Vinte e Quatro

6K 608 106
                                    

Olivia

"Ou você vive por alguma coisa ou morre por nada"

Pequenos feixes de luz invadem o quarto escuro, iluminando poucas coisas ao meu ver. A mais importante delas está deitado bem na minha frente, com os olhos fechados e a respiração tranquila. Noah parece tão calmo e relaxado, contradizendo seus grotescos músculos desnudos por todo o corpo.

Eu sorrio ao lembrar da noite passada. De como imaginei todo um destino para o fim da noite, e ela acabou se encerrando de modo totalmente diferente.

Estava envergonhada por ter duvidado tão veemente de seus sentimentos, mas Noah entendia. Ele não ligava para a minha insegurança, e fez questão de afastar as dúvidas que nublavam minha mente. Ele me fez sorrir a noite inteira.

Fiquei fascinada pelo seu comportamento adulto, e pelo meu também. Com ele tudo é tão fácil, eu até esqueço os ramos complicados que minha mente cria para cada possível acontecimento na vida. A forma decidida como impôs o que queria — eu —, e até mesmo como explicou o que realmente tinha acontecido. Por Deus, ele fora incrível a noite toda, e eu sou só suspiros essa manhã ao lembrar de cada palavra.

Ele sabe como me fazer esquecer as coisas ruins da vida.

Só de pensar que fui drogada, toda aquela sensação de vomitar volta. Me agarrei então à promessa que Noah me fez, de nunca deixar algo assim acontecer novamente comigo.

Eu foco no seu rosto para silenciar as vozes na minha cabeça.

Deslizo meu dedo pelo seu nariz torto — tenho certeza de que já foi quebrado alguma vez. Continuo, agora traçando sua sobrancelha grossa, e descendo em um arco até a sua mandíbula quadrada. A barba rala pinica a almofada do meu indicador, mas é uma sensação tão boa que eu não consigo parar, e quando percebo já estou contornando seus lábios. Estão sempre tão rosados e convidativos, que eu tenho vontade de grudar neles e nunca mais soltá-los.

— Por quanto tempo está me olhando dormir? — O tom grave da sua voz rouca me faz tremer de excitação, e eu pressiono minhas coxas, tentando evitá-la.

Ele continua de olhos fechados.

— Faz alguns minutos.

Afasto minha mão, mas ele a agarra no ar e volta a pousá-la sobre seu rosto.

— Mentirosa. — O canto dos seus lábios se erguem, e eu sorrio junto.

— Duas horas, então. — Não paro de tocá-lo. Ele parece gostar muito quando eu faço isso.

Minha mão se abre quando meu percurso desce do seu rosto ao ombro largo. Eu sinto seus músculos sob minha mão, quentes.

— Por que? — Ele franze o cenho, ainda de olhos fechados. Ainda sussurrando, como eu. — Poderia ter me acordado, pequena.

— Você é mais legal quando está inconsciente. — Nós dois rimos, abafando a risada para não atrapalhar o silêncio do ambiente. — Eu só estava pensando.

— Em quê? — Sua perna atravessa o colchão, caindo sobre a minha. A mão de Noah pousa na minha cintura e me puxa em sua direção.

— Em um monte de coisas. — Aprecio o seu silêncio como uma brecha para falar ainda mais. — Sobre ontem, sobre meu pai, sobre a festa da fraternidade, sobre a torta de limão que eu tenho na geladeira. Também sobre algumas matérias chatas da faculdade, e em Corie. No futuro. Mas principalmente, eu estava pensando em como você é lindo.

— Essa palavra afeta a minha masculinidade, baby. — Ele geme antes de me responder.

Eu rio, fazendo meu corpo se mexer conforme a sacudida do meu peito. Ah não, espere, é o peito de Noah que se mexe forte. Sua risada logo toma conta de todo o quarto.

Desastre Sensual (REPOSTANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora