Desastre Sensual (REPOSTANDO)

Seis

Olivia

"Eu evito criar esperanças, porque eu sei que no final, vai doer."

Noah me deixou em casa uma e meia da manhã. Ele tocou a testa com dois dedos, se despedindo, e partiu.

Corie já estava dormindo quando entrei no apartamento. Estava tarde e a gente tinha aula amanhã, então não demorei para tomar banho e ir me deitar.

Fiquei encarando o teto esperando o sono vir. O ruim não era esperar, e sim os pensamentos que brotavam na minha mente enquanto eu não dormia.

Noah James não era tudo o que eu imaginava. Sim, ele era bonito. Sim, eu estava feliz por ter saído com ele. E novamente, sim, ele foi muito educado. Então eu paro e pergunto: vale mesmo a pena? Noah deve sair com uma garota diferente toda noite. Ele consegue qualquer mulher que quiser, e muito provavelmente, só foi legal por educação. Ou não. Que droga, por que eu nunca me decidia?! Era sempre essa merda de dois lados. Eu queria acreditar que ele gostou de mim, mas não podia evitar pensar em como minhas piadas foram idiotas, e na minha necessidade estúpida de estragar as coisas, como o beijo.

O. Maldito. Beijo.

Eu juro que no início era apenas para acalmá-lo. Ele ficou tão pálido que eu achei que fosse desmaiar. Beijá-lo mudaria sua concentração para outra coisa. Mas aí minhas intenções mudaram assim que minha boca tocou a sua, e uma chama cresceu dentro de mim. Se não fosse o carrinho voltando a andar, eu não pararia.

A noite inteira ele verificava o celular. Talvez achasse que eu não via, mas sempre que pegava no aparelho sua expressão mudava. De raiva para angústia, daí para confusão, e voltava novamente para a raiva.

Ele riu de todas as minhas piadas, foi em todos os brinquedos que eu escolhi — inclusive na montanha russa —, retribuiu o beijo e pareceu se divertir muito.

O mais estranho, no entanto, não foi sua repentina atenção em mim, mas como eu fiquei relaxada na sua presença. A conversa fluiu como água e eu não me senti nervosa o tempo todo.

Noah James tinha algum tipo de magia, e eu era a prova disso.

Eu não quero me iludir achando que amanhã será diferente. Afinal, Noah James continua sendo Noah James mesmo depois de levar Olivia Hampton para sair. Era o curso natural da vida, e quer saber? Eu estava feliz com isso. Consegui minha pequena parte dele e foi bom, vou preservar esse fragmento sem me importar se ele acabar me vendo no campus e fingir que eu não existo.

Meu celular acendeu, iluminando metade do quarto com sua claridade. Confusa, atendi a chamada do meu pai. Por que ele ligaria a essa hora?

— Pai?

— Querida?! — Ele suspirou de alívio. — Você está bem? Onde você está, Olívia?!

Seu desespero me alertou.

— Eu estou bem, estava quase dormindo, estou em casa agora. O que aconteceu, pai?

— Filho da puta. Desgraçado. — Ele xingou baixinho, mas depois respirou fundo para controlar a raiva. — Não foi nada, meu bem.

— A gente já conversou sobre mentiras. São quase duas da manhã, pai. O que está acontecendo? — Perguntei, assustada.

Quando se tem um pai detetive, qualquer ligação de madrugada é um surto.

— Me mandaram uma mensagem nesse instante. — Pausa. Ele respirou mais uma vez, parecendo incapaz de não blasfemar a cada frase. — Disseram que estavam com você. Me mandaram um endereço do outro lado da cidade.