Capítulo 3

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Black

Nunca me senti tão sufocado como estou agora dentro desse terno caro, Alexa me disse que era uma boa forma de me apresentar para Lisa e mostrar para ela que sou um homem sério. O único problema é que faz tanto tempo que não uso um terno, (isso é coisa da minha antiga vida), que hoje em dia faz com que me sinta um completo estranho.

Sem contar com todas as piadas que estou tendo que ouvir de Tayler e Bishop. Os dois filhos da puta ainda vão me pagar por isso.

Eu odeio aviões, não me pergunte porque, talvez seja o fato ne não saber voar e se alguma merda acontecer, não ter controle. O psicólogo que meus avós me levaram quando era pequeno disse que o medo de altura é resultado da falta de controle sob uma determinada situação.

De um jeito bem irônico eu não me sinto no controle de nada agora, e a única coisa que me tranquiliza é saber que Alexa tem o controle de tudo.

Alexa me explicou a situação e deixou claro em termos jurídicos que o que aconteceu foi totalmente ilegal, uma vez que não foi averiguado se havia algum parente próximo da criança, e mesmo que eles contestem a minha versão, os médicos e enfermeiros do hospital não poderiam ter aceitado a palavra de uma paciente que estava no estado em que ela estava.

É tão engraçado quando a gente para de se culpar por uma situação, eu sinto como se o luto em que eu estava vivendo finalmente chegou ao fim e agora tenho algo pelo que lutar, alguém por quem viver. E nada e nem ninguém vai me impedir de ter o que quero.

Traduzindo, eu vou ter a minha filha por bem ou por mal. Só espero que seja por bem, porque não quero que Lisa se torne minha inimiga. Alguma coisa nessa mulher faz com que queira ser mais, ser alguém melhor.

- Já vamos pousar. – Alexa fala se sentando ao meu lado.

- Finalmente. – Agora falta pouco para ter a minha filha.

Alexa me dá um sorriso confiante, o mesmo sorriso que ela me deu quando estava me convencendo a colocar a porra de um terno.

*****

Estou sentado longe de todos, por mais que goste da presença dos meus amigos aqui, esse tempo sozinho para pensar o que vou dizer para a minha filha e como vou tentar me aproximar dela é muito importante.

- Logo vamos pousar, você precisa ir pôr o seu terno no banheiro. – Diz.

- Não vou usar um terno. – Falo.

- Nem mesmo por sua filha? – Pergunta. – Porque se for lá vestido dessa forma eles não vão te deixar chegar perto do prédio, que dirá da dona.

Esse maldito argumento foi tudo o que precisei para me levantar e ir colocar o maldito terno. Quando eu era mais jovem os meus pais e meus avós queriam que eu assumisse os negócios da família, e quando me imaginei preso dentro de um prédio sem fazer nada de útil da minha vida e usando um terno todos os dias, recusei a oferta e fui viver a minha vida com Blair e mais uma vez as coisas não saíram como o previsto.

*****

A voz piloto me tira das minhas lembranças, ele está avisando que logo iremos pousar na JFK.

- A espera está me matando, não vejo a hora de falar com essa mulher e fazer valer o meu direito como pai. – Digo.

- Eu te entendo, mas tem que ir com calma. – Claire diz sentada na mesa do outro lado do avião. – Esse nervosismo só vai te fazer passar mal.

- Diga isso para os meus nervos, não consigo controlar.

Claire apenas sorri para mim e eu fico tenso quando o avião começa a fazer a manobra de pouso. Mais uma vez eu digo, se fosse para mim voar teríamos nascido com assas e não pernas.

5 - Ela é Minha/ Royal MC 5Onde histórias criam vida. Descubra agora