Rosas Vermelhas [Concluída]

Capítulo XXX

Adam mandou as outras duas pessoas que estavam dentro do quarto falaram mais baixo, apagou o candelabro que ficava distante da cama e fechou a janela. Sentiu vontade de colocar algo debaixo da porta, mas não tinha ideia do que poderia fazer isso. 

- Temos um exército? - Raverna perguntou fechando a porta da parede

- Sim, deixei um número mínimo nas defesas. - Edgard disse sério - Se isso aqui não der certo... 

- E vai dar! - Adam falou se aproximando do grupo. 

- Tem que dar! - Ravena falou um pouco mais baixo - Como vamos matar Gaspar? 

- A sala onde vocês jantam é como? - Adam falou tirando o cabelo do rosto - Tem guardas? Você passa por alguma revista? Ele fica próximo de você? 

- A sala fica somente eu e ele, não há revista, não tem o que eu levar daqui do quarto que possa matar ele. - ela disse frustrada - Vai por mim, eu procurei. Mas eu e ele ficamos distantes um do outro, o que também é muito bom!

- Não tem como você se aproximar dele? - Edgard disse olhando com mais atenção a menina, mesmo com a luz da lua era possível ver o machucado no rosto dela, não quis comentar. 

Ravena começou a pensar, a ideia apareceu quase como um soco no estômago. Ela olhou para Adam que logo compreendeu o que passava na cabeça da garota. 

- Você não vai fazer isso... - o rapaz falou firme - NÃO!

- O que? - Edgard disse confuso - Olha, eu não compreendo a conversa não verbal de vocês dois. Será que poderiam falar? 

- Gaspar vai... - Adam disse com uma cara de nojo - Amanhã, tentar tomar ela para si...

Edgard olhou para Ravena, a garota olhava para baixo, enojada e envergonhada com a situação toda. Se aproximar de Gaspar era a última coisa que gostaria de fazer, principalmente amanhã após a conversa que tivera no jantar, mas se aquilo fosse a única maneira de matá-lo. O que mais poderia fazer? 

- Eu não quero, mas eu vou fazer! - ela disse firme após um tempo refletindo - Eu preciso!

- Você tem noção que isso tudo pode dar errado e... - Edgard falou a encarando - Não podemos pedir para que assuma esse risco. 

- E não estão pedido... - ela falou calma - Eu que estou decidindo! 

- Teimosa! - Adam falou - Ravena... 

- Eu não quero ouvir! - ela disse pegando a mão dele - Isso deve ser feito e eu irei fazer! 

Adam olhou para os olhos de Ravena, eles estavam mais determinados do que jamais estiveram, nada iria parar ela. Suspirou frustrado, aquilo era perigoso de mais e ele não queria assumir esse risco, mas, aparentemente não havia outro jeito. 

- Se mandamos outra pessoa no seu lugar? - ele disse como uma última tentativa 

- Quem? - ela disse dando um sorriso - Edgard? Acho que ninguém vai reparar a diferença...

- Eu ia ficar maravilhoso de vestido. - Edgard respondeu com um sorriso triste - Se você vai fazer isso, tome cuidado. 

- Eu irei... - ela falou sorrindo - Mas preciso de uma arma! 

- Estou indo para o acampamento, volto amanhã cedo com uma faca.- Edgard disse abrindo a parede 

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Parece que o dia passou mais rápido, Ravena começou achar que o Sol estava querendo que o que tivesse de acontecer acontecesse de uma vez por todas. Adam não falou mais nada, olhava com muita amargura para a faca em cima da mesa e às vezes lançava uma expressão preocupada para Ravena. 

Edgard falou que a noite todos os seus soldados estariam prontos, só iria faltar saber se o príncipe estaria morto ou não, ela teria que encontrar uma forma de passar essa mensagem para fora do castelo. Ravena concordou, falando que pensaria nisso melhor na hora, iria achar algo para colocar na janela. 

Mas ainda eles não tinham pensado no problema principal dessa situação, Adam estaria fora do castelo, lutando ao lado do irmão, ela estaria sozinha ali, e cedo ou tarde os guardas reais perceberiam que ela matou o seu governante. O que ela faria nessa hora? Não foi tranquilizante quando ela tornou a repetir que pensaria na hora. 

O céu se encontrava em várias cores diferentes, que iam de um azul escuro até um laranja majestoso. A garota olhava tudo isso da janela, os olhos violetas distorcia a cor refletida neles, faziam tudo parecer mais irreal, andando até a garota Adam pegou as mãos cicatrizadas e deu um beijo nelas. 

- Promete voltar para mim? - ele sussurrou - Promete voltar e ter aquela conversa? 

- Esse é o único motivo para eu tentar sair dessa viva... - ela disse pegando no rosto dele, fazendo os olhos verdes se encontraram com o dela - Ainda estou muito confusa com você, mas saiba que ainda te amo.

Dizendo aquilo deu um beijo nos lábios do rapaz, que a abraçou, temendo perdê-la. Quando acabaram ele beijou a testa dela demoradamente e saiu do quarto pela parede. Ela olhou para a faca e deu um grande suspiro antes de pegá-la. Com muito cuidado escondeu a arma entre as saias e esperou o momento de usá-la. 

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O jantar foi estranhamente servido no quarto e ela não conseguiu comer nada, só de pensar no que poderia acontecer a seguir o estomago se revirava e a vontade de vomitar aumentava. Quando a criada voltou para pegar a bandeja Gaspar entrou no quarto, ele sorria de maneira estranhamente carinhosa, Ravena não conseguia disfarçar o medo. 

- Decidi que será no seu quarto... - ele falou olhando ao redor - Venha aqui!

Ravena tinha que se levantar e caminhar até onde ele estava ao lado da cama, mas a perna dela não conseguia obedecer, chegou a pensar algumas vezes que se fizesse tudo o que ele estava pedido ia conseguir matá-lo antes de qualquer outra coisa acontecer e evitaria uma luta ou coisa pior. Mas o medo a dominou completamente, juntamente ao nojo. 

O príncipe Gaspar revirou os olhos impaciente, andou até ela e pegou pelo braço sem gentileza alguma a colocando de pé. Instintivamente ela tentou afastar mais dele e se soltar, mas aquilo só fez a mão dele se apertar mais ao redor do seu pulso, a puxando mais uma vez, os corpos se chocaram e ele a aprendeu com os braços. 

O plano, o plano, ela pensou várias vezes, mas não conseguia fazer nada. Só queria que aquele cara fedendo a vinho saísse de perto dela, ela empurrava tentando se livras aquele abraço doentio, mas nada adiantava. Ele apenas bufava e apertava ela mais. 

- Pare de lutar! - ele gritou uma hora - Isso só tornará tudo mais difícil! Como você pode querer ficar com aquele treco com a cara toda remendada e não ficar com um homem que nem eu? 

Ravena escutou aquelas palavras e a raiva subiu pela garganta dela. Um homem que nem ele? Era melhor corrigir para um animal que nem ele! Ela levantou o rosto cheia de raiva e encontrou os olhos gelados dele, ali só conseguiu ver os lobos daquela noite em que tinha fugido de casa. A sua vida ou a dele. Não era difícil escolher.

- Adam é uma homem mil vezes melhor que você! - ela falou saboreando cada palavra, no fim ela cuspiu no rosto de Gaspar.

Aquilo tinha sido o suficiente para que ele soltasse ela e passase a mão tirando a baba do rosto. Discretamente, Ravena tirou a faca do esconderijo e coloco-a atrás do corpo.