capitulo 59

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As portas se abriram, me fazendo dar de cara com Mick com os as mãos nos bolsos na jaqueta. Ele me viu e eu sorri caminhando até ele.

- cadê os outros ? - perguntei e ele olhou pra cima, fingindo pensar.

- Ella correu com o Julio pra ver a paciente dele que tem Lúpus, e na linguagem dela, é inacreditável. E o Breno saiu com a Milena no carro dela, devem estar indo pra casa dela conversar. Ele pediu pra te avisar que foi embora com ela e da casa dela, ele pega um uber. Se conheço ele, ele não vai se segurar, se sentir culpado depois e te contar. - respondeu e eu assenti.

- que droga. - disse e ele assentiu. - vamos esperar. - ele deu de ombros e eu sorri.

- vamos pra fonte, é mais calmo do que aqui dentro. A noite tá fresca. - murmurei e seguimos juntos pra fora. Saímos e olhei pra cima nas estelas que por estar muito tarde e boa parte das pessoas dormia deixando as luzes dos prédios apagadas, podiam ser vistas no céu. - eu disse a verdade. Quando disse aquilo na sala. Não pra te acalmar. Eu realmente me importo, eu não sei porque. - murmurei e o olhei.

- me conhece a...

- dois dias, eu sei. - disse e parei na sua frente. - mas eu gosto de você. - falei e ele me olhou.

- que eu me lembre, ontem a tarde depois da reunião de admissão, você era quem não confiava em mim. - ele disse e eu suspirei.

- Mick, eu não menti, não confio nem na minha própria sombra. Mas sei que posso confiar em você. Porque você quer ajudar e parece ser uma pessoa boa. Se estivesse mentindo, nem teria te apresentado ao Ian. - assegurei e ele riu irônico.

- Lucy, se isso for um truque pra conseguir...

- pense o que quiser sobre mim, Mick. Mas quero que saiba que eu confio em você e que pode confiar em mim. Eu... eu não gosto de mentir ou de usar as pessoas. Gosto de matar, acho melhor do que mentir na maioria das vezes. É por isso que eu sou tão ruim em mentir. - disse e Mick suspirou.

- entenda, por favor. Lucy, eu não confio facilmente nas pessoas. Minha mãe morreu dizendo para cuidar do meu irmão. Pra nunca deixar que Dominic o tomasse. "Não confie em ninguem. Cuide dele mesmo que ele não seja seu irmão por inteiro." - ele disse e eu sorri.

- eu sei como é. - disse e ele negou.

- não. Tem uma mãe que te ama e uma família que não depende você e dos seus segredos. - ele disse e eu sorri.

- não ouviu minha conversa com a Ella na cozinha, não foi ? - perguntei e ele negou.

- não costumo ouvir o que as meninas conversam na cozinha. - ele deu de ombros e eu ri.

- isso foi machista. - falei e ele negou de novo.

- literal. - corrigiu e gesticulou. - Ella costuma conversar com todos na cozinha. É onde ela fica mais calma. Não tem barulho e meu pai quase nunca vai lá porque a empregada faz tudo por ele. Deixo ela com a vida privada e eu fico com a minha. - ele murmurou e eu sorri fraco

- meu avô queria que minha mãe me abortasse. Ele tinha 80 anos quando ela apareceu grávida na sua casa. Seu modo de pensar era antigo e minha avó era a liberal. Não queria que ela sofresse nas mãos da sociedade e ele não queria sofrer nas mãos da sociedade. Todos os cinco filhos de Robert eram espertos e fugiam pra cidade grande quando tinham a chance pra se divertir longe de um lugar onde tinham que viver presos estudando. Meu tio Eduardo morava no casarão ao lado do meu avô com a esposa que ele abusava. Todos sabiam, ninguém julgava porque era algo que não cabia a ninguém. Até porque meu vô dizia ser merecido por todas as vezes em que ela se deitou com outro homem. Ele morreu em um incêndio com ela em 2009 depois de uma discussão sobre ela voltar pra casa, já que ela fugiu pra morar com a amiga meses antes. Os corpos foram encontrados com ele de joelhos segurando sua barriga enquanto ela abraçava sua cabeça. Foi uma explosão por um vazamento de gás. Combustão instantânea. Ele era o pior dos irmãos porque era fiel demais ao Robert. Ele mataria a família por ele. E julgou minha mãe quando ela implorou ajuda.

O Idiota Do Meu PrimoOnde histórias criam vida. Descubra agora