Vinte e Um

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Olivia

"Meu grande amor sempre será uma fantasia que eu criei para mim mesma."


A luz invadia minhas pálpebras, exigindo que eu acordasse. O barulho da respiração alta me incomodava, até o ponto em que eu percebi que ela era minha. Meu corpo todo doía, desde a cabeça latejante até os pés.

Tentei por três vezes me levantar, mas em nenhuma obtive sucesso. Meu corpo parecia não obedecer nenhum dos meus comandos. No fim da minha batalha interna, eu estava sentada na ponta da cama, ainda de olhos fechados, e me sentindo imunda.

Suja. Deplorável. Marcada.

— Corie? — Chamei, baixo. Não aguentava nem mesmo o tom da minha própria voz.

Me levantei e em passos pequenos sai do quarto. O sol brilha forte através das janelas abertas e eu acabei por me refugiar dentro do banheiro.

Parei de frente para o espelho e tapei minha boca com a mão ao ver meu próprio estado. Meus olhos estavam inchados, borrados pela maquiagem da noite passada. Meu cabelo parecia desafiar a gravidade de tão bagunçado. Eu não usava roupa nenhuma, o que deixou amostra as marcas que pintavam o meu corpo.

Estou ferida. Foi a primeira coisa que eu pensei, sem entender muito o motivo.

Meus seios carregam grandes arranhões, assim como minha barriga.

— Mas que merda... — Sussurro para o meu reflexo.

No automático, como se esse fosse um pesadelo sem sentido, eu me enfiei no chuveiro. Talvez esperasse que a agua me acordasse para mundo real, ou que as marcas sumissem pelo ralo ao serem lavadas. Sabia o que tinha causado tanto estrago, só não queria pensar nisso agora, meu cérebro se recusava a orquestrar tamanho desastre.

No banho quente, eu não me atrevi a tocar naquelas marcas. Tive medo de sentir que eram realmente verdadeiras.

A porta é aberta quando eu termino meu banho. Sorte a minha já estar escondida embaixo de um roupão grande.

— Como está se sentindo? — Noah pergunta alto, ferindo meus ouvidos.

— Para de gritar. — Massageio minhas têmporas.

— Você precisa comer. Vamos. — Ele puxou meu braço com força e me fez sair do banheiro.

Lembro de ontem à noite. Um pouco cada vez mais. Os escassos flashes que emergem na minha memória fazem com que eu me afaste rapidamente de Noah e do seu toque.

— Liv... — Ele quebra o silêncio da cozinha. — Do que você lembra de ontem?

De você com outra garota.

— Não muita coisa. — Deixo metade do sanduíche no prato. — Por que? O que eu deveria lembrar?

Eu sabia, mas o encarei com o ar mais inocente que consegui criar.

Ele desviou o olhar, desconfortável.

— Qualquer coisa que conseguir — Ele suspirou alto e mordeu o lábio inferior antes de me olhar. — Você lembra de ter bebido alguma coisa naquela festa?

— Água. Também lembro de beber um pouco de álcool, de alguns conhecidos, de você agarrando uma loira contra a parede...

Noah abre a boca, mas para e me encara em silêncio.

Então estava ali, a confirmação que eu precisava. A hesitação que me dizia que sim, ele era um cretino, e que não, eu não devia ter me deixado iludir.

Desastre Sensual (REPOSTANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora