Ravena sentia seus braços tão doloridos que se ela os levantasse lágrimas escorriam pelo seu rosto e ela tinha que parar. Adam acabou sendo o responsável em ajudá-la a fazer coisas básicas, como levantar algo ou comer.
Aquele dia tinha passado tão rápido, que os dois se viam olhando para o Sol no ponto de se por quase implorando para que ele ficasse mais.
- Será que você pode não ir? - Adam disse amarrando o cabelo dela sem jeito.
- Você viu meu rosto... - ela sussurrou de volta - Não quero passar por isso.
Adam fez uma careta, o local onde o rosto de Ravena estava vermelho ganhou um tom roxeado, parecia que os boatos do príncipe Gaspar bater nos criados eram verdadeiros, tanto quanto aos que diziam sobre o humor do próprio Adam.
A imagem da garota daquele jeito fazia seu peito inflar de raiva e quase transbordar. A sua vontade era ir atrás do príncipe e socá-lo até que o rosto dele ficasse amassado.
- Já viu algo assim acontecer? - Ravena falou olhando para ele
- Isso o que? - ele falou tentando não encarar o hematoma
- Mulheres apanhando. - ela disse suspirando - Eu tinha uma vizinha que o marido batia muito nela. Era assustador...
- O que aconteceu com ela?
- Um dia - Ravena falou olhando para longe - Ela sumiu... simples assim. Um dia ela estava lá e no outro se transformou em uma lembrança.
- Por que você está pensando nisso? - Adam falou preocupado
- Porque era só nisso que eu pensava. Eu estava contando os dias em que eu me tornaria nessa lembrança, me perguntado se era assim que ela se sentia. - os olhos dela se encontraram com os do dele - Eu estou com medo...
- Se você não estivesse, eu me preocuparia. - ele se aproximou dela a abraçando.
- Não espere... - ela disse aceitando o abraço - Que isso seja o suficiente para que eu te perdoe. Ainda vamos conversar sobre tudo.
- Eu sei. - ele disse sorrindo triste- Não ia querer algo diferente.
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Dois dias, dois dias para o assassinato do príncipe Gaspar. Mesmo que ela estivesse preocupada pela falta de plano, só de imaginar em sair daquele lugar inteira, fazia o coração se encher de esperança e criar coragem o suficiente para ela passar por mais um jantar.
- Parece melhor, Ravena... - Gaspar disse observando o garfo da menina ir até sua boca sem tremer.
- Estou melhor sim, obrigada. - ela falou com calma tomando mais um gole da sopa.
- Por que a senhorita nunca bebe? - ele perguntou olhando para o copo dela cheio do vinho.
- Não gosto de bebida com álcool, senhor. - ela falou olhando receosa para o príncipe na sua frente
Ele deu uma risada seca bebendo mais, hoje em especial ele estava apreciando a mais o vinho. Duas garrafas vazias estavam na sua frente e os olhos dele sempre gelados estavam apenas vagos. Mas a pior parte não era isso, e sim, quando ele ficava em silêncio por um momento e a encarava mordendo o lábio, o coração de Ravena disparava e ela tentava de todas as maneiras disfarçar o seu desconforto.
- Quantos anos você tem mesmo? - ele disse corrigindo a postura na cadeira.
- Dezenove, senhor... - ela disse olhando para baixo
- Dezenove. - ele falou a palavra, quase a saboreando - Já é uma mulher...
Ravena sentiu um frio enorme na espinha descendo, a garganta ficou seca e a coragem de olhar aquele homem no olho sumiu, parecia que ela ficaria congelada ali para sempre. Ela escutou a cadeira sendo arrastada e passos até o seu lado, uma mão pegou o seu queixo a fazendo olhar para cima.
- Já é uma mulher, mas nunca foi tratada como uma! - ele disse como se aquilo fosse um absurdo - Vamos mudar isso.
- O que você quer dizer? - a voz dela saiu assustada e desesperada
- Senhor. Se lembre de falar isso sempre! - ele falou um pouco irritado - Eu quero dizer que eu irei fazer o que Adam tinha que ter feito! Amanhã você vai ser minha!
Ravena sentiu o seu corpo gritar por socorro. Ela não queria aquilo, sentia tanta repulsa por aquele homem que só de sentir a mão dele em seu ombro a fazia querer recuar o mais longe possível, porém já tinha aprendido que isso era uma opção idiota.
🌹
Ravena nem tinha acabado de ouvir a porta do quarto fechar quando ela correu até a janela abrindo desesperadamente para vomitar todo o jantar. Adam correu até ela segurando a sua cintura, temendo que ela caísse da janela.
- Ravena, o que houve? - ele disse quando ela já parecia melhor.Ela se virou e olhou para o rosto do rapaz, os olhos verdes dele brilharam, estavam claramente preocupados e assustados. Como ela iria falar o que aquele homem horrendo tinha proposto? Como explicar que ela não conseguia recusar pelo medo que sentia? A vergonha tomava conta dela.
Um barulho estranho aconteceu no canto do quarto, os dois olharam para aquilo sem acreditar, a parede foi aberta e ali Edgard entrou junto a criada velhinha. O príncipe sorriu para a senhora balançando a cabeça em forma de agradecimento.
- O encontrei tentando entrar pelas muralhas, senhorita. - a velha disse com calma - Creio que seja seu visitante.
- O que? - Ravena se levantou olhando assustada para a mulher.
- Eu sou sua criada... - a mulher falou calma - Sua sombra. Tudo o que você faz, eu vejo, tudo o que você fala, eu escuto. Ordens do senhor.
- Ele...? - a garganta da garota secou.
- Ele nunca pediu para que eu falasse algo. - a velha sorriu com malicia - Só que eu ficasse de olho em você.
- Por que? - Ravena disse se aproximando da anciã.
- Porque a gentileza merece ser correspondida. - a velhinha sorriu - Você foi a primeira pessoa que, apesar do seu berço, se importou em falar comigo.
- Senhora Sara... - Edgard disse para a criada - Se você deseja poderia ir até os cavaleiros que estão escondidos na mata. Eles irão cuidar de você.
- Obrigada... - a mulher disse dando mais um sorriso, era muito bonita - Senhorita, não deixe que Vossa Alteza faça o que deseja com você.
- O que? - Adam falou desconfortável, olhando Ravena
Ravena não respondeu, tinha que primeiro agradecer a senhora na sua frente, mas como? Ela não tinha feito o suficiente para ter sido agradecida daquela forma, nem o nome dela ela tinha perguntado. Começou a se perguntar o que aquela velhinha tinha passado e sofrido a vida toda, afinal, ela considerava gentileza uma pequena pergunta. Sem saber o que fazer abraçou a anciã.
- Ah! Criança...
- Obrigada!
Sara saiu pela porta e Ravena ficou observando até perder a luz da vela da mulher de vista. Assim que isso aconteceu abraçou Edgard muito feliz em vê-lo, quase riu ao pensar que se falasse desse sentimento com ela mesma há quase um ano atrás isso seria um grande choque.
- O que ela quis dizer com Gaspar fazer o que quiser com você? - Adam disse assim que ela terminou de cumprimentar o irmão.
Ravena ficou vermelha e desviou o olhar, aquilo foi o suficiente para Adam compreender, abraçou a menina. Edgard piscou algumas vezes completamente confuso da situação em que se encontravam.
- Ravena, depois falamos sobre isso. - Adam falou sério - Mas agora temos uma guerra para ganhar!
- Uma guerra para ganhar! - ela disse colocando a mão na frente do corpo esperando que os outros dois colocassem a deles em cima.
- Sério? - os irmãos falaram ao mesmo tempo olhando com descrença para o gesto da garota.
- Chatos!- revirando os olhos, ela abaixou a mão.
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Rosas Vermelhas [Concluída]
FantasyGANHADOR DO CONCURSO PALAVRAS DE OURO COMO MELHOR CASAL Muitas pessoas sonham e ter uma vida incrível, cheias de riquezas e poderes, mas Ravena não. Ela apenas sonham ter o suficiente para sua sobrevivência, porém devido a sua beleza acaba chamando...