Capítulo XX

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Um trovão ecoou pelo quarto de Ravena, que levantou em um pulo. Seu coração batia alto e um suor frio cobria cada centímetro de seu corpo, se abraçou tremendo e tentando afastar seus pensamentos do pesadelo.

Ela tinha sonhado com Adam sem as cicatrizes mais uma vez, ele se aproximava pedindo ajuda, desesperado e chorando. Tentava correr até ele, mas só tinha conseguido chegar quando o seu rosto se transfigurava até todas as cicatrizes estivessem ali.

Sem conseguir afastar esse pensamento sentiu uma necessidade desesperadora de vê-lo. Assim, ela se viu fora da cama com um candelabro na mão e seus pés no chão gelado andando para a porta do quarto.

Nos corredores ela reparava como tudo tinha se tornado terrivelmente cavernoso e fantasmagórico, e parecia que a chuva piorava a situação. A cada raio e trovão, ela se encolhia ou sentia o coração disparar, vez ou outra olhava para trás.

Estranhamente ventava bastante, o que fazia ela ficar preocupada com as chamas das velas, não queria ficar no completo escuro. Outras vezes, sentia que o vento gelado era uma reputação na sua nuca ou então um sussurro feito por alguém ao longe. Ravena apressou o passo.

Ela tinha que ir embora, deitar na cama e ver Adam apenas amanhã de manhã, mas só de hesitar os passos que tomava agora fazia seu coração apertar. Precisava vê-lo e enfrentaria um fantasma se fosse preciso!

Quando, enfim, chegou a ala principal, um trovão caiu, fazendo o coração disparar, ali os corredores era bem piores. Dando um suspiro ela quase que corria, seus pés faziam barulhos desagradáveis e sua a mente a confundia com imagens de coisas inexistentes.

Só percebeu que estava ofegante quando parou na porta do quarto do Adam. E ali, depois de todo o terror que ela tinha passado notou o quão estúpida foi. O que ele esperaria que ela fosse fazer ali de camisola no meio da noite?

Ficou parada alguns minutos ali, travando uma batalha mental. Aquilo tinha sido completamente irracional e inconsequente, mas ainda assim ela sentia que deveria entrar por aquela porta, abraçar o rapaz e aí voltar ao seu quarto. Enquanto ainda hesitava com as mãos sobre a maçaneta escutou.

- Desculpa cara... - Adam falou baixo - Mas só confio em você.

- Eu sei. - era Tailin, o que tá acontecendo? - Já contou... isso para Ravena?

- Não...

- Qual vai ser a desculpa dessa vez? Doença? - a voz era de reprovação - Não pode esconder isso dela.

- Isso é melhor... - a voz do príncipe hesitou - Se ela soubesse...

Sua mão foi rápida, girou a peça de ouro e abriu a porta com tudo e entrando como um furacão dissendo:

- Se eu soubesse o que?

Aquela tinha sido a mais estranha cena que a garota já tinha visto, Adam estava deitado na cama, havia toalhas ao redor do seu rosto e seus braços amarrados enquanto Tailin estava parado no pé da cama com um frasco com um conteúdo verde dentro nas mãos. Os rapaz trocaram olhares assustados.

- O que? - Ravena falou muito confusa.

- Ravena... - Adam disse sem expressão - O que está fazendo?

- Tive um pesadelo... - ela começou a falar, mas piscou balançando a cabeça- Não! Isso daí é bem mais estranho! O que VOCÊ está fazendo?

- Adam, eu vou explicar ou você? - Tailin disse colocando o vidro na mesa, Ravena o encarou aquele líquido verde com um arrepio na espinha.

- Eu... - ele pareceu terrivelmente cansado - Ravena, por favor venha aqui...

Ainda encarando o líquido, Ravena caminhou até o príncipe e agachou ao seu lado.

- Ravena, está nesse castelo não foi minha única punição... - ele pareceu envergonhado - Eu na verdade fiz muita... muita coisa errada. Meu pai decidiu ser um pouco criativo.

Ela olhou para o vidrinho de novo, aquilo ali... por que incomodava ela tanto?

- Então, toda vez que meu pai sente vontade, mais ou menos três meses, ele manda aquilo... - ele apontou para o vidro - É um veneno de cobra e alguém tem de pingar no meu rosto...

- Ficando com as cicatrizes... - Ravena sussurrou - Como seu pai tem certeza que isso acontece?

- Jordan olha meu rosto pela manhã, isso quando ele não assiste Tailin pingando aquilo.

- Pingam? - Ravena olhou para ele completamente sem ar - Mas isso piora a sua dor!

- Se eu jogasse tudo o veneno podia cair nos olhos dele... - Tailin falou - Ou escorrer para a boca. Não quero que isso aconteça!

- Adam, isso é loucura! Seu pai não pode fazer algo assim.

- Ele pode... - o rapaz deu um sorriso triste - E eu mereço isso.

Ravena negou com a cabeça, ninguém, por pior que seja, merece passar por aquilo.

- Você poderia trocar com alguém? - ela disse olhando para o vidro.

- Ravena, não! - Adam disse firme - Olha para mim, não faça isso! Tailin eu o proíbo, assim como você!

- Mas poderia? - ela disse

- Sim e em um lugar sem ser no rosto... - Adam falou sem expressão nenhuma - E não, eu não permito que você faça isso!

- Ravena, o veneno da cobra causa uma dor horrível. - Tailin disse sério, preocupado com a menina - Eu sei, porque derrubei em mim uma vez, sem querer.

- Ravena... - Adam a chamou - Eu não poderia viver com isso!

Ela se perguntou como parecia agora, provavelmente estava transparecendo cada pensamento. Adam não passaria por aquilo, não essa noite. Ela olhava para o vidro fixamente, parecia fino demais para carrega algo tão perigoso. Uma ideia apareceu na sua cabeça.

- Adam... - ela falou baixo, ainda encarando o vidro - Eu não conseguiria viver com isso também. Desculpa!

Ela se levantou de uma vez e pegou o frasco na mesa, Tailin reagiu tarde demais e Adam estava amarrado, incapacidade de impedi-la. Assim que sentiu o vidro quente pelo veneno na suas mãos o apertou com toda a sua força.

O vidro quebrou e sua mão foi cortada profundamente, sentiu o líquido quente escorrer por suas mãos, encharcando-as, por um momento achou que nada ia acontecer, até que queimou. A dor foi transmitida por todo o seu corpo, suas mãos pareciam ter sido colocadas em brasas e furadas por mil agulhas ao mesmo tempo. Ela gritou, alto!

Ouviu Adam gritar e Tailin encostar a mão em seu ombro, mas seus joelhos falharem e sua visão borrou lentamente, até que tudo fosse escuridão e dor.

🌹

- Ravena... - Adam disse sentado ao lado dela.

Quando finalmente acordou, Ravena não sentia suas mãos, pareciam que elas tinham sido arrancadas de tão anestesiadas. Cada centímetro da sua pela estava em carne viva, sangrando e pulsando.

Céus! Aquilo tinha doido! Como Adam passava por isso no rosto! Olhou para ele, mas seus olhos estavam fixo no machucado dela, algumas lágrimas pareciam brotar de seus olhos.

Tailin já tinha aplicado o antídoto nela e preparava rapidamente as ervas para limpar a ferida e ajudar na cicatrização. Parecia bastante perturbado, as vezes falava sozinho.


- Ravena. - Adam falou de novo - Por que?

- Não podia... - ela disse em um sussurro, a voz dela sumiu no grito - Não podia deixa-lo sozinho.

Ele a olhou com as lágrimas escorrendo, parecia completamente quebrado e arrasado. Suspirando ele se afastou, parecia temeroso de machucá-la. Pelo comportamento, ela sentia que ele que tinha se machucado.

- O que você fez? - ele disse soluçando - O que eu fiz?

Rosas Vermelhas [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora