Desastre Sensual (REPOSTANDO)

Vinte e Dois

Noah

"Eu amo você perto de mim, mas odeio as consequências disso."

O ronco alto da moto cessou assim que a estacionei na frente da casa de Lia. Eu entrei sem cerimônia, sabia que ela estaria sozinha e esperando por mim.

Tenho medo de passar dos limites e acabar enforcando essa vadia manipuladora quando eu a encontrar. O que ela fez com a Liv me deixou puto de raiva, e eu não costumo me exceder fácil. Ela não tinha o direito de drogar a Olívia só por titulá-la uma ameaça. Ela não tinha o direito de fazer isso com ninguém, na verdade, ponto final.

E não importava se foi Josh quem me provocou, eu sabia que toda a culpa vinha dela. Ele só faria qualquer merda com sua aprovação.

A casa estava silenciosa. O escuro não me atrapalhou de encontrar a pequena porta nos fundos que levava ao jardim. Lá fora, uma enorme tenda branca fazia sombra sobre uma mesa de madeira. Lia estava sentada lá, olhando para o celular nas mãos.

— Lia! — Chamei alto em meio a um rosnado de raiva.

Conseguia sentir o ódio passeando pelo meu corpo, brincando de tomar posse das minhas ações e palavras.

— Demorou, James — disse pacientemente, sem se dar o trabalho de levantar o olhar.

Em passos firmes e barulhentos, eu avanço. Quando chego na mesa, bato forte a palma da mão contra a madeira, e Lia sequer perde o foco.

— Que merda você tem na cabeça?! Eu te mandei ficar longe dela!

— Eu te disse que nada iria me atrapalhar. — Ela deu de ombros. — O papaizinho dela conseguiu umas informações valiosas. Se ele puxar o fio mais um pouquinho que seja, nosso esquema já era. Precisávamos responder à altura. E, além do mais, a garota deve saber de alguma coisa e está dizendo tudo ao seu pai.

— O que? — Balanço a cabeça negativamente. Olivia era tão inocente nessa história quanto uma criança. — Você é paranoica! Liv não sabe de nada, eu já te garanti isso. Eu ia pegar o pacote, o plano estava indo muito bem!

— A questão é... — Ela faz suspense. — Eu não confio em você. — Lia se levantou vagarosamente e enfiou o celular no bolso traseiro da calça jeans — Veja bem, docinho. Eu não tô nem aí pro seu romancezinho clichê, e ligo muito menos ainda para a Olívia, não me importo se ela vai sair morta disso tudo.

— Então não se mete com ela, caralho! — Gritei.

— Ah, mas você vem me pedir isso agora? — Falou. — Depois de acabar com meus planos, depois de me desobedecer, e tudo isso por causa da menina? Querido, assuma que a culpa é sua, eu só estou fazendo o meu trabalho, quem colocou Olivia Hampton no meu caminho foi você.

Eu sabia, mas jamais admitiria que ela passasse por cima de mim com aquela autoridade imperiosa.

— Você a drogou — eu disse, transbordando de raiva. —. Você não sabe a minha vontade de te...

— Então denuncia! — Ela me interrompe. — Conta que eu droguei a princesinha e se fode também. Imbecil.

— Eu estava pensando era em assassinato — respondo rápido.

— Mais um crime adicionado na sua lista, Noah James.

Eu sei que não adianta de nada conversar com ela. Lia é egocêntrica e ardilosa. Ela sempre ganha. Eu não tenho outra alternativa senão recuar e cuidar da Olivia eu mesmo.

— Você sabe que isso não vai ficar assim, não sabe? — Dou um passo na sua direção, quase não conseguindo conter tanta raiva no meu peito. — Eu vou descobrir quem você usou como marionete. Um dia, eu ainda vou acabar com a sua raça.