capitulo 9

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- tá carente demais pro meu gosto - ele disse e eu beijei sua bochecha.

- obrigado pelo elogio-não-elegio - falei e ele revirou os olhos.

- o que houve com vocês ? - Fernanda perguntou e suspiramos.

- muita coisa - respondemos e ela assentiu desviando o olhar.

- não nesse sentido - falei e ela assentiu. Julio piscou pra mim jogando a azeitona pra cima. - espera. Você tá tirando o caroço ? - perguntei comendo uma batatinha com carinha sua. Ele riu.

- eu sou mongo, mas nem tanto - falou e eu ri.

- não sei né ? Benefício da duvida sempre. - falei e ele me deu um tapa na perna. Encarei a Fernanda - amanhã vamos ensaiar. - falei e ela suspirou.

- pelo menos uma vez - ela disse e eu assenti.

- por que estão demorando tanto pra ensaiar ? - Math perguntou e eu dei de ombros.

- tô resolvendo umas coisas com o Julio e... Para de me encarar desse jeito - falei pro Julio que riu me dando um selinho.

- desculpa. - falou e eu revirei os olhos.

- que coisa ? - Math perguntou e Julio o encarou de olhos semicerrados.

- coisas relacionadas a nossa familia. Talvez saberia se não tivesse, sei lá, sido insensível - Julio disse e eu o belisquei.

- contou pra ele ? - Math perguntou e Julio me encarou com a sobrancelha erguida. Ri irônica.

- contei o que ? Que você realmente é um dos motivos de eu ter pesadelos todas as noites. Na verdade, sinto muito, mas sim - falei e ele riu irônico.

- eu não fiz nada de errado - ele disse se levantando. Ri me levantando.

- tem razão. Só não deu a mínima pra idiota da sua namorada que ficou 3 meses na porra de uma cama de hospital e mais 2 meses depois da cirurgia pra tirar a porra do feto do seu filho daqui. Também, estava preocupado demais em pegar todas as minas que aparecessem na sua frente por causa da cadeira de rodas idiota que você me culpa por ter usado. Não sei se lembra, mas quem estava no volante era você. Quem dirigia em alta velocidade foi você. Quem perdeu a porra do seu filho fui eu. Quem sofreu fui eu seu idiota metido a pegador. - gritei e ele me encarou com raiva.

- acha mesmo que eu não senti nada ? Acha que o meu filho não teve significado pra mim ? - perguntou e eu ri.

- na verdade, acho. Se tivesse tido teria feito o mesmo que eu e ainda estaríamos juntos. - falei e ele riu irônico.

- desculpa se eu segui minha vida sem tentar me matar por causa do passado - falou e eu dei um tapa nele.

- eu sofri sabe ? Três porras de meses em uma cama de hospital em coma, mais duas porras de meses depois de uma cirurgia de risco pra tirar o feto do meu filho da minha barriga. O feto morto do meu filho. E é claro, mais dois meses me entregando a tudo de ruim no mundo pra ver o sofrimento saindo de mim. Mais outros seis meses em uma clínica de reabilitação para drogados e bipolares malucos. Eu não era nada disso, mas sofri como eles. Eu sai de lá e sabe quem eu encontrei ? Você com cheiro de maconha me buscando. Fomos a um bar e eu perdi tudo outra vez. Você acordou no outro dia renovado e me ligou falando que aquilo foi ótimo e que nunca mais usaria. Me deixou na porra da sarjeta. Acha mesmo que eu estou errada sobre você e seus sentimentos incomuns ? Eu estou chateada porque o idiota que eu era apaixonada e que iria ter um filho virou um lixo tóxico em pessoa. - falei tudo de uma vez já chorando. Ele me encarou inexpressivo e eu senti aquela cicatriz doer. Braços tomaram minha cintura e eu abracei o Julio que sorria fraco pra mim.

O Idiota Do Meu PrimoOnde histórias criam vida. Descubra agora