Capítulo VI

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Ravena já estava entrando em colapso por não ter nada que fazer. O dia inteiro ela ficava levantando da cama, indo para a janela, andando de um lado para o outro, bordando, tocando, deitando e, além é claro de perguntar quando sairia daquela cárcere.

- Se você conseguisse parar quieta, talvez, se recuperaria mais rápido. - Amélia falava nervosa todas as noites em que trocava as compressas para a febre.

Ela tinha consciência disso, mas sua mente não deixava que esse descanso acontecesse corretamente. Sempre foi assim a vida toda, a agitação e a vontade de se manter ocupada ao máximo para a mente funcionar de maneira lúcida. Algo que agora parecia longe de acontecer, seu cérebro parecia com uma corrida louca de pensamentos desconexos.

Outro problema que ela tinha era a solidão de ficar no quarto, as pessoas tinham que trabalhar e ela não poderia ficar pedindo atenção igual uma criança pequena. Assim ela se via longas horas completamente infeliz no seu amplo quarto. Tailin a visitava às vezes, mas tudo muito rápido, Amélia aparecia com sua comida nas horas programadas e ficava um pouco para conversar, a noite as duas ficavam juntas e Adam aparecia todos os dias, mas parecia preferir horários, na qual ela estava dormindo.

Frustrada com tudo isso ela pegou o violino e ficou durante longos minutos tocando músicas raivosas. Seus braços doíam, junto com sua cabeça e ombros.

- Tocando de novo? - Adam falou entrando no quarto, carregava um livro.

- Sim... - Ravena falou guardando o violino, estava suando frio.

- Deveria está na cama. - ele colocou a mão na testa dela e fez uma careta.

- Não fale igual a velha curandeira. - Ravena tirou a mão dele do seu rosto - Já estou bem melhor. Faz duas semanas que estou presa nesse quarto, pensei seriamente em pedir resgate pelas cartas ao meu pai.

- Como pretende fugir? - ele disse rindo.

- Deixar meu cabelo crescer e permitir que ele suba pelas minhas tranças. - Ravena disse rindo e se sentando na cama.

- E em vez do seu pai pode subir um príncipe. - Adam falou debochando da garota.

- Dispenso! - Ravena disse ficando ligeiramente mais pálida- Preciso de outro plano de fuga.

- Qual é o problema? - Adam disse um pouco preocupado, sentando no sofá.

- Nada, é só que... - Ravena ainda não estava pronta para falar sobre quem havia proposto para ela se tornar concubina, ainda era constrangedor de mais - O final dessa história não é legal. Sabe? Com aquele negócio todo de cegueira e a menina vivendo no deserto...

- Da maioria não é... - Adam disse dando um sorriso triste.

Ravena sorriu de volta, era tão bom conversa com alguém disposto a ouvir e entendê-la. Virou sua cabeça para a janela, mais neve caia, a nevasca ia se perdurar.

- Seu sorriso... - Adam falou, Ravena voltou o olhar para ele - Ele é bonito.

Ela corou, normalmente as pessoas a elogiava só os seus olhos, parecia que seu rosto se resumia aquilo, ficou feliz por outra coisa chamar a atenção de alguém. Adam tirou uma rosa escondida do bolso do casaco e colocou em um vaso já cheio delas, cada uma era um visita diferente. Ravena sempre olhava aquilo e se sentia extremamente cuidada.

- Peguei um livro para você... - Adam deu o encadernado para ela - É um tema que você gosta.

- Deixa eu adivinhar? - Ravena disse dando uma risada - Lendas?

- Lendas.Ravena?

- Sim... - ela respondeu olhando para o sumário do livro.

- Você estava do lado de fora da minha porta na noite que você se perdeu na ala principal? - ele falou sério, bem mais do que costume.

Rosas Vermelhas [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora