, sentamos-nos na cama. Bebi com calma enquanto ele acarinhava os meus cabelos e me ouvia. Desabafei, entre lágrimas, todos os sentimentos que neste momento estavam presos dentro de mim. Que me sufocavam. E durante todos estes largos minutos ele não parou de me mimar, de me acolher. Não parou de me fazer sentir segura, amada.

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