O Idiota Do Meu Primo

capitulo 47

- abre o jogo, Julio. - Kat pediu depois de um minuto de silêncio da nossa parte.

- ontem houve uma reunião. Dias atrás, foi desastre após desastre. Soubemos coisas, experimentos que o The Street está fazendo. Coisas que apenas a The Bad sabia. - Julio fez uma pausa e eu assenti.

- por isso pedi um relatório da The Bad. No dia em que você me pediu pra ir atrás daqueles traidores porque queria um caso, foi um desastre. Me caçaram e prenderam como uma aberração. Fui vítima de um experimento porque... - parei e olhei pro Julio.

Contamos ? - perguntei em pensamento e ele suspirou.

Precisamos. - respondeu e eu encarei a tela do computador suspirando.

- o que ? Por que foi vítima de um experimento ? - Kat perguntou e eu mordi o lábio.

- pode parecer estranho mas é a realidade. Desde criança, nosso sistema imunologico e nossa capacidade de cura era grande demais. Um corte que demoraria semanas para cicatrizar, se curava em apenas horas. Uma perna quebrada que se curaria em meses, demorava semanas e assim por diante. Nunca demos bola, pensávamos que nossa família era assim porque nosso avô já havia se infiltrado com soviéticos durante a Segunda Guerra e era apenas questão de juntar os pauzinhos. Pensávamos que ele havia sido vítima de experimentos que o beneficiaram assim como outros soldados, por isso demorou tanto pra ele morrer. Nosso avô já era outra história. Aos 22 anos foi participar da FEB pra combater soldados italianos. Quando ele voltou, conheceu minha querida avó, entre 1943 e 1946. Ele costumava dizer ter participado de uma guerra entre Paraguai e Uruguai. Mas como nessa época não há registros de guerra nesses paises, ele foi pra lá pra lidar com tráfico ou algo que não sabemos, talvez até pra ajudar na fabricação de armas. Ele voltou pro Brasil e passou a viver em Minas Gerais onde haviam nascido e passaram a viver, já que haviam se casado pouco antes. Anos depois se mudou pra São Paulo pra melhor condição de vida. Osasco era um lugar perigoso, mas ele mal se importou.

Fiz um pausa e encarei o Julio.

- nosso avô tinha suas crenças. Ele acreditava em coisas completamente absurdas. Era um louco, sádico e sem noção. Quando éramos menores ele dizia que concordava com o movimento socialista, que de qualquer modo o capitalismo era um comunismo disfarçado. Ele dizia que a liberdade completa de tudo, não traria ruína, traria benefícios. Ele achava que se liberasse as pessoas não gostariam mais. Ele dizia coisas sobre a pena de morte ser feita apenas a assassinos, uma vida paga com a própria vida. Prisão seria feita aqueles que se opunham a seu poder. Era tudo uma grande maluquice. E seria apenas lamúrias de um velho se não tivesse criado a The Bad. Pelo menos é o que achamos. - Julio contou e Kat prendeu a respiração, surpresa. Kaio e Grego apenas esperavam o resto sem esconder o espanto no rosto.

- nosso avô criou um bar próximo da propriedade que é nossa casa. Minha mãe nem era nascida e nem o pai do Julio. Esse bar hoje é de frente pro The Street. Aquela facção era construída por um círculo enorme de famílias ricas que pensavam como ele e contribuíam com experimentos. Ele e o Friedman eram os que fundaram. Depois iam pra Fonseca, Thomas, Jenkens, Ribeiro. Tudo em pról a um movimento fodido. Anos se passaram criando experimentos e mais experimentos. Eles queriam um exército forte pra combater o governo e qualquer um que interferisse, vulgo Estados Unidos. Esses experimentos eram pra fazer uma multação. Transformar alguém em algo forte, poderoso. Ele começou testes misturando sangue de animais com quimicos e gases. O tempo foi passando e com isso ele descobriu que as famílias contribuentes estavam apenas querendo seu experimento. Eram contra o movimento. Queriam uma guerra, destruir o governo e fazer um movimento comunista por cima de uma ditadura completamente liberal e burra.

Parei e bufei. Era algo babaca o suficiente pra me deixar irritada. Julio suspirou.

- ele e Friedman deduraram a facção, se juntando com amigos para se esconder, pelos registros que Grego passou, já que dois anônimos deduraram a facção foram os "únicos" a sair ileso. Quando a facção se acabou não houve comprovantes de que a experiência deu certo. - Julio disse e eu bebi um pouco de café.