Quinze

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Olivia

"Somos todos quebrados, procurando alguém que aceite apenas cacos."

Já era tarde quando nós terminamos de arrumar tudo no café. Eu e Corie voltamos para casa lado a lado, mas nenhuma palavra foi pronunciada. Por uma semana inteira ela permaneceu assim.

Abri a porta do nosso apartamento e demorei dois minutos para cair sobre o sofá, cansada. Corie sentou ao meu lado, um pouco cautelosa.

Isso não passaria de hoje.

— Vai falar agora ou eu já posso desistir de tentar?

Ela me olhou, culpada.

— Desculpa, Olívia — sussurrou e eu continuei olhando para o nada. — Eu não queria te contar, porque fiz algo errado. E agora estou me sentindo horrível por não te contar, e também por não aguentar tudo isso sozinha.

Me sentei lentamente e não comentei nada enquanto a ouvia.

— Sei que está brava.

— Ah, não sabe não — ironizei. Brava era pouco.

— Precisava de tempo para saber como iria te dizer isso.

Ela retorcia as mãos sobre o colo, nervosa de um jeito que eu nunca vi Corinne Makenzie ser.

— Uma semana é suficiente ou você precisa de um mês inteiro?

Ela reagiu gemendo de frustração.

— Odeio quando você é má — ela disse.

— Mas com razão — eu completei.

— Certo, odeio quando você é má e com razão, mas é uma história meio inusitada... — ela parou no meio da frase, como se eu fosse ler sua mente e advinha todo o resto.

— Nada mais inusitado do que você fazendo mistério. — Porque, com certeza, até o porteiro do prédio sabia da vida de Corie. O conceito de "minha vida é um livro aberto" foi inventado por ela. — Então conta logo.

Ela respirou fundo, procurando coragem, então fechou os olhos e jorrou tudo de uma vez só.

— Uma pessoa do passado voltou, e a gente acabou se envolvendo. Ele fez coisas erradas, mas está mudado agora. Ele está tentando mudar para melhor e me disse que precisava de mim para isso. E eu fui idiota, na verdade estou sendo idiota, de acreditar em tudo e ajuda-lo nisso tudo. O pior é que eu amo ser essa idiota.

Ela limpou as lágrimas que caía no rosto. Corie era difícil de chorar, então esse cara devia ser muito importante.

— Me fale logo quem é já criou coragem — pedi, aproveitando seu surto de honestidade.

Mas talvez eu preferisse nem saber.

— É o Mason, Liv. — Ela levantou o olhar até o meu e nos encaramos em silêncio, estáticas.

Aquele único nome não me era nem um pouco estranho, pois sempre antes de dormir, Corie o amaldiçoava. Seu rosto eu conhecia muito bem, mas minhas memorias mais recente dele eram nas fotos que Corie colocou fogo dois anos atrás.

Eu fui a primeira a explodir, em gritos. Logo veio ela, em lágrimas.

— Mason Andrews? O jogador de Lacrosse? — Continuei, mesmo depois que ela confirmou a identidade do cara. — O que te expulsou da cama às 5:00 da manhã com nada além de um moletom sujo? — Ela se encolheu, gemendo e chorando ainda mais. — O que foi preso por tráfico de drogas?! — Fechei os olhos. — Você é maluca.

Corie suspirou, balançando a cabeça freneticamente.

— Eu sei.

Não sei quanto tempo aquele silêncio durou. 20 minutos, 40 segundos? Foi horrível.

Desastre Sensual (REPOSTANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora