Capítulo XXVI - Início do Outono

1K 125 4
                                    

Ravena acordou ofegando, tinha sonhado com Adam gritando sem parar "nem tudo é o que parece", ela ainda escutava isso na sua mente. Pelo menos o quer que estava perturbando, não falava mais sobre ser mensageira, tinha conseguido atingir isso, ou pelo menos ela achou que tinha.

Piscou varias vezes, seus olhos estavam inchados e muito sensíveis a pouca luz que entrava no quarto. Havia uma chuva caindo do lado de fora.

Ravena olhou para o ponto onde tinham feito o acampamento, dava para ver do quarto por sorte. Será que eles estavam ali ainda? Provavelmente não, mas tinha uma vaga esperança. Havia um vaso em cima da cabeceira e, ironicamente, estava com rosas vermelhas, pegando colocou na janela. 

- Por favor... - ela disse baixo, a costela dela ainda doía - Por favor vejam isso! 

Nessa hora a porta foi aberta uma velha senhora em roupas de criada entrou, não olhou no rosto de Ravena, apenas a retirou da roupa e a colocou em uma banheira de água quente de mais. Ao sair do banho, a mesma senhora a colocou em um vestido pesado e decotado de mais e sem conforto. Quando ela estava pronta a senhora foi embora, ainda sem olha-la. 

A porta só foi aberta de novo na hora do almoço, a mesma senhora entrou colocando uma bandeja de prata, era uma comida estranha, sem graça. Ravena não quis comer tudo, não fazia diferença.

Foi largada só, sem poder sair, sem nada para distraí-la. Começou a andar em círculos pelo quarto durante o dia todo, só parou quando a senhora abriu o quarto e pediu para que a seguisse com um sinal. 

Foi levada para uma sala cheia de enfeites e uma mesa comprida com um grande vaso no meio, na ponta estava sentando o príncipe Gaspar, ele tomava vinho em uma taça, calmo e frio. Ravena sentiu o sangue gelar, ela não queria ficar no mesmo lugar que ele, mas aparentemente não tinha opção. 

- Está linda com essa roupa! - ele disse sorrindo - Vamos se junte a mim! 

Ravena olhou para ele desconfiada com calma se sentou, ainda o encarando com medo de fazer algo de errado. Chegou a uma conclusão, Gaspar era um animal selvagem que parecia está se divertindo com a comida. 

- Vamos... - ele disse levantando a mão se sirva. 

A comida na frente de Ravena não perecia real, nem gostosa, mas ele a encarou afirmando para pegar algo. Sem ver direito, pegou qualquer coisa e voltou a encara-lo e ele a incentivou levar o garvo na boca. Ela estava certa, a comida era ruim.

- Ravena, seu nome, certo? - ele disse a encarando 

- Sim... - o que ele queria? 

- Aparentemente o meu caro colega, príncipe Adam, teve um interesse por você... - ele falou com calma - Sabe o motivo? 

- Normalmente é por causa dos olhos. - Ravena disse dando outra garfada. 

- Não, Adam nunca se interessou por aparência. - sorriu com provocação - Me lembro de quando a família dele veio conhecer o reino, levei ele e o irmão mais novo a um bordel extremamente caro e... cheio de preciosidade, por assim disser. Príncipe Edgard adorou o passeio, mas Adam... Adam me pareceu extremamente entendiado. Então, eu volto a perguntar, o que ele viu em você? 

- Acho que terá que perguntar a ele. - ela disse por fim, um pouco assustada

- E... - ele deu um riso - Terei! Agora você, o que você viu naquele homem egoísta e cruel? Além é claro da aparência deplorável que se encontra agora. O que me me leva a outra pergunta, o que aconteceu? 

- Não sei. - ela disse tirando os olhos do dele - Para ambas as perguntas. 

- Acho que você sabe... - ele disse com uma voz de diversão - Acho que você foi enganada por ele! A garota esperta, não é tão esperta assim... 

- Acontece... - ela disse com um gosto amargo na boca, ele estava a depreciando? - Podia ser com qualquer um... 

- Não, a maioria das pessoas não se apaixona assim tão fácil! - ele disse pegando uma maçã e a mordendo - Você foi inocente. 

Não era para doer, ele era um homem cruel e... mas por que as palavras dele chegavam até ela? Talvez por que eram verdades, ela tinha sido inocente, boba em acreditar no Adam. Não! Ela não podia abaixar a cabeça para ele, engolindo seco, ela levantou a cabeça e sorriu. 

- Eu era apenas uma camponesa. Não me importo que tenha cometido um erro... 

Gaspar olhou para ela e deu um sorriso seco, junto com uma risada. Ravena tinha um espírito um pouco mais difícil de quebrar. 

- Mas, então, o que você era de Adam? - ele disse por fim - Em termos mais oficiais... 

- Apenas uma companheira. 

- Companheiras não escutam planos de guerra. 

- Era curiosa. 

- Nem vem com os homens para o campo de batalha. 

- Sou teimosa. 

- Deu para vê... - ele disse dando mais um gole no vinho - Uma pena que você tenha se entregado para o Adam. 

- Me entregado? - Ravena sussurrou, compreendendo em seguida corando 

Gaspar observou a reação da moça, riu em forma de sarcasmo, tinha percebido que a garota na sua frente ainda era uma donzela. Adam não tinha se aproveitado o amor que tinha crescido nela? Talvez ele também tinha criado sentimentos... Ravena não precisava saber disso. 

- Você irá jantar comigo todas as noite. - ele disse em um tom de ordem - Ficará no quarto durante o dia e caso se lembre de alguma coisa que tenha ouvido, me procure imediatamente. E caso ache que você sabe de algo... Fui claro? 

- Sim... 

- De agora em diante é, sim, senhor. Certo? 

- Sim, senhor. - ela disse com um amargo na boca. 

- Ah! Linda, você vai com o tempo amar tudo isso. 

🌹

Ravana não sabia o que era pior, os dias completamente sem nada para fazer ou os jantares com Gaspar. O príncipe vinha cada vez mais se mostrando um babaca sem precedentes, ele tentava todas as noites fazer com que ela sentisse raiva de Adam ou falar algo constrangedor, além do que ele achava que ela sabia sobre a guerra. As vezes ele mudava as conversas e se transformava em uma pessoa completamente diferente. 

Isso a fazia quase que pirar. Sentia necessidade em repetir toda hora em sua mente, que ela não tinha ideia se Adam era aquela pessoa horrível que Gaspar queria que ela achasse e que aquele príncipe estava tentando fazê-la sentir medo ao mesmo tempo que gostasse dele. Ele era o vilão.

- Gosta de algo? - ele disse sorrindo com ternura uma vez. 

- Violino... - ela respondeu com calma. 

- Sério? - ele falou surpreso, ele estava em um dia de gentileza - Gostaria de ter esse instrumento? 

Ravena não respondeu, olhou desconfiada para ele, não tinha ideia de como ele reagiria. 

- Ora vamos... - ele sorriu - Você tem que fazer algo durante o dia. Fiquei preocupado com isso. Vou enviar livros e o instrumento para você amanhã. 

- Agradeço - ela falou, ele a encarrou por um tempo - Senhor. 

- Um dia eu gostaria de escutar você tocando. - ele disse sorrindo. - A propósito, daqui a cinco semanas vamos atacar o reino de Adam e assim teremos nossa vingança. 

- Nossa? - Ravena sussurrou assustada.

- É claro, meu amor, Adam tem que pagar. - ele apontou para suas mão - Principalmente por te deformar. 

Amor? Ravena sentiu o medo subindo pela garganta, não quis esboçar reação, mas tinha certeza que ele tinha visto todas as emoções negativas em seu olhar quando ele sorriu de forma sádica. Era essa a palavra, sádico, isso descrevia o que ele era. 

Um mês se passou e ela perdeu todas as esperanças.

Rosas Vermelhas [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora