A noite caiu, silenciosa.
O meu corpo afastou-se finalmente da janela, ao ouvir as rodas da mala de Christian embaterem no chão flutuante da sala. Girei levemente o meu corpo na sua direção, dirigindo o meu olhar para ele. A sua face envergava um tom rosado, enquanto os seus olhos se encontravam tão inchados quanto os meus. Numa situação normal, vê-lo neste estado afetar-me-ia imenso. Mas não desta vez. Desta vez eu sentia-me pisada. Sentia-me magoada, enganada, e a lista continua.
- Olivia... por favor eu imploro, deixa-me explicar. - pediu com a voz trémula.
- Acabou, Christian. Não temos mais nada para falar.
- Temos, temos muito para falar, eu só te peço uma oportunidade.
- Sai. - ordeno entre lágrimas. Fico surpresa comigo própria, por ainda ter água suficiente para voltar a chorar.
- Por favor.
- Christian, sai. - rosno, deixando um soluço sentido sair.Ele não questionou. Caminhou para a porta e abriu a mesma, parando.
- Eu nunca te faria isto senão tivesse um motivo muito forte para o fazer. Eu amo-te mais do que tudo Olivia e vou resolver tudo. Eu prometo. - sussurrou e saiu do apartamento, fechando a porta. Cai de joelhos no chão, deixando que o choro fluísse com tanta intensidade quanta eu aguentei.☁️ Christian ☁️
Sai do prédio e mandei as malas, furioso, para dentro do carro. Peguei no telemóvel e liguei para o número que me liga quase todos os dias.
- Estás feliz?! - rosno. - Por tua culpa eu perdi-a! Por seguir ordens de alguém que eu não conheço! Isto vai acabar agora!
- Não tens qualquer poder para fazer quaisquer afirmações. Um passo em falso e quem sofre é ela.
- O que é tu queres afinal?! Não chegou aquilo que fiz?! Deixa-a em paz!
- Veremos.E desligou, deixando-me no vazio. Mando o telemóvel para o carro, grunhindo em frustração. Todo o meu corpo manifestava raiva. Tristeza. Vazio.
Eu perdi-a. A única força que me mantinha de pé.
As lágrimas escorreram pela minha face, que se ergueu para a janela do nosso apartamento.
Parece que foi ontem que nos mudámos para cá. Uma prenda do pai da Olivia pelo nosso casamento.
Remodelámos tudo em conjunto, ao nosso gosto. Transformámos isto num espaço só nosso, onde para além de habitarmos, nos pudéssemos perder. Fizemos deste apartamento o palco das mais variadas coisas. Lutas de farinha, cantorias mágicas enquanto fazíamos a lida da casa, local onde partilhávamos as nossas tristezas e alegrias. A harmonia quente e vibrante de chegar a casa e ter a minha pequena pérola à minha espera, com os seus pés enfiados numas pantufas 2 vezes maiores que o seu verdadeiro tamanho, num pijama coberto de ursos e um coque desajeitado que segurava os seus cabelos compridos castanhos escuros, que eu tanto gosto.O nosso quarto, talvez o meu sítio preferido.
Normalmente, era lá que ela permitia que a ponta dos meus dedos conhecessem cada forma perfeitamente delineada do seu corpo. Conhecia-o de cor, como a letra da nossa música preferida. Era como uma tela que só eu podia pintar. E apesar de todas as vezes que errei com ela, ela teimava em manter-me só para si. E como eu gosto disso. Ser só dela.
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Miami Safe
Romance"Welcome to the life of Olivia and Christian O'Conner. " No departamento de criminalidade de Miami, um casal de investigadores enfrenta a realidade dos vários casos forenses e como lidar com o casamento dentro do mundo do crime.