capitulo 55

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O silêncio seguia. Mas era pesado, quase denso e palpável. Sabia o que queria dizer. Aquele maldito velho cruel que destruiu a vida dos filhos iria aprontar e apenas esperava como um cervo pronto pra correr de um leão. Mas eu tinha o poder de um coiote ao meu lado. E ele não tinha nada.

Meu prato apenas restava a massa de ravióli de carne moida e algumas batatas com rostos. Olhei pro Julio e ele assentiu.

- troca. - falamos e trocamos de prato. Comecei a comer o nhoque e suas azeitonas e sorri.

- Pantera ? Por que tal nome ? - Dominic se pronunciou. Julio o olhou e limpou o molho da boca com o papel toalha.

- meu uniforme se parece com o uniforme do Pantera Negra da Marvel. Kat, Kaio e Nina dizem isso, na verdade. Eu adotei o nome porque me lembrava das histórias que Lucy criou quando criança. A pantera que se juntou a raposa para matar o Rei, o leão, que matava a todos que se opunham a si e que não pagavam suas dividas em seu reino. Um casal de irmãos coiote se uniou a eles e juntos eles derrotaram o Rei. O coitote morreu pra salvar a raposa que estava apaixonado, a raposa se sacrificou pela irmã coiote para salva-la pra provar que poderia ser boa e o pantera se matou pra poder matar o rei, se atirando da montanha. A coiote assumiu o trono em nome da amada pantera para honrar o que ele criou, uma rebelião que salvou a todos. - Julio contou e eu sorri o olhando.

- ainda se lembra disso ? - perguntei e ele assentiu.

- claro que lembro. É ainda melhor que a da Viúva Negra. - ele disse e eu ri.

- parece legal, Lucy. Quantas dessas você criou ? - Breno perguntou e eu ri.

- em torno de quarenta. Eram contos pequenos - dei de ombros e ele sorriu.

- parecem interessantes e... excêntricos. - ele brincou e eu ri irônica.

- lidavam com honra e misericórdia. Eram maravilhosos, então no zombe. - falei e ele riu assentindo. Vi uma sombra atrás de mim e olhei pra trás vendo Julio abaixando o braço. - babaca de carteira assinada. - xinguei e ele revirou os olhos.

- souberam que vão trabalhar juntos ? - Mick perguntou e o olhamos.

- sim. Vamos treinar eles, não é ? - Julio disse e eu assenti.

- vai ser engraçado. O Julio é mais paciente que eu quando se trata de ensinar ou lutar. Mesmo tendo sido treinados pela mesma pessoa, nossa luta é diferente. - falei e Dominic gesticulou.

- treinados pela mesma pessoa ? - perguntou e eu ri.

- eu fui aperfeiçoada pelo Grego, mas fui treinada pelo meu avô assim como Julio. Ex-militar que queria que soubessemos nos defender e quem sabe vir a ser militares, e talvez, ditadores. - falei e ele pareceu interessado.

- seu avô era um homem bastante peculiar. - ele disse e eu ri.

- era um homem bastante excêntrico. Ele queria um comunismo em uma mistura liberalista. Seria um governo liberalista em todos os sentidos mas ainda seria um governo, mesmo chegando quase a uma anarquia. Suas lamúrias causavam controvérsias da nossas parte e ele se prendeu em suas lamentações e horas no sotão e porão apenas para provar que estava certo. Ele morreu de alzheimeir. - contei e ele franziu o cenho.

- alzheimeir ? - perguntou e assenti.

- sim. Mesmo que minha família não tenha histórico da doença, no caso, qualquer doença degenerativa. Acho que o fato de nós não morrermos por causas naturais seja pela sua experiência com os soviéticos como retribuição em ajudar a combater uma estadia dos nazistas na Itália na Segunda Guerra. Foi depois que conheceu minha avó que revelou seu presente secreto que ganhou naquela época. Um tipo de vitamina que deixa o sistema imunológico puro o suficiente pra prever qualquer doença. Era o que ele dizia pelo menos. Claro que era apenas mais uma de suas loucuras. A prova é a gripe recente do Julio. - expliquei e Julio acenou quando ouviu seu nome.

O Idiota Do Meu PrimoOnde histórias criam vida. Descubra agora