capitulo 29

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Acendi o cigarro e o levei a boca, dando uma única tragada. Baforei a fumaça pra cima e brinquei com a bebida usando a única mão livre - a que segurava o cigarro. O braço quebrado nem doía, parecia normal mesmo com todo o esforço da noite. Aquele desejo e calor que sentia parecia ter ido embora. Meu corpo carregava uma serenidade perfeita. Parecia que ele queria que soubesse das coisas que descobri essa noite. Eu me sinto em um livro de guerra entre anjos e demônios e eu sou apenas um dos brinquedos dos demônios.

A música tocava calma ainda aquela que permitia as garotas, - aos pedaços ao meu redor agora - antes, dançarem. O Dj era inteligente pelas palavras que me falou enquanto pedia clemência, mas sua cabeça servia ainda melhor como apoio para os meus pés cansados de tanto correr de saltos. Todos lutaram com honra, mas nenhum morreu sem antes pedir e implorar pela vida dizendo que nunca iria contar nada. Todos mentirosos.

Mas ainda sim, aquela angústia me prendia demais aos únicos pensamentos profundos da noite. Se Russo e Monteiriny descobrissem que eu e Julio somos os experimentos genéticos do meu avó e papai dos Friedman, ele iria querer nos usar para fazer mais experimentos. Descobrir a fórmula, nos matar e por fim ganhar o mundo com seus planos com a The Bad. Cruel.

Com tudo, mesmo sabendo que estava completamente fodida, ainda queria descobrir mais coisas sobre a The Bad. E agora estou aqui, sentada de costas pra porta que escondia mais um dos segredos que precisava desvendar. Ainda merecia um descanso, porque sabia e sentia em minhas veias o que estava por vir. Caos.

Ouvi palmas atrás de mim e mas não quis me virar. O som dessas palmas diziam o quão sarcástico e irritado era o humor dessa pessoa. Era arrogante, e pessoas arrogantes tendem a ser líderes.

- mas que obra magnífica. - disse e eu sorri. Seu tom de voz era reconhecível em audácia, arrogância, petulância e por fim, loucura.

- obrigado, também
gosto de como o vermelho do sangue deles fica nas paredes. - me atrevi a dizer e então virei o rosto. Era um homem velho de cabelos brancos e olhos azuis. Ele usava óculos e um casaco caro. Sua postura demonstrava imponência e uma arrogância sem tamanho, mas seu sorriso demonstrava uma loucura completamente psicótica. Ao seu lado dois guardas de terno ficavam em uma postura firme e até grossa. O modo como eles estavam dava medo.

- então é verdade ? Existe mesmo um experimento que deu certo de verdade ? - perguntou e eu ri me levantando. Chutei a cabeça que estava abaixo dos meus pés e dei uma outra tragada. Assoprei e joguei o cigarro no chão.

- na verdade, sinto dizer, mas meu nome é Viúva Negra e eu não tenho nada haver com experimentos. - falei e ele riu irônico.

- se você é a Viúva Negra, por que matou dos nossos ? E por que tudo isso de uma forma tão grotesca ? - perguntou e eu ri irônica.

- porque além de um meio de descobrir verdade sobre coisas que ninguém me fala, é um meio de fazer o Grego acreditar em mim. E além disso, morte me acalma. - falei e ele assentiu.

- e por que suas unhas são assim ? - perguntou e eu ri.

- são implantes que coloquei. Gosto do modo como isso corta a carne. Me diz, quem é você ? - perguntei e ele riu.

- tolice a minha. Sou Álvaro Fonseca, um dos integrantes da The Bad contratado pelo The Street pra estudar sobre os experimentos. - falou e eu assenti. Me sentei e cruzei as pernas ainda o encarando.

- Álvaro, me diga, por que achou que eu era uma experiência ? - perguntei e bebi um pouco da minha bebida. Ele riu irônico

- eu não achei, tive e tenho certeza. Seus olhos brilham quando está lutando. Suas unhas são como garras. Você tem a velocidade de um leopardo e a força de um urso. E uma agilidade e esperteza de raposa. - ele disse e eu ri, quase engasgando. Engoli a bebida.

O Idiota Do Meu PrimoOnde histórias criam vida. Descubra agora