Catorze

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Olivia

"Casa é para onde você foge sempre que tem medo. Seja este um lugar, seja este uma pessoa."

Não. Acredito que estou no lugar certo, pequena.

— Noah? — Confusa, pisquei os olhos cansados de chorar para ver se aquilo não era coisa da minha cabeça.

Mas não. Lá estava ele, com os mesmos coturnos sujos, a mesma postura altiva e cheio de feridas.

Feridas recentes, ainda sangrando.

— Noah! — Desesperada, toquei seu rosto machucado. — O que diabos aconteceu?

— Já estava com saudades dos seus gritos, linda, mas será que poderiam ser sussurros hoje? Minha cabeça está doendo.

Ele tocou meu rosto e tentou sorrir, mas isso não melhorou sua cara de dor.

Nada no seu aspecto melhorou, na verdade, porque a roupa estava outra vez manchada de sangue e o cabelo, tão bagunçado quanto o normal.

— Por que você está assim, Noah? Por que está aqui e não em um hospital? — O puxei para dentro, preocupada.

Ele se sentou na cama enquanto eu fechava a porta.

— Eu...

Não o deixei terminar.

— Não minta. — Encarando-o, me aproximei e fiquei entre suas pernas, apontando o dedo acusador na sua direção. — O que houve de verdade? Se meteu em outra briga? O que você fez pra apanhar tanto? Se eu vou te ajudar, então é justo que eu saiba.

Coisa boa não poderia ser, mas eu estava disposta a ouvi-lo antes de surtar.

— Irritei um cara que não gosta de mim, foi só isso. — Sua resposta evasiva me deu raiva.

Ele tentou me tocar, mas eu afastei suas mãos hábeis.

— Por que? Em que merda você se meteu? Drogas? Comeu a mulher do cara? Foi o mesmo da última vez, não foi?

Ele se encolheu com as insinuações.

— Eu não te dei motivos pra acreditar que eu sou assim.

Ele pareceu triste ao falar, e aquilo tocou em uma parte muito sensível minha. Àquela que, pouco a pouco, perigosamente, se tornava dele.

— Mas não pode me julgar. Eu tô no escuro aqui. É a segunda vez que você me aparece assim, Noah. — Voltei a me aproximar dele, porque já estava ficando difícil respirar. — Me conta o que aconteceu.

Minha voz saiu fraca e tímida. Eu não deveria ter usado desse tom ferido, mas a verdade era que estava pouco me fodendo para como ela soaria.

Ele respirou fundo e levantou as mãos em minha direção. Dessa vez, seus olhos pediram permissão antes de tocar o meu corpo, e eu cedi.

— Sabe quando você tem um dia horrível e só quer chegar em casa? — Disse, acariciando minhas ancas por baixo da camisa fina.

— Eu sei. — Depois de hoje, entendi realmente a sensação.

— Então. Hoje é um desses dias. — Não me olhou, mas seu olhar estava em várias partes de mim. Na barriga que suas mãos tocavam, nas pernas, nos seios e em qualquer parte que ele pudesse fitar por alguns segundos. — Eu e esse cara, a gente tem um histórico de brigas por bobagens do passado, e ele me irritou muito.

— Você disse que você que tinha irritado ele. — O interrompi.

Noah sorriu gentilmente e apertou minha cintura como um comando para que eu calasse a boca e o deixasse terminar.

Desastre Sensual (REPOSTANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora