Como prometido... Postagem numa manhã de terça-feira!
Acho que esperávamos pelo momento que está para seguir, Victória então...
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Eu estava sufocada! Mais uma vez encoberta por lágrimas e suor, sem conseguir respirar mesmo com aquela porcaria de máscara. Irritada, retirei-a e a joguei para bem longe. Inclinei-me para tentar me levantar, usando de um dos meus braços como apoio, enquanto o outro amparava o meu peito. Eu sentia cada batida do meu coração e, cada uma delas, me perfurava mais. Já não aguento mais!
Abrir os olhos não me adiantava muito. Minha visão demorava para se acostumar com o ambiente e, quando assim acontecia, eu ainda não conseguia discriminar as coisas direito. Com as lágrimas que insistiam em não me deixar então, enxergar era utopia. Minha garganta doía sempre. Eu sabia que não conseguiria cantar como antes mais, mas não fazia ideia de que permaneceria com dores por tanto tempo; e não apenas na região vocal. Eu sentia cólicas constantes, meu estômago latejava e, por vezes, parecia ter um coração próprio por referência pulsante. Eu não aguentava mais!
Minha memória não havia voltado. Três meses e minha memória não retornara! Um mês sem o Daniel e nada das minhas lembranças a seu respeito. Por quê? O que mais eu poderia fazer? Que peça minha mente estava me pregando? Por que meu sistema se recusava a me ajudar? Por que eu fui abandonada outra vez? Eram muitas perguntas, sem respostas, para suportar...
Em um ímpeto, ainda com a mão ao peito e sem conseguir administrar o ar, me forcei para fora da cama. Eu ainda não podia andar e isso me deixava mais irritada. Minhas pernas não respondiam como deveriam, assim como o meu cérebro e tudo o que ele controla. No impulso, me lancei para cair e, por um instante me senti paralisar. Com a queda, me pareceu ter batido a cabeça que estava aquecendo, pronta para pegar fogo e explodir. Fogo... Explodir... Tudo começava a girar. Acredito que eu não tenha emitido nenhum som, mas senti uma dor pontiaguda no tornozelo esquerdo e um incômodo latejante no cotovelo do mesmo lado. Torção? Quebra? Não me importava mais, pelo contrário... Aquelas novas dores e sensações até me aliviavam. Elas me faziam esquecer um pouco das dores de sempre. Eu estava sobre um tapete, cujos fios mais pareciam feitos de lâminas e me machucavam todo o corpo... Era como uma cama de faquir. Eu me sentia sangrar e estava me aquietando. Já não conseguia distinguir muitas cores com a visão. Na verdade, ela estava se fechando... Tudo estava ficando escuro... Eu estava ficando fraca, com sono mais uma vez. No entanto, eu já não me importava! Sentia-me pronta para me entregar para a escuridão com a incerteza se despertaria. Afinal, para que eu despertaria?
Acho que eu já estava alucinando... Eu não conseguia ouvir os de fora e já não conseguia ouvir a turbulência dentro de mim. Mas, eu poderia jurar que senti a presença do Daniel antes de perder os sentidos. Era tudo o que eu mais queria antes de partir! Me perdoe, meu amor, por não me lembrar a tempo...
***
Abri os olhos e comecei a sentir uma angústia muito forte. Tentei falar, mas minha voz não saía... Tentei me mexer, mas algo me impedia. Logo, ao mover as mãos, percebi que eu estava presa em uma redoma de vidro. Bati forte com o punho cerrado, mas não acontecia nada... Minto! Eu ficava mais fraca a cada investida. Então, me toquei! Eu havia substituído a "rosa da fera"... Eu era a rosa da fera e estava perdendo minhas pétalas! Só que para meu infortúnio, não haveria salvação para mim. Nunca houve um amor verdadeiro na minha vida. Minha fraqueza demonstrava isso! Aquilo seria a morte?
As animações estavam erradas! Não era a falta de beleza física que dificultava o cultivo de um amor real, mas era justo o contrário. Muitos se deixavam levar pelas aparências e se diziam verdadeiros apaixonados, mas tudo era ilusório, fictício, platônico, salomônico. Um amor verdadeiro não pode se deixar cegar pela beleza externa. É a beleza de dentro que conta e isso eu não tinha...
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FRAGILIZADO - Livro 3 [COMPLETO] - Trilogia Irmãos Amâncio
RomanceUm incêndio de grande proporção... A morte da mais querida pessoa... A responsável é a pessoa que um dia já amou... e que agora, terá que cuidar! Daniel está no primeiro ano de medicina, em um curso que, por si só, já lhe toma boa parte do d...