Olivia
"O melhor jeito de prever o futuro é parar de tentar controlá-lo."
Já estava colocando meu último caderno na mochila e Corie ainda dormia feito uma pedra. Tentei acordá-la várias vezes, avisando que iria se atrasar. Até puxei o seu edredom. Nada. Nem mesmo um resmungo bravo.
As segundas sempre são assim para a maioria na faculdade: depois de uma noitada no domingo, você ganha uma ressaca no dia seguinte.
A festa foi mesmo interrompida pela polícia, mas isso nunca impediu a farra dos jovens adultos, então foram todos para outro lugar. Corie também foi, já eu fiquei em casa.
— Eu estou indo, te trago um café mais tarde — gritei enquanto pegava as chaves do apartamento de cima da mesa e saia apressada.
Nós moramos em um pequeno prédio perto do campus. É simples e velho, mas aconchegante. Não há nada além de dois quartos, um banheiro, uma varanda e uma sala contígua com a cozinha. As paredes são todas brancas e a mobília escassa. Cheira sempre a doce e vez ou outra temos problemas com formigas. Apesar de tudo, é nosso lar.
Decidimos desde o ensino médio que iríamos morar juntas, mas isso só foi possível depois de dois anos na faculdade. Nossos pais alugaram o imóvel e todo o resto das despesas é paga pelo nosso emprego na cafeteria dos pais da Corie. Não ganhamos muito dinheiro, mas é o suficiente até começarmos a trabalhar na nossa área.
Faço o mesmo percurso de sempre: dou bom dia ao porteiro antes de sair do prédio, compro um café — bem doce, de preferência — e corro para não perder a primeira aula.
Já estou no último ano da faculdade de Psicologia. No começo foi tão chato que me fez até pensar em desistir, mas depois eu fui amando cada vez mais. O mesmo para Corinne, embora a escolha dela estivesse inteiramente ligada à minha.
Chegando na sala, sentei no lugar de sempre e apenas relaxei, tentando me concentrar na aula chata. Felizmente, ela terminou rápido e acredito que isso tenha ligação com a cara de ressaca do professor. Nem cogitei a ideia de reclamar, apenas coloquei minha mochila nas costas e saí do prédio.
Percebi a falta de alunos transitando pelo campus. Parece que não foi apenas Corie que decidiu não ficar em casa. A fama de Noah James foi suficiente para esvaziar a faculdade. Resultado da festa de sábado que se estendeu para o domingo.
Desde aquela noite, não parei de pensar nele e no seu cumprimento mais que estranho. Não me entenda mal, não me veja como uma fanática iludida, é só que algo naqueles olhos me chamam a atenção. O modo como as palavras saíram suaves e engraçadas ao conversar com uma desconhecida. Admito que pensei coisas horríveis sobre ele desde que o vi pela primeira vez. Mesquinho, esnobe, metido e arrogante. Todos esses adjetivos que acompanham a fama.
Desci as escadas do prédio e caminhei, cabisbaixa, de volta para casa. Não cheguei nem na metade da calçada quando uma mão forte envolveu o meu braço. Eu estava pronta para gritar e bater como o Kung Fu Panda havia ensinado, mas todas minhas emoções foram embora ao fitar os olhos azuis que me encaravam de volta.
— Oi. Liv, certo? — Noah perguntou, soltando meu braço.
O típico "sorriso molha calcinha" que ele me dá surte o efeito desejado e me faz pensar em como meu corpo reage fácil. Pare com isso agora mesmo, seu estúpido.
— Sim. Olivia Hampton. — Consegui falar depois de alguns segundos em silêncio.
A ansiedade é como um vulcão. Uma hora está adormecida e no outro, explode. É exatamente assim que eu me sinto com segundos de conversa e poucas palavras trocadas. O sangue quer ferver. Quer tapar minha garganta, me impedir de respirar. E tudo isso por uma simples interação humana.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Desastre Sensual (REPOSTANDO)
Romansa‼️CAPÍTULOS TODOS OS DIAS‼️ Os maiores desastres são sempre os mais bonitos, não é o que dizem? Para Olivia Hampton, o desastre tem nome, um sorriso devastador e, misteriosamente, parece gostar muito dela. A estudante de psicologia não consegue acre...