— Você tem uma lanterna? — Pergunta o garoto, sua voz suave preenchendo a escuridão.
Harry franze o cenho, havia saído com tanta pressa de casa que ele se surpreenderia em encontrar um par extras de cuecas na mochila.
— Não — responde ele, mexendo na alça de mochila, puxando-a levemente para aliviar o peso das costas —, sinto muito.
— Sem problemas — responde o garoto —, vou na frente então — anuncia ele descendo os dois degraus que os separam, passando perigosamente perto de Harry, mas milagrosamente não encostando nele.
Pessoas bonitas incomodam Harry, pois ele nunca sabe como agir ao redor delas, se são babacas, fica mais fácil apenas ignorar, mas quando são gentis e salvadoras de vida, Harry perde totalmente a noção do espaço-tempo, ainda mais quando é um garoto.
E ele estava quase se recompondo, afastando qualquer possibilidade de desenvolver sentimento, quando a mão do desconhecido tocou seu braço, imediatamente fazendo a pele de Harry se arrepiar a partir daquele ponto até que ele todo estivesse se contorcendo. Harry quer acreditar que foi de susto, ou porque seus sentidos estão aguçados — já que ele não consegue enxergar nada — e ele sente o toque com mais intensidade.
É possível ficar atraído por alguém tão rápido?
— Oh, me desculpe — murmura o garoto —, eu deveria ter avisado, não quis te assustar, vou guiar você, tudo bem? Eu sei quantos degraus têm — continua ele e Harry consegue perceber o orgulho pela maneira que ele fala. É fofo.
— Certo, tudo bem — concorda Harry, aproveitando a escuridão e buscando a mão do garoto, que aceita a dele de bom grado e o puxa enquanto desce as escadas.
A sensação de seus mãos juntas é tão boa, os dedos não estão entrelaçados, é um dar as mãos como mãe e filho e transmite segurança, assim como deve ser quando você é pequeno e sua mãe o segura.
Desde que Harry foi deixado para trás, um medo desconhecido e desesperador começou a tomar conta dele lentamente. Segurar a mão daquele garoto passa toda a segurança que Harry gostaria que seus pais tivessem passado, e não só referente ao furacão, mas ao fato dele ter saído do armário e desejado ouvir um "eu te amo" depois disso.
Sim, é possível.
Harry quer desesperadamente saber se é solidariedade ou genuína gentileza que aquele garoto possui. Todos ficam solidários em situações daquele tipo, mas ele já está fantasiando sobre andar em parques de mãos dadas com ele, com a segurança de que será amado acima de tudo e de que pessoas boas ainda existem.
Ou talvez Harry apenas precise se sentir menos carente. Sim, é exatamente isso, ele sente falta de sua família, não é raiva, nem tristeza ou decepção.
De qualquer forma, há um corredor antes da entrada, Harry o viu por um breve segundo antes de ficar na escuridão. Se o garoto soltar sua mão ao final da escada, ele é solidário e Harry definitivamente não deverá se apaixonar por ele. Porque Harry é assim, apaixonando-se por alguma coisa ou alguém todos os dias, e ter uma queda pelo garoto pode ser totalmente torturante considerando que ficarão sozinhos por sabe-se lá quantos dias.
Mas se ele guiar Harry pela escuridão, significa que ele é genuíno e a mente de Harry não irá poupa-lo de fantasiar sobre os dois em um relacionamento.
Os degraus acabam.
As mãos continuam juntas.
Oh, não.
🌪
oii, eu supostamente só iria postar esse capítulo na quinta-feira, mas tantas pessoas comentaram pedindo mais e votaram que eu pensei "por que não?", obrigada! esse capítulo é pra vcs, e pra Milena, que divulgou minhas fics💗. E um bjinho pra Clara, Mel, Adri, Ing, Renata, Xará 💓.
espero que tenham gostado e até — muito — em breve.
xoxo, anna.
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me, you, the bunker and the storm
Novela JuvenilHarry Styles está fugindo de um furacão. A cidade foi evacuada e ele deixado para trás. Sua única chance é - literalmente - correr até a cidade vizinha. O plano dá errado e tudo estaria acabado para Harry se não fosse pelo garoto desconhecido que o...