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Saímos do carro e caminhámos calmamente para o restaurante. Christian deu o seu nome ao rececionista e o mesmo guiou-nos para a mesa que nos estava destinada.

Sentamos-nos e ele passou-nos os menus, saindo de perto da nossa mesa. Olhei o menu vendo as opções.
- Já sabes o que vais pedir? - Christian quebra o silêncio.
- Não, ainda não... - murmuro.
- Passaste o caminho todo calada, nem sequer cantarolaste com a rádio, passa-se alguma coisa?
- Estou cansada, só isso. - pouso o menu.
- Estás cansada Olivia? Cansada de quê? - olhou-me.
- Cansada de quê?! Eu trabalho Christian, não sei se reparaste! Mas como tu preferes fingir que eu não existo não deves mesmo ter reparado.
- Outra vez isto?! Olha que quando foste almoçar com o teu amigo não te ouvi queixar.
- Não, eu não vou discutir mais esta porcaria contigo, estou cansada de estar sempre a bater na mesma tecla. E não te metas com ciúmes porque não vale a pena.
- Disseste que estás cansada, que direi eu. Quer dizer eu estou cheio de trabalho, tirei a noite para estarmos juntos e venho para o restaurante para estarmos a discutir?!
- Ai achas que ficar atrás da secretária é cansativo? Vai lá fazer a perseguição que eu fiz hoje, ou o trabalho de laboratório. Não eras tu que trabalhaste tanto para chegar onde chegaste? Então agora aguenta.
- Eu fi-lo por nós! Para não me transferirem. - rosnou. - E eu sei que isso cansa, mas tenho o triplo das vossas preocupações. E tu estás em campo porque és teimosa mas se isto continuar eu faço uma ordem de restrição e sais da equipa!
- Quer dizer, tu é que me ignoras, nem sequer posso jantar na cidade porque tens medo que nos vejam e ainda me queres tirar de campo? Christian tu nem te atrevas a fazê-lo.
- Senão o quê?!
- Senão quem pede transferência sou eu. - digo firme e ele olha-me sério. Conseguia sentir o seu sangue borbulhar nas suas veias. - Quero ir para casa. - digo apenas.
Levantamos-nos e voltamos ao carro. O caminho para casa foi feito num silêncio mórbido. Quando chegamos, sai do carro batendo com a porta. Subimos para a Penthouse. Mandei a mala para o sofá e fui para o quarto fechando a porta.

É sempre a mesma coisa. Não há um único momento em que isto não aconteça.
As lágrimas escorreram pela minha face conforme o meu corpo tombou na cama. Libertei tudo chorando contra a almofada.

A casa esteve silenciosa durante horas, sendo o único som o dos meus soluços.
A porta abriu-se e em segundos, senti o meu corpo ser puxado para o colo do Christian.
- Não chores. - pediu baixo segurando o meu corpo com firmeza.
Tentei parar mas isto consumia-me. Sempre a mesma coisa, outra e outra vez.
- Tu achas que eu gosto de discutir contigo Olivia? Eu odeio. Especialmente sobre este assunto! Amor, eu sei. Eu sei que sou difícil, eu sei disso. Mas eu não te quero perder. Nem a ti nem ao meu trabalho.
- Tu não entendes Christian? O problema é esse. Não me queres perder, nem queres perder o teu trabalho. Eu ocupo tanto espaço em ti como o trabalho.
- Isso não é verdade! Mas tu sabes que eu adoro aquilo que faço. E ser chefe só me dá mais gosto. Mas tu és tudo para mim, sem ti eu não sou nada. Desde que te vi que soube que eras a tal. Eu não descansei enquanto não te fiz minha mulher. Eu não posso nem quero perder-te.
- Christian e quando for o teu primeiro ano do jantar de natal? Vais correr comigo de casa? Vais esconder as fotos? Tens aliança, o que respondes quando te perguntar quem é a tua mulher?! Qual é o teu medo de me assumir como tal? Achas que eu vou modificar alguma coisa? Achas que eu gosto quando me ignoras? Eu não posso fazer nada contigo aqui Christian tens noção do quão doente isto é?! - soluço.
- Eu sei. Mas tu sabias que isto ia acontecer se eu tomasse o cargo. Ouve, eu não quero discutir mais isto! Já chega! Eu quero estar bem contigo amor, já chega. - olhou-me limpando as minhas lágrimas.

Fiquei em silêncio por um pouco.
- Está bem. - disse baixo.
- Desculpa anjo. - murmurou.
- Desculpa. - disse apenas.
Os seus lábios encontraram os meus de uma maneira apaixonada.
- Amo-te muito. - sussurrou.
- Eu também... - murmuro.

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