12 - O MEU CHORO SILENCIOSO - Daniel

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Eu estava transitando no "mundo das maravilhas". Eu não conseguia enxergar nada se olhava para os lados, mas, ao tocar meu pé no solo, a luz aparecia e me mostrava o percurso florido. Até que cheguei em uma encruzilhada. Foi alto que perguntei:

Para onde devo ir?

Sem conseguir ver seu semblante, um ser de capuz negro se revelou e com voz metálica perguntou:

Para onde você quer ir?

Ainda que um tanto desconfortável, não titubeando respondi:

Quero me encontrar com a minha mãe.

Assim que eu o disse ventos impetuosos me abarcaram e, junto com ele, vozes diversas. Aflito, questionei ao ser, que pouco havia se movido:

O que está acontecendo?

Fuja! – Respondeu mais alto e com uma voz diferente. Uma voz de mulher!

O quê? – Perguntei em dúvida.

Não vá por esse caminho!

Assustado, tentando me manter equilibrado, esgueirei-me para o ser, que se virou para mim e revelou sua face cadavérica.

Mude esse destino agora! – Era a morte. O ser me alcançou e estava me envolvendo com sua escuridão.

"Eu não devo seguir... Eu não devo seguir"...

Daniel?

Ouvi outra voz!

– Daniel? – Ouvi uma tosse seca.

– Victória?

Acordei alarmado e, no susto, deixei alguns papéis que estavam em meu colo caírem. Eu havia cochilado na poltrona do quarto! Em outros tempos eu teria pego os papéis, que caíram, rapidamente, mas havia algo mais importante.

– O que você tem? – Apressei-me para vê-la.

Victória estava sentada, numa inclinação de 75º, apoiada pelos travesseiros que eu solicitei e coloquei. Ela não havia protestado a mudança, na verdade nem havia falado muito, no entanto pareceu mais enfraquecida e logo adormeceu na posição. Agora, seus olhos estavam bem abertos e se voltaram para mim.

– Pensei que tivesse ido embora.

Eu ainda não sabia como reagir ao que ela dizia. Na realidade, era pior do que isso. A voz estava diferente, fraca, quase sussurrada, grave, mas ela estava falando comigo. Victória estava falando comigo! E isso me deixava nervoso. As últimas vezes que trocamos algumas frases, antes de tudo isso, não foram nada amistosas. Eu não posso deixar que seu modo diferente de agir e estar me desconcertem!

Eu sabia que ela esperava por uma resposta e foi uma curta que dei, tentando soar o mais indiferente possível:

– Eu não fui.

Eu não queria papear muito com ela. Primeiro, ela não pode se esforçar tanto; falar a deixava ofegante. Segundo, eu não queria gerar laços emocionais entre nós. Meu objetivo era fazê-la se recuperar logo e isso não precisava incluir o muito falar. Eu não precisava que ela confessasse, pois eu já sabia do ocorrido; queria apenas sua consciência.

Eu mantinha meus olhos fixos nela, concentrando minha intensidade neles, quando ela apertou os seus e começou a se mexer desconfortável. Aliviei minha expressão e questionei preocupado:

FRAGILIZADO - Livro 3 [COMPLETO] - Trilogia Irmãos AmâncioOnde histórias criam vida. Descubra agora